13. Point Of View Mare Barrow

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Nunca havia chegado em casa aquele horário antes daquela madrugada. Foi uma noite estranha, cheia de revira-voltas, risada e sentimentos - da minha parte, acho.

Walsh - Ann a partir de agora - poderia ser mesmo minha amiga de verdade. Ela era legal e adorava me contar fofocas.

Kilorn foi simpático comigo, assim como na tarde do mesmo dia. Eu não queria alimentar esperanças, mas não podia evitar. Percebi que ele estava bêbado lovo na primeira vez que caiu na pista de boliche - os outros nem haviam chegado - o ajudei a levantar e depois disso ele me agradeceu com um monte de elogios. Mas como eu disse, ele estava bêbado.

Maven também hava deixado sérios rastros de lembranças em mim. Era estranho ele esperar que eu confiasse nele de olhos fechados. Eu tinha minhas desconfianças e era normal. Afinal, eu assisti e li Carrie a Estranha do Stephen King, e um outro monte de filmes onde populares se aproximam das novatas humilhá-los publicamente. Noventa por cento de mim acreditava nas suas propostas inocentes, porém, eu tinha medo de aquele um por cento estar certo.

Meus pais haviam me ligado de noite. Porque, claramente, eles iam sentir minha falta na hora do almoço. Só espero que Gisa não tenha falado algo sobre eu ter saído com meu-colega-de-biologia-com-os-olhos-incrivelmente-azuis ou com nosso-vizinho-gato-loiro-e-bronzeado. Expliquei para eles que estava uma amiga, apenas me divertindo em um karaokê, eles perguntaram se eu iria dormir em casa e só. Aparetemente meus pais são super divertidos e liberais.

Subi as escadas e me aproximei só quarto dos meus pais. Encostei a orelha na porta e prestei a atenção em qualquer barulho. Tudo muito silencioso. Os dois provavelmente já estariam dormindo. Não os incomodei com o aviso da minha chegada.

Voltei a caminhar por o corredor e parei em frente a uma porta específica. Gisa era quem estava acordada.

Abri a porta do seu quarto lentamente e ela rangiu sutilmente. Gisa, deitada na cama com seu computador ligado, desviou sua atenção para mim. Ela engoliu em seco.

Eu só entrava em seu quarto quando precisava recuperar algo que ela pegava sem permissão, era sempre ela que invadia meu ambientes aos tropeços, chamando minha atenção para algo desnecessário.

Percebi que eu era injusta com minha irmã. Quando tinha a sua idade, eu adorava provocar Shade com comentário sórdidos sobre sua vida. Acho que só pude evoluir quando o último dos meus irmãos saiu de casa, foi quando finalmente pude abandonar minha função de irmã mais nova e irritante. Justamente porque meus irmãos me tratavam como uma.

Talvez quem não estivesse deixando Gisa crescer mentalmente era eu.

- Eu já vou dormir, não preciso de bronca - Gisa desligou o computador e a única luz responsável por iluminar o ambiente se tornouo abajur fraco de pilhas.

Não lhe respondi. Me guiei até sua cama e estiquei o edredom para me deitar junta a ela.

Gisa, sem sombra de dúvidas, estranhou.

- Você não bebeu, não é?

Sorri para ela, sem mostrar os dentes e neguei.

- Me desculpe - falei.

Inicialmente pensei que Gisa iria perguntar o porquê. Eu tinha certeza não estava explícito. Mas ela apenas assentiu e se ajeitou na cama, para dormirmos juntas.

O abajur foi desligado e quando eu estava prestes a pegar no sono, Gisa falou:

- É difícil crescer quando se tem uma irmã mais velha para atormentar.

Eu ri junto a ela. E como não fazíamos havia muito tempo, passamos restante da madrugada juntas.

Pela manhã, enquanto tomávamos nosso café da manhã, a cozinha era preenchida com o cheiro do banco recém chamuscado e de risadas e dengos da minha mãe.

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