27. Point Of View Mare Barrow

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O horário marcado na tela do celular indicava que logo eu deveria estar no  colégio, com tudo pronto para mais um dia entendiante e exaustante. Mas, sentada em frente a porta da minha casa, eu me recusava a seguir meu caminho antes de ver Kilorn cruzando seu jardim para a rua.

Meus pés não paravam quietos em contato ao chão, minha mãos davam sinal de suor e eu não conseguia parar de encarar, ler e reler o papel em minhas mãos.

Um pouco amassado, com a tinta da caneta preta um tanto embaçada, aquele bilhete me trazia dúvidas e incertezas. Porque toda vez que eu tinha certeza de algo, sempre vinha alguma coisa pra tirar minha cabeça do rumo.

Kilorn tentou me beijar, e por mais inacreditável que seja, aquilo não foi lavo tão relevante assim. Foi bom para a minha auto estima, não posso negar. Acho que eu poderia dizer que não era a rejeitada da "relação".

Mas o próprio Kilorn me chamava para um encontro, me dava um bolo e algumas noites depois ele tentava me beijar... Tinha coisa aí. Mas não me incomodei em pensar muito o que era. Kilorn talvez só fosse um garoto indeciso.

Na noite do dia seguinte, o assunto já parecia ter se dissipado da minha cabeça. Mas quando eu tentava concluir exercícios do colégio, procurando uma borracha loucamente no fundo da minha mochila, o envelope de tamanho médio voltou para me assombrar.

Eu já havia esquecido como o nome de Kilorn enfeitava tão bem aquele papel.

Provavelmente, Kilorn imaginava que eu já havia aberto a carta. Isso pode ter a ver com o fato de ele ter tentado me beijar, o que só aumentava minha curiosidade.

Tive meu tempo o encarando fixadamente, como se assim ele fosse sumir. Então percebi que nem sabia se queria mesmo que ele sumisse. Isso dependeria do conteúdo alí escrito, que eu não fazia ideia do que era. De repente, eu o rasguei.

O papel jogado no chão, com as letras para cima haviam me ajudado. Me ajoelhei e li alí mesmo, sem tocá-lo.

"Eu não deveria ter te chamado para sair. Me desculpe te dizer isso. Sei que não é o melhor jeito de começar uma carta."

Meu coração batia fortemente após ler o primeiro parágrafo. Ansiava por ler todo o resto mas não conseguia evitar em ler as mesmas palavras por diversas vezes.

"Isto aqui é, principalmente, para te pedir desculpas, só então poderei me explicar. Você deve pensar que sou um covarde por não fazer isso pessoalmente. E eu sou. Sou um completo idiota."

"Enfim, me desculpe por ter te dado um bolo, me desculpe por ter sumido e me desculpe não ter falado com você depois daquele dia."

"Eu não irei inventar desculpas, mas também não poderia te contar todos os detalhes. Repito dizendo que não deveria ter te chamado para sair. Simples, eu não estava pronto."

Pronto para que? Para esquecer seu crush eterno em Evangeline Samos?

"E eu deveria ter esperado, mas mesmo assim insisti nisso. Porque, eu não penso em outra coisa que não seja como eu quero te conhecer melhor. Tento procurar brechas para conversar com você ou estar com você desde o dia em que eu te conheci. Você não é nada fácil, Mare Barrow."

Ele estava enganado. Se soubesse quantos modos de chamar sua atenção se passou pela minha cabeça...

"A ansiedade me tomou e não resisti em te chamar pra sair quando aquele momento íntimo se fez presente. Poucas horas antes do horário marcado percebi que, por mais que eu quisesse estar com você, tinha coisas maiores me perturbando, que, infelizmente, eu teria que dar atenção maior. Te garanto que você não fugiu dos meus pensamentos uma vez naquela noite."

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