capítulo 5 - jornada começa

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Hanabi narrando

Já estamos saltando de galho em galho a um bom tempo, não nos falamos muito desde que deixamos a aldeia. Estou totalmente concentrada em fazer com que esse divórcio saía o mais rápido possível.

Olho para o Konohamaru que estava apenas alguns centímetros a minha frente, ele também parecia focado em algo. Olhando assim parece até alguém sério e super importante, rio com esse pensamento, até um palhaço seria mais sério.

Ele vira para trás me olhando assim que escuta minha risada, então desvio a atenção, disfarçando quase que automaticamente. Acabo corando ao sentir seu olhar pesando sobre mim e vejo pelo canto do olho que ele levanta o lábio em um quase sorriso, mas logo some da minha visão com um estrondo.

Paro em um galho e quando vejo ele havia dado de cara com uma árvore, eu conheço pessoas burras e distraídas, mas ele? ele supera qualquer limite de estupidez. Acabo risada, afinal não é todo dia que se vê uma cena dessas, mas mesmo assim não deixo de me preocupar.

- você ta bem? - olho para o chão e ele está lá, deitado

Quase pude sentir a dor em mim, o choque do rosto dele com a árvore fez um som avassalador. Provavelmente o lado esquerdo do seu rosto deve estar vermelho.

- não foi nada - ele senta esfregando a cabeça e levanta o polegar pra mim, dando um sorriso - só pulei na hora errada...

- isso que dá não se concentrar no caminho - sorrio um tanto aliviada e volto a saltar.

- você que me desconcentrou - ele logo vem atrás de mim depois de se recompor

- então agora a culpa é minha por você ser um cabeça oca? - me mantenho a frente dele

Ouço ele resmungar para sí mesmo como uma criança birrenta o que me faz rir baixinho.

Ficamos mais algumas horas assim sem parar para descansar um minuto sequer. Nosso ritmo havia ficado cada vez mais lento devido a canseira, então paro e me encosto em um dos troncos.

- vamos fazer uma parada? - falo com a respiração um pouco ofegante

- já está cansada? - ele ri, mas sei que ele está tão exausto quanto eu. É notável.

- e você não? - salto para o chão , caindo como uma pluma delicada.

Ele sobe mais um galho e olha em volta, espero que esteja procurando um lugar para comer, faz horas que não bebo nem mesmo um gole de água.

Continuo olhando para ele esperando que diga algo. Então depois de um tempo ele desce até mim e começa a andar devagar ao meu lado.

- tem fontes termais mais para frente - ele diz enquanto tenta localizar o caminho.

- ótimo, preciso relaxar - falo com ansiedade como se já estivesse lá.

Não digo mais nada, apenas começo a caminhar saltitante como uma camponesa em um bosque a fim de chegar mais rápido.

Com certeza meu acompanhante deve estar rindo de mim mentalmente, já que mesmo eu estando de costas o sinto me fitando intensamente.

Ando mais e mais até minhas pernas implorarem por uma trégua e caio no chão, não por ter tropeçado, mas por já estar fraca. Isso está parecendo uma missão, eu só quero me divorciar por que precisa ser tão difícil?

Konohamaru estava andando devagar a alguns metros de mim e assim que se aproxima olha para baixo onde estava eu bebendo água como se estivesse em um deserto.

- bem que poderíamos dormir aqui - ele olha para cima - já está quase anoitecendo.

Apenas concordo com a cabeça, não gosto de parecer fraca, mas realmente eu não aguento dar mais nenhum passo. Não paramos nem um minuto desde que saímos da vila.

Konohamaru assente e senta no chão começando a preparar uma fogueira. Pego os sacos de dormir e os deixo de canto indo até ele. Sento ao seu lado e  fico observando o fogo queimar a madeira.

- ta com fome? - ele começa a vasculhar a mochila que trazia

- muita - permaneço concentrada no calor acolhedor que aquela fogueira emana.

Ele tira da mochila várias comidas, parece até um mini banquete. Começamos a comer como se fossemos mortos de fome.

Konohamaru estava encostado em um tronco, ele não comia, na verdade estava fazendo algo com o onigiri em sua mão. Estranho aquilo, mas continuo comendo o meu.

Um tempo depois ele assobia chamando minha atenção, viro o rosto e ele mostra seu onigiri. Espera aí, parecia... eu?

- lindo não acha? - ele começa a gargalhar, realmente, ele fez minha cara com comida.

- falar o que pra você - balanço a cabeça dando uma risada nasal, não sei por que mas ele deixa qualquer situação ficar engraçada sem precisar de esforço.

Brincamos com a comida e rimos a beça, até que não está sendo tão ruim como eu imaginava que seria. Se bem que estamos apenas no primeiro dia, espero que os outros sejam tão bons quanto.

Agora que nos acalmamos já estamos cada um em um saco de dormir, olho para o lado e imagino que ele já deva estar no décimo sono enquanto eu estou aqui sentada refletindo sobre a vida.

Fico o observando dormir, ele ta babando... dou uma risadinha baixa para não acorda-lo e permaneço assim.

Quem diria que eu iria me casar bêbada, ainda mais com ele. Nem nos meu pensamentos mais irreais isso aconteceria. Quero ver a reação da Hinata quando ela ficar sabendo, sei que é impossível esconder da família não só um casamento, mas também um divórcio. Uma hora ou outra vão ficar sabendo, e quando acontecer eu coloco toda culpa nele e dá tudo certo.

Só me resta rir dos problemas, pelo menos foi isso que Konohamaru me disse uma vez.

- fotos duram mais sabia? - nem percebo que ele havia acordado e para piorar eu ainda estava o olhando parecendo besta.

Logo desvio o olhar finjindo estar observando outra coisa e coro um pouco envergonhada por ter sido pega no flagra assim.

Ele sorri e continua me encarando. Deito por fim, me ajeitando para dormir mesmo sabendo que não vou conseguir.

- boa noite Konohamaru - falo com a intenção de que ele pare de me olhar e volte a dormir.

Ele não diz nada de imediato, invés disso vira de barriga para cima e assim como eu fica observando as estrelas.

- não vai dormir? - ele pergunta

- não estou com sono...

- achei que você estivesse cansada - sinto ele sorrir

- você que me cansa - provoco dando ênfase no que se refere a ele, sorrindo também.

Ficamos um tempo assim, só admirando o céu iluminando. É estranho como mesmo em silêncio, sem dizer palavra alguma conseguimos conversar.

Já ouvi falar que tem a ver com conexão entre as pessoas, é estranho pensar que tenho isso com ele, mas em partes é bom.

De repente casados - konohanabiOnde histórias criam vida. Descubra agora