Alpha.

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"You’ve been locked in here forever and you just can’t say goodbye."

A neblina não dispersava. O inverno havia chegado a mais ou menos quatro semanas, mas não havia dado uma trégua sequer. Fazia um frio extremo por todo o país, e especialmente nos vilarejos que eram cercados por rios, e até mesmo pelo mar. E mesmo sabendo que havia feito tudo o que podia, o príncipe ainda não estava seguro de que seu povo estava bem. Que estavam agasalhados e protegidos do frio. 

Não podia evitar e a todo momento questionava a Ed se aqueles agasalhos, de fato, eram o suficiente para aquecê-los, se eles não estavam precisando de mais alguma coisa, enquanto o ruivo pacientemente respondia que eles tinham alimentos suficientes, agasalhos suficientes, e que não havia necessidade do príncipe preocupar-se.

Claro que isso não trazia o menor conforto para o coração do príncipe e ele continuava inquieto, mas de qualquer forma, não havia muito o que ele pudesse fazer.

Enquanto olhava a neve caindo fina, pela janela de seu quarto, deixou que seu pensamento voasse novamente até o vilarejo no sul. Não havia nenhum jeito de Harry fazer sua mente parar de se transportar para aquele lugar, como se a alma de Harry estivesse lá, e apenas o seu corpo estivesse presente. Era assustador demais para o alpha tentar compreender.

Se houvesse um único motivo que não fosse o sentimento de culpa que Harry nutria, isso provavelmente teria a explicação básica. Mas não havia. 

Seu coração doía todos os dias desde que soube do falecimento da pequena Tomlinson. E parecia que nada que Harry fazia era suficiente para que aquele sentimento fosse embora.

Ele escutou a ômega lhe dizer que não era sua culpa ou do rei, era alguma 'obra de Deus', mas o príncipe não estava muito convicto sobre isso. Nada lhe tirava da cabeça que se ele tivesse se movido antes, aquecido seus ômegas, a pequena ainda poderia estar viva.

Girando os anéis em sua mão esquerda, Harry prometeu para si mesmo, mais uma vez, tomar conta do seu povo como se todos tivessem o seu sangue. Ele não iria falhar novamente como ser humano, como príncipe e muito menos como um alpha.

xx

- O jantar com os Carter's é hoje? - Harry perguntou à Liam, estendendo o copo vazio para que o soldado o enchesse com mais um pouco de wisky.

O alpha pegou o copo estendido pelo príncipe e encheu-o com um pouco mais de dois dedos de álcool. Ele não pôde evitar o olhar questionador em direção a Harry. Ainda era dez horas da manhã e o príncipe já havia bebido quase meia garrafa de whisky.

- Sim, príncipe. - Liam respondeu. - O rei disse que ele deve chegar por volta das onze horas. Disse que o lorde quer conhecer as terras em volta do palácio. Parece que ele quer se mudar quando o inverno acabar.

Harry assentiu, tomando um grande gole do seu whisky e lambendo os lábios. Ele traçou padrões invisíveis com a ponta do dedo no copo de vidro.

- Se ele recomeçar com a história de que devo clamar o filho dele como meu ômega, não sei se vou conseguir me controlar. - Harry respirou fundo, erguendo os olhos para Liam. - Eu não lhe disse? - ele inquiriu e o outro alpha balançou a cabeça negativamente. - Tem um pouco mais de dois meses que o filho mais velho dele se descobriu como ômega. Desde então, em todos os contatos que ele tem com o meu pai, ele fala sobre um possível casamento. 

- E o rei? O que acha disso?

- Meu pai sabe que casamentos arranjados nunca dão certo entre alphas e ômegas. - Harry disse. - Se não tivermos a ligação, seremos os dois infelizes pelo resto da vida.

AFFECTION | l.s aboOnde histórias criam vida. Descubra agora