Kiss.

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"You're the only thing that I think I got right."

Quando Louis era um filhote, ele era ingênuo. Ele deixava que os outros filhotes pegassem seus brinquedos emprestados, e que ficassem no seu lugar quentinho perto da fogueira e também cedia o colo da sua mãe sempre que outro filhote estava doente.

Ele nunca via a maldade nas pessoas, acreditava na sua essência, que elas eram boas e às vezes, faziam coisas ruins.

Se não tivesse comida para todos, ele não se importava de ficar com fome para que suas irmãs pudessem comer um pouco mais. E não era porque ele era macho, muito pelo contrário, como ômega seu corpo era mais fragilizado, e por consequência do frio e da fome, ele caia doente com muito mais facilidade do que suas irmãs.

Mas porque ele era bom.

E mesmo com as pessoas sendo malvadas para ele, ainda assim ele era bom.

Até que um filhote pequeno e magro, um dia, pegou um pedaço de maçã da sua mão e saiu correndo por todo o vilarejo, gritando para que Louis corresse atrás e tentasse pegá-la de volta.

O ômega não sabia exatamente o porque, mas pensou que o outro menino apenas tinha iniciado alguma brincadeira, então se pôs a correr atrás dele.

Eles passaram pelos troncos de árvores, sujaram seus pés descalços na lama fria e pegajosa e também pela grama sem aparar. Eles foram expulsos da colheita porque estavam pisando nas mudas de amido aos gritos e sendo praguejados pelos alphas que lá colhiam, mas ainda assim continuaram a correr até que ficassem sem fôlego.

O menino foi o primeiro a parar, ele ergueu a mão que segurava a maçã bem no alto.

- Vem pegar. - ele balançou a fruta no ar, recuperando o fôlego devagar.

Louis sorriu com seus dentinhos pequenos.

- Estou cansado, meus pezinhos doem, olha. - ele apontou para os pés sujos. - Não alcanço sua mão. - ele encolheu os ombros. - Você é alto.

O menino desistiu. Ele abaixou as mãos levemente e entregou a fruta para o ômega.

- Você precisa lutar pelas coisas que você quer. - ele disse e Louis semicerrou os olhos para tentar entender. - Não pode deixar as outras crianças pegaram as coisas de você, isso não é certo.

O ômega se aproximou do menino e o abraçou apertado. Por ser alguns centímetros mais baixos, ele achou melhor passar os braços pela sua cintura e descansar a cabeça levemente em seu peito, deixando alguns beijinhos na blusa molhada do menino.

- Obrigado por devolver minha maçã. - ele pediu educado, se afastando do menino para tentar quebrar a maçã para dividi-la com ele. - Meu nome é Louis.

Quando o ômega finalmente conseguiu partir a maçã, ele ofereceu a parte maior ao menino, e também sua mão em um acordo mudo.

- O meu é Zayn.

Eles voltaram para o vilarejo sorrindo um para o outro enquanto contavam coisas sobre suas vidas. Por ser um pouco tímido e por ser um ômega macho, Louis não conseguia fazer muitas amizades. Mas Zayn também era um ômega macho, portanto Louis não precisava sentir medo dele.

Ele era engraçado e parecia que não tinha medo de nada, andando sempre com o peito estufado, orgulhoso de ser quem ele era.

Louis deu outro beijo em seu rosto quando Zayn se abaixou para limpar seus pezinhos sujos de lama no riacho. E desde então eles nunca mais se separaram.

Pelo menos até agora.

Porque a pessoa que encarava Louis por entre aquelas grades, não lembrava em absolutamente nada o menino destemido e corajoso que o ômega conhecera quando era um filhote.

AFFECTION | l.s aboOnde histórias criam vida. Descubra agora