capítulo 11

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Mia

Depois de ficar mais um tempo ao lado de Jey decido ir para o quarto em que acordei, por sorte lembrei do caminho que fiz. Abri a porta marrom claro e encarei o pequeno e aconchegante cômodo. Sinto um arrepio me percorrer quando lembranças dos últimos dias invadiram minha mente sem aviso prévio.

A coisa mais emocionante que já tinha acontecido comigo antes de decidir "ir atrás dos meus sonhos" foi aprender a lutar, James me ensinou autodefesa, não foi muita coisa mas já era o bastante. Lembro que fiquei a semana toda dolorida pelo esforço que tive que fazer. E agora, bom, agora eu fugi do palácio, encontrei o cara dos meus sonhos, lutei contra um nagra ( coisa que eu nem sabia que existia), tive mais sonhos estranhos, acordei em uma cidade misteriosa, descobri que faço parte de uma Profecia e o pior de tudo: estou quase perdendo meu irmão.

Eu sempre acreditei em destino, sempre achei que as coisas acontecem por uma razão mas, também sempre acreditei que somos os escritores de nossa própria história. Se eu não ir lá e tentar não tem nenhum destino que faça acontecer. Daiana tinha razão quando falou que o destino é moldado por nossas atitudes, isto é algo irrefutável.

Deitei na cama e me aconcheguei nos macios lençóis que a cobriam. Desde que saí do castelo eu não tive um tempo para mim ainda. Não parei para pensar, apenas agi. Com certeza estou colhendo os frutos dessa impulsividade agora.

Matteo disse que faço parte de uma profecia, o mais estranho é que sonhei com Daiana e Arthur e eles conversam sobre a mesma coisa. Uma profecia. Daiana fez algo que Arthur que não queria. Uma grande coincidência de fato eu sonhar com isso e Matteo me falar sobre, ou talvez não, talvez Daiana tenha me mostrado aquilo.

- Eu pareço uma lunática agora. - falo para mim mesma.

Daiana morreu, isso é um fato. Mas como eu consigo sonhar com alguém que nunca vi? Como Daiana me disse coisas que de fato ocorreram se ela morreu? Por qual motivo converso com ela em meus sonhos? Eu sinto como se todos soubessem de algo e me escondessem, odeio isso.

Acabo tapando meu rosto com o travesseiro tentando abafar minha irritação.

Se fosse apenas Daiana estava tudo bem. Agora tem Matteo também, ele sabe de algo e não se dá ao trabalho de me dizer. Não que ele devesse, nos conhecemos a somente o que? Dois dias? E não conversamos sobre quase nada nesse meio tempo, não temos confiança um no outro, mas é minha vida, se ele sabe algo sobre mim acho mais que justo que me conte.

- Babaca. - Falo como se de fato ele pudesse ouvir.

Acabo decidindo ir tomar um banho, visto uma roupa que encontrei na cômoda a qual eu não tinha notado antes. Devo dizer que é um alívio poder finalmente trocar minhas vestes. A roupa era simples e confortável, consistia em uma calça, uma blusa fina e outra mais grossa por cima, tudo era da cor preta o que me fez ficar satisfeita, eu como princesa não posso usar roupas tão escuras assim. Peguei minhas duas adagas que achei no quarto e coloquei na calça. Melhor previnir do que remediar. Olho meu reflexo e acabo sorrindo satisfeita com aquilo, meus cabelos estavam soltos, coisa que eu também não podia fazer. A cor preta dava um realce ótimo no meu olho e no cabelo.

Escuto passos duros se aproximando da porta, me viro para a mesma no mesmo instante que ela se abre bruscamente. Encaro a figura e reviro os olhos ao notar quem é.

- Não sabe bater? - cruzo meus braços. Vejo o olhar de Matteo recair sobre meu rosto e depois corpo e logo um sorriso ladino aparece. - Eu poderia estar nua, idiota.

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