Conheci muitas pessoas ao longo da vida, algumas me marcaram de formas distintas e outras apenas passaram por ela. O ponto é que mesmo que uma ou outra tenham saído de forma negativa, elas não entraram assim. Elas te ganharam pouco a pouco, foram abrindo espaço, ocupando um lugar e quando saíram levaram um pedaço de você. Essa é minha teoria: todos temos vazios que outras pessoas criaram em nós.
Quando eu conheci o Christopher não foi algo inusitado e românico como quando você vê alguém em um lugar cheio e seus olhos se encontram, na verdade nos conhecemos por uma rede social bem famosa. Eu tinha 15 anos, deixei o cabelo crescer fazendo aparecer um tom de ruivo bem peculiar mas muito bonito que favoreceu minha pele pálida. Continuava magra entretanto eu estava me sentindo linda, sempre tive o rosto de princesa só precisava de uma ajuda da puberdade pra evoluir. Meus mais sinceros agradecimentos.
Com essa idade eu ja tinha feito muitas descobertas, experimentado outros beijos, conhecido outras pessoas, vivido algumas experiências, mas nunca havia namorado. Nem sabia se eu realmente queria isso ou se fui influenciada por minhas amigas que tinham namorados.
Uma manhã normal da minha rotina um garoto que eu tinha recém adicionado na minha rede social veio falar comigo. Ele tinha olhos castanhos bem escuros, uma pinta na sombrancelha, usava aparelho nos dentes que o fazia ter vergonha de sorrir. Era sagaz, encrenqueiro e tinha marra de um bad boy. Quem nunca se apaixou por um?
Christopher era sutil com as palavras como quem quisesse me convencer de que era mais profundo do que realmente aparentava, tentava me mostrar que era forte pra me defender, aberto para que eu fizesse parte de sua vida, carinhoso pra que me sentisse especial e as vezes distante pra que não perdesse o charme do mistério que ele provocava. Depois de muitas conversas pelo mundo virtual ele queria me ver pessoalmente, só que eu tinha medo. E se ele não gostasse de mim? E se minha foto não parecesse comigo? E se ele não fosse o mesmo da foto? Eram muitas dúvidas que me faziam sempre dar pra trás toda vez que marcávamos algo. Até que ele desistiu.Eu não falava com ele há semanas quando fui com minhas amigas à uma uma exposição de arte e cultura do colégio Blaster. O local estava lotado de adolescentes, chegando cada vez mais. Fui apresentada pra um garoto cujo o nome eu não lembro tampouco lembro do que ele estava falando quando desviei o olhar por um segundo, avistei um skatista suado com os joelhos ralados e uma cara maliciosa no andar de cima. Era ele. Chris era exatamente como eu imaginava, eu pensava "será que ele me viu e não me reconheceu? Será que ele me viu mas fingiu que não?". Quando estava pra ir embora alguém tapou os meus olhos como naquela brincadeira "advinha quem é?", meu coração disparou, então ele desceu suas mãos devagar e entrelaçou os braços em minha cintura colando seu corpo no meu.
"Ia embora sem falar comigo?" sussurrou no meu ouvido, imediatamente virei para vê-lo e o abracei.
"Como você é linda, tinha medo de você nem ser real mas quando te vi..."
"Sei o que você ta fazendo, você quer que eu me sinta especial pra que eu fique caidinha por você como você faz com outras garotas mais ingênuas que eu." Tudo bem que eu realmente era ingênua e meio sonhadora querendo viver um romance igual o de tantos livros que eu lia, mas não acreditava em nenhuma palavra do que ele me dizia. Eu sentia a malícia no tom de suas palavras mesmo ele tentando me convencer que não.
Depois daquele dia fomos ficando cada vez mais próximos, saíamos pra comer, íamos ao cinema. Ele me fazia rir na mesma intensidade que me provocava arrepios, o que era pra ser apenas uma paixão quente de soltar fumaça e viva como o pulsar de um coração ganhou força necessária para virar algo mais serio e dar passos que não estava pronta para dar.
Uma tarde estávamos na minha casa sozinhos, não me lembro do nosso primeiro beijo mas lembro-me perfeitamente dos beijos e amassos que trocamos naquele dia. Ele beijava meus lábios descendo para meu pescoço, eu sentia a euforia tomar conta de mim entre seu toque e o calor que me transmitia. Eu queria mais, queria saber o que ele mais tinha pra me oferecer só que eu era virgem.
Essa não era a primeira vez que ele tentava fazer algo acontecer mas eu tinha medo então toda vez que eu via que rumo estava tomando, eu parava. Isso aconteceu várias vezes até que ele cansou e decidiu respeitar o meu tempo. Naquela tarde eu pensei em quanto tempo já estávamos juntos, que uma hora eu tinha que fazer e que talvez eu o amava. Foi quando eu disse "Hoje eu quero, tô pronta." mas não estava. Tentei ficar o mais relaxada possível me deixando levar pelo calor da emoção de tudo que tava acontecendo, eu suava de nervoso e me contorcia tanto de dor que era impossível alguém me convencer de sexo era a melhor coisa do mundo. Na verdade eu espancaria alguém que falasse isso perto de mim.
Quando tudo terminou ele me disse "eu te amo" mas não acreditei então não respondi nada. Meus pais iam logo chegar do trabalho, me despedi dele e fui arrumar a bagunça que havia feito que consistia em um lençol sujo de sangue e um pacote de camisinha. Tudo estava normal em casa, só que eu havia mudado.Depois do que tinha acontecido ficamos mais intímos ao ponto de virarmos oficialmente um casal, apresentei ele aos meus pais que desaprovaram na mesma hora alegando má influencia, irresponsabilidade, entre outros adjetivos parecidos. A mãe dele também não gostava de mim porque era o seu caçula mas seu pai sempre me tratou muito bem. Fora esses pequenos empecilhos tínhamos um relacionamento igual ao de todo casal da nossa idade, exceto por um detalhe: brigávamos muito!
As brigas eram por ciúmes, desconfiança, discordância, pensamentos diferentes... Enfim, não concordávamos em nada. Várias garotas me falavam que tinham visto ele em tal lugar com tal pessoa, quando eu perguntava ele sempre negava e mais uma briga começava. Sei que eu devia acreditar nele mas ele tinha um histórico tão ruim, fama de pegador, cheio de amigas, super popular, por que ele mudaria por mim?
Por conta de todas essas brigas terminamos e voltamos varias vezes. A primeira vez eu estava me sentindo sufocada com toda essa coisa de relacionamento, antes de me condenar lembre: eu só tinha 15 anos. Depois esse negocio de terminar ficou mais frequente, semanas separados e depois voltávamos, até que decidimos que não dava pra continuar assim nesse vai e volta. Tentamos fazer da certo mas as brigas continuavam, as vezes ele se tornava agressivo e um tanto psicótico. Fui criando feridas dentro de mim. Traumas que eu me pergunto "como eu desenvolvi isso?" ai eu lembro de você, Christopher.Dois anos se passaram entre idas e vindas até o dia que tudo acabou. Não me lembro o porquê brigamos nem como aconteceu, apenas lembro de como me sentia: esgotada. Emocionalmente, psicologicamente e fisicamente. Eu disse "eu não quero mais" e ele "não fala isso! Amanhã te busco porque tenho uma surpresa." nem tentei dizer que não queria, só calei-me. No dia seguinte ele me levou pra almoçar, tentou me animar de todas as formas, me deu um presente, me levou ao parque e me comprou uma rosa. Escreveu nossas iniciais numa árvore e fomos ver o pôr do sol, foi um dia surpreendentemente bom.
Sentamos no banquinho da praça um de frente para o outro para que pudéssemos conversar.
"Chris o dia foi maravilhoso, muito obrigada por tudo mas precisamos conversar."
"Do que você quer falar? Estamos tão bem, não estraga tudo."
"Eu não estou, não consigo mais aguent..."
"PARA COM ISSO! TA TUDO TÃO BOM!"
"Não grita comigo, amo você mas não da mais."
"Você sempre faz isso, sempre estraga tudo achando que ta certa."
"Eu to indo embora" falo me levantando, "Não, você não vai! Vamos conversar!" diz ele me puxando de volta para o banco. Isso durou cerca de 2 horas entre eu não poder sair de lá, seu choro desesperado jogado no chão e ameaças de que eu vou me arrepender. Então eu fugi. Puxei o braço de supetão, corri o mais rápido do que pude para bem longe, ele veio atrás extramente enfurecido e me derrubou no chão. Me levantou pelo pulso apertando cada vez mais bufando como um touro, seus olhos eram como de um louco.
"Não fuja de mim!"
Eu não o reconhecia. Eu senti tanto medo que não conseguia parar de chorar, em minha cabeça eu repetia constantemente "por favor, não faça nada comigo". Ele fez questão de me deixar na porta da minha casa, eu fui todo o trajeto calada. Quando desci do carro ele me disse:
"Ninguém nunca vai se apaixonar por você."
E eu nunca esqueci.
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Eternizando Estrelas
RomansaNão se iluda com o título. Se está procurando desilusões amorosas e corações partidos está no lugar certo. Vou te contar como minha vida foi cheia de traições e ainda assim sobrevivi, que ninguém morre de amor (por mais doloroso que seja) e que semp...