CAP 12

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Josh já tinha saído de novo quando acordei na manhã seguinte, em Nova York. Como três shows estavam marcados, ficaríamos na cidade por quase uma semana. Essa coisa de participar de uma turnê levava a infinitas possibilidades de ficar dormindo até tarde. Eu me tornaria meio bicho preguiça quando fosse a hora de voltar para casa. Tivemos um jantar com a banda toda na noite anterior, a despeito das reclamações de Noah sobre estarmos o tempo todo juntos, morando uns em cima dos outros, praticamente. Acredito que seu eterno mau humor esconda um tremendo lado suave por dentro. E, sim, essa é a minha opinião profissional.

Flagrei-o coçando o queixo ao mesmo tempo em que fitava Shivani pensativamente mais de uma vez.

Eu não me surpreenderia caso tivéssemos mais um barbado a bordo num futuro próximo.

Pensando em meu lado preguiçoso, encontrei Diarra na academia, onde nos apossamos de duas bicicletas por meia hora. A última obstetra com quem me consultei disse que eu estava liberada para exercícios leves.

Apesar de um fetiche ocasional por alguma comida esquisita, e do piquenique de doces com Shivani no dia anterior, eu não vinha me excedendo muito. Muita salada e legumes, e uma visita ocasional para o lado sombrio das sobremesas. Recusa total não me caía bem.

No fim das contas, um Feijão saudável e uma Any feliz eram mais importantes do que o tamanho da minha bunda.

Os rapazes tinham saído para uma segunda verificação de som, seguida de várias aparições na TV antes de irem para o palco. Compras de vestuário de gestante poderiam esperar um pouco, sem problemas.

Uma jornalista de uma revista importante especializada em música começara a acompanhar a banda, aumentando a confusão.

Pelo visto, um artigo abrangente sobre Stage Dive on tour: a verdadeira história por trás dos bastidores estava sendo escrito.

Josh não pareceu impressionado com a coisa toda.

Mas, pensando bem, poucas coisas o abalavam. Ele tendia a aceitar as coisas conforme elas aconteciam.

O que era ótimo.

Sabe, às vezes eu podia me estressar um pouco. Ponderar demais um assunto. Além do mais, por conta da nossa genética, devia ser um milagre que eu e Diarra não tenhamos nos tornado senhoras meio loucas rodeadas de gatos aos dezoito anos de idade ou algo assim. Não que eu esteja inventando desculpas nem sugerindo que pôr a culpa no comportamento de alguém seja a solução. Mas, para mim, a aura de tranquilidade de Josh e a sua franqueza eram coisas boas.

Pessoas com baixa autoestima temem o amor.

(Isso mesmo. O bacharelado em Psicologia dá suas caras novamente.)

Elas duvidam da capacidade de outra pessoa as apreciarem porque elas próprias não enxergam o seu valor.

Eu sabia que merecia boas coisas. Ou, pelo menos, não me contentaria com menos do que uma coisa boa.

Nas minhas calças de ioga enroladas para baixo da cintura, com a regata um pouco pequena para conter os peitos e a barriga e o rabo de cavalo, voltei lentamente para a suíte. Cinza chumbo com ardósia desta vez. Vista espetacular de Manhattan.

Muito legal.

O que me aguardava dentro dela, nem tanto.

– Só pode ser brincadeira – a desconhecida rosnou, encarando minha barriga com olhos arregalados.

Levei uma mão à barriga, parando no ato.

A mulher era alta, loira e inacreditavelmente magra. Devia ter uns trinta anos. Difícil saber, pelo modo como o desprezo retorcia seu rosto de modelo e seus lábios vermelhos cereja.

Let Me Know (Beauany)Onde histórias criam vida. Descubra agora