CAP 15

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– Tem certeza? – minha irmã perguntou, não pela primeira vez.

Nem mesmo era a centésima, para falar a verdade.

– Tenho.

– Não gosto que tenha certeza.

– Entendo. – Sentei-me na cama do quarto extra da suíte dela, observando enquanto ela meticulosamente arrumava minha mala. A minha roupa íntima foi essencialmente arrumada. – E te amo por isso.

Ela suspirou, dobrando pela terceira vez uma blusa de gestante.

– Também te amo. Só lamento muito que tenha terminado assim. Ele parecia tão na sua. Acreditei mesmo que tivesse se resolvido.

– Imagino que algumas pessoas sejam apenas almas ambulantes. Elas ficam mesmo melhores sozinhas. Precisam de liberdade mais do que de amor e de companheirismo. Melhor descobrir isso agora do que insistir num relacionamento que já estava fadado porque ele é incapaz de confiar e de se comprometer. – Lancei-lhe o mesmo sorriso corajoso, do tipo “o que se pode fazer?” que eu vinha demonstrando nas últimas vinte e quatro horas. Minhas bochechas doíam. Muito mais disso e eu teria que pôr gelo no rosto.

– Você é tão cheia de asneiras – ela suspirou.

Sorri um pouco mais.

– Pare de tentar parecer que está bem com tudo isso. Sei muito bem que o filho da puta arrancou o seu coração de dentro do peito e pisou em cima dele com aquelas imensas botas pretas.

– Bela imagem.

– Eu o odeio. Da próxima vez que a banda tiver um jantar, eu vou apunhalá-lo com um garfo.

– Você não vai apunhalá-lo com um garfo – eu disse, dando um tapinha na mão dela. – Você vai ser muitíssimo educada e tocar a vida como sempre.

Com os olhos estreitos, ela me lançou um olhar teimoso.

– Pelo bem do Lamar – eu disse. – Vou para casa e começar a preparar o quarto do bebê. Vou ficar bem, Diarra. Mesmo.

– Me deixa ir com você.

– Não. – Sacudi a cabeça com determinação. – De jeito nenhum. Você nunca foi para a Europa. Faz meses que está ansiosa com essa viagem. São apenas seis semanas. Eu dou um jeito. E, falando sério, estou mesmo precisando do meu espaço agora.

Os ombros dela despencaram num sinal evidente de derrota.

– Promete que vai ligar se precisar de mim?

Levantei a mão.

– Juro solenemente.

– Hum.

– Killer e eu vamos ficar juntos, relaxar.

– Ele definitivamente vai ficar aliviado de sair do hotelzinho pra cachorros. Pelo menos um lado bom nisso tudo. Das últimas vezes em que liguei, ele se recusou a falar comigo.

– Ele é um cachorro, Diarra. Não sabe falar.

Mais franzidos.

– Mas ele costumava fazer esses barulhinhos bonitinhos de cachorro e latia para mim. Sabe o que quero dizer. Estou preocupada que tenhamos causado problemas de abandono nele. Ele é um animal muito sensível. Ele é como Lamar, bem no fundo, de certa forma.

– Ele é um lunático que fica perseguindo o próprio rabo até desmaiar – constatei. – Na verdade, ele é meio que parecido com o Lamar, você tem razão.

– Verdade. – Diarra assentiu com um olhar pensativo.

– Bem, prometo que usarei todas as minhas habilidades como psicóloga para resolver todos os problemas dele antes de vocês voltarem. – Pela minha experiência, a felicidade de Killer podia ser comprada com uma embalagem de bacon canadense e a destruição de um tênis do Lamar. Eu já roubei um calçado razoavelmente novo do armário dele com isso em mente. O cão estaria de volta ao seu estado normal, alegre e psicótico perseguidor de rabos, em pouquíssimo tempo.

Let Me Know (Beauany)Onde histórias criam vida. Descubra agora