Eu mais parecia um zumbi do que realmente uma pessoa. Tanto faz também, eu tô animada em estar aqui hoje e finalmente vou ter com quem falar sem ser as vozes da minha cabeça. Foi estranho como eu comecei minha primeira amizade aqui. Nas mesas grandes do almoço, era difícil encontrar uma vazia e eu não era que eu fosse tão antissocial assim, mas era difícil ir sentar com alguém estranho. Era bem antissocial só quando tava de mau humor, aí era mais complicado. Logo no início das aulas do meu primeiro ano eu sentei perto de uma menina e um cara que não parava de falar, diria até incoveniente.
Ela tava falando de algo meio triste, parecia falar com sentimento sobre aquilo e meu lado de fofoqueira não pôde deixar de escutar. Ela contou para o cara que o pai dela morreu de câncer quando ela tinha 14 anos. Meus olhos brilharam. Felizmente o cara saiu para fazer algo e cheguei perto muito empolgada e só mandei um "o meu também!! E eu tinha a mesma idade" e ainda levantei a mão pra um toca aqui na maior cara de pau. Eu juro que não me importaria de levar uns tapas depois daquilo. Ela levou numa boa, até demais, e começou a conversar comigo em como os outros estudantes pareciam meio alienados. A gente acaba compartilhando uma dor semelhante e apesar de personalidades bem diferentes, digamos que não haveria melhor combinação.
O apelido de Minion foi justamente por minha causa. As pessoas se questionavam porque alguém tão calma e simpática estaria andando comigo. Houve até um boato que eu estaria ameaçando ela para ser minha amiga. A gente sempre brincava sobre essas coisas e um dia eu falei que daqui a pouco estariam chamando ela de minion, seguindo a grande vilã aqui. Se nos conhecessem de perto saberia que na realidade é o contrário. Pela sua personalidade mais retraída ou até tímida, eu parecia mais um cão guarda-costas e ela parecia andar comigo por proteção. Na realidade, era ela quem me influenciava, e apesar de eu parecer ser a assustadora, ela quem era. Aquele rostinho bonitinho engana bem. Enfim, uma pessoa calma e que pensava, outra pessoa agitada e com força, eu diria que éramos a única dupla que prestava da nossa turma, ou até da U.A.
Algumas vezes as pessoas realmente sentiam medo de falar comigo. Eu também não ajudava muito, até me divertia. Negava pedidos, não era a pessoa mais educada do mundo. Mas quando ela chegava e me dava xixi por agir assim, eu sempre obedecia o que ela falava sem nem questionar, até hoje não entendo o que acontece, acho que ela deve ter um poder escondido. As pessoas chegavam a achar que ela era um tipo desanta porque eu a escutava. Vai vendo Santa.
Quando eu vi ela chegando na sala, meus olhos se enchiam de felicidade. Ela me abraçou e viu na hora minha cara de boba.
- [s/apelido] aconteceu algo enquanto eu não estava aqui? Você matou alguém e desenvolveu mais ainda suas habilidades de psicopata?
- Para com isso vai. Tu sabe que eu precisaria da tua ajuda para esconder o corpo. Não agiria sozinha. - meus olhos começaram a brilhar, que nem criança ganhando doce - Mas... eu tenho umas fofocas pra contar hehe.
- Incrível como tu sempre sabe da vida de todo mundo. Cuidado com a língua envenenada e bifurcada hein.
- Não não.... Não tem nada a ver com os outros e minha língua ainda não queimou apesar de falar mal dos outros. Olha.
- Poxa. Até queria saber das últimas fofocas. Ué, se tu não tá sabendo de nada, algo estranho aconteceu. Tu tá bem?
- A gente se entende tão bem... enquanto a senhorita fugia de mim, eu tive que usar meu terceiro modo da minha individualidade e tu sabe como eu acabo, fico morrendo e pipipipopopo. Esse não é o ponto!! Algo surreal aconteceu.
Eu contei cada detalhe. Até demais. Ainda bem que ela já tava acostumada com tudo isso. Ela perguntou se eu tava bem e tal, falou um pouco sobre o estágio dela, contou como foi com um vilão. Achei estranho que ela não quis comentar muito sobre as minhas notícias bombásticas. Na realidade ela parecia bem pensativa e depois de um silêncio que eu fiz questão que acontecesse ela me falou que eu não gostei nem um pouco.
- Mas esse Bakugou, ele não tem namorada?
- Não? Acho que não.
- Não mesmo?
- não, não tem.
- Tem sim.
- Eu já disse que não.
- Hmm... mas tem.
- Sim, tem. Eu. Prazer.
- Tô falando sério, aquela menina da turma deles que tá sempre junto com o outro garoto de cabelo de verde.
- Hã, você continua péssima pra nomes. O nome de herói dele é Deku, qual é seu ponto hein??
- Tô tentando lembrar. Aquela menina que tem individualidade até parecida com a sua.
- A Uraraka??? Poxa, não ouse comparar a minha individualidade com a dela.
- Não faço ideia do nome. Tem foto dela?
Eu mostrei a foto puta da cara. Eu super ia com a cara da Uraraka, ela parecia ser um doce de pessoa, mas o ciúmes tava me corroendo. Será que eles namoravam e eu não sabia? Será que é por isso que ele fugiu e não aproveitou o momento comigo?
- É essa mesma!! Uma vez eu vi ele dando um discurso motivacional pra ela todo todo.
- Todo todo?
- É... tipo ele tentando animar ela.
- Foi isso que tu viu???? Algo a mais?
- Nah. Eles só estão sempre juntos.
- Minion mal. Eu vou te espancar, tu quase me matou do coração por causa disso!!
- Tava testando minha teoria do quanto tu tava caidinha por ele. Caiu muito fácil. Mas... e o outro? O tal de Todoroki? Eu investiria mais nele, parece ser mais calmo. Combina mais contigo, vai que ele consiga te acalmar também, tu é terrível as vezes.
- Que ataque foi esse?? Você me odeia é?
- Quis dizer... vamos nos pontos fortes e fracos dos dois. Mantém os dois perto caso um não dê certo mas você vai ter que escolher um pra investir mais. Claro, se você não tá aumentando essas suas histórias, até tem chance com um.
- Eu adoro a tamanha confiança que você tem em mim.
- Vamos lá... O Bakugou é super estourado, vocês iam brigar direto.
- Ou transar direto.
- Tá... isso você fica pra você ok? Continuando... ele talvez seja um tipo soft por dentro e trata os outros assim porque é sensível, ou talvez ele seja só um troglodita mesmo. Digamos que as chances sejam 50/50. Pense a respeito, tenta descobrir melhor sobre. - esse tipo de reflexão eu nunca que teria pensado sobre - já o Todoroki... eu pessoalmente acho mais negócio por causa dessa sua personalidade, mas temos um grande problema. Ele é muito concorrido pelo visto e é todo difícil de penetrar. Não que você não goste de um desafio mas bota na balança.
- Tá tá, olha só. Ao invés de calcular cada passo meu, eu apenas vou me jogar e ver o que acontece, ok? Tem mais graça e eu me sinto mais viva. Se nenhum me quiser, bom, não os culpo. Agora... brincar com os dois um pouquinho não vai fazer mal também né?
- Bom, eu avisei. Se bem que você não tem nada a perder né.
Até aí eu estava tão animada em minha próxima chance de conversar com um deles. Quem diria que ia ser completamente diferente do que eu imaginava.
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Coffee for 3 (Bakugou, Todoroki × Reader)
Фанфик[S/n] sempre teve uma vida mais complicada por seu pai ter sido um vilão e agora estar na U.A., onde parece que só veem o indivíduo por fora. É complicado fazer amigos, mas quem sabe algo mais romântico... Bakugou pode ser seu ranço favorito no mund...