Digamos que quando se tem diversas opções, eu sempre acabo quebrando a cabeça tentando decidir. Não é diferente em decisões como o sabor de algum doce que nunca comi ou então aquelas decisões que mudam a vida. Vamos lá, eu prometi que ia contar uma história, não?
Logo após ao incidente envolvendo a U.A., minha família ter quebrado de vez com as relações comerciais se deteriorando com outras famílias do ramo, os meninos fingindo praticamente demência sobre a minha existência, eu ganhei uma espécie de ultimato. Estava na hora de decidir se eu seguiria o caminho contrário do que me foi prescrito e assim, viveria uma vida em busca de holofotes e/ou sendo altruísta, uma verdadeira heroína, ou então, o outro caminho, aquele em que cresci e sei os meios para seguir. Veja bem, nem sempre é sobre vingança e maldade, as vezes é só dinheiro mesmo, afinal, isso move o mundo.
Eu não contei antes mesmo para minha melhor amiga porque bom... sabia do pequeno julgamento que ia passar e que pode parecer moralmente não agradável aos olhos alheios. Mas não pense errado de mim, eu não virei uma vilã, não me uni a Liga dos Vilões ou whatever. Seria muito clichê até pra mim mesma.
Enfim, resumindo, eu tenho uns contatos. E bom... eu sou muito indecisa, então decidi me auto rotular como algo cinza, já que nem o branco e nem o preto servem, bom, misture os dois. Eu estava meio desesperada naqueles dias, minha mãe e eu precisávamos do mínimo de grana, e meu dom servia para algo. Meus contatos me arranjaram um bico.
- Você é péssima.
- Deixa eu acabar minha história pô, depois você dá seus pitacos.
Bom... eu fiz uns jobs, nada ilícito demais...
- Que bom que você criou o termo "nada ilícito demais".
- Ué, não matei ninguém.
- ...
- Awn eu estava com saudade até da sua cara de nojo. Enfim...
O ramo que mais gera dinheiro e que minha família também sempre esteve envolvida é tráfico e desenvolvimento de drogas ilícitas, seja pra fica doidão, seja para potencializar o dom. Eles me me pediram para comercializar na U.A e obviamente, sem cara surpresa hein, eu neguei. Eu não ia botar meu pescoço tão na luz...
- Adoro suas motivações morais.
- Tsc.
Eu não vendi pra ninguém e nem fui transporte de drogas... eu fui cobaia, sempre aqui para fazer as piores decisões possíveis. Se o indivíduo toma um potencializador, bom, há consequências para o corpo e por isso, eles estavam testando ativos mais naturais e coisarada. Bom, digamos que eu tenha dinheiro para comer para alguns meses.
- E?
- Nada bom.
- Você não poder ser irresponsável dessa forma! Aff, nem para me dizer, pelo menos ficava perto de você para checar se estava viva.
- Sempre ao meu lado... veja bem, o universo gosta de tirar com a minha cara. Nos piores momentos ele gosta de colocar um menino bonito ao meu lado, isso é o pior.
- Isso é o pior?
- É... se lembra a vez que eu sei demais meu dom por causa daquela porcaria de plus ultra e isso me jogou nos braços do querido Bakugo?
- Sim...
- Pois então, vamos ao flashback, haha sempre quis dizer isso.
***
Eu tinha vomitado até meus órgãos, eu juro. Óbvio que não conseguia estudar nem sequer ser útil para mim mesma, meus olhos estavam amarelo em um estado hepático e minha pressão ia e vinha como um balanço. Eu já passei por coisas piores... então isso me mantinha acordada. A minion estava fora e bom, minha situação com ela não está a mais amigável no momento, eu e minha tendência de afastar pessoas para não prejudica-las as vezes me deixava na mão.
Eu precisava de líquidos no meu corpo, eu estava no campus e não havia nada apetitoso o suficiente para me fazer engolir... não que não fosse sair pelo mesmo lugar que entrou minutos depois. Eu sai andando com a saia do uniforme, pois estava sem calça e não achava uma, de pantufa e um moletom. Queria ver algum professor me parar, era capaz de levar xixi e eu chorar no ombro da pessoa.
Enfim... até que me senti tonta até não poder mais, tudo estava girando e eu sentei num canto qualquer com a cabeça levantada pra não morrer de vez. Aí do nada apareceu uma sombra tapando o sol, uma daquelas pessoas que você não quer ver mas vê nos piores momentos... a tal de Momo ficou plantada do meu lado me olhando com cara de peixe morto. Felizmente, não foi nada do que eu esperava, ela é bem querida na realidade, até me fez o favor de me acompanhar aos lugares e estava sendo bem atenciosa. Confesso, me deu uma pequena raiva lá no fundo por pensar que pôde ter sentido é pena de mim, mas eu não estava em condições de julgar quem estava me ajudando.
Bom, três dias após eu fiz um segundo teste de algo que estava mais para entorpecente do que potencializador. Quer dizer, não era um mas o efeito foi de um. Após tomar, eu me senti como se tivesse acordado, era como se eu estivesse em um estado de sono por muito tempo, do qual a vida passava e eu estava lá... com sono. Então era como se meus sentidos estivessem acordando, como se o tempo passasse diferente e como o mundo tinha um novo sentido. Era noite já e eu sentia que bom... precisava sair e viver, ver gente, conhecer pessoas, como se eu necessitasse agir porque lá no fundo sentia um medo profundo de deixar esse mundo. Na realidade era como se o tempo desse pulos, eu tinha me arrumado mas parecia ter passado apenas 5 segundos, era como se minha memória tivesse pequenas falhas.
Aí sim é algo que eu não sei como explicar direito, só sei que estava numa rua conhecida por ter muita gente sempre se reunindo para beber e cheia de pessoas. Acredito que tenha ido consciente para... fazer novos amigos? Não sei. Só lembro de uma grande emoção, como se fosse uma fome por viver, até meio que desespero. Eu até fiz amigos na fila de um bar, que sociável. Pelo menos lembro de rir e pegar algo para beber e depois não sei ao certo. Quando dei por mim... bom, no momento eu estou no banheiro tentando lembrar o que ocorreu nesse meio tempo. São 1h da madrugada e eu não faço ideia de como cheguei neste estado... bom, uma ideia eu tenho.
Eu me sinto completamente tonta e agora bate um sentimento de ansiedade. Não consigo respirar direito. Preciso sair daqui. Eu vejo o celular para pensar em quem posso chamar... minha mãe? A minion? Porra, não tenho mais ninguém nesse mundo. Eu vou sair daqui e dar um jeito, ainda tenho dinheiro comigo pelo menos. Mas... esse aperto no peito, começo a sentir mais falta de ar ainda. Saio do lugar tentando procurar um local com menos gente... mas tem tanta gente, me sinto tão sufocada. Conforme vou caminhando sem rumo, vários caras vão cutucando ou tentando pegar meu braço e seus olhares... que nojo. Começo a sentir as pernas meio bambas, não é hora disso. Ainda me sinto meio sem ar e agora mais ansiosa, é como se meu peito fosse explodir.
Eu sinto um certo desespero por não conseguir sair daquele lugar, as coisas começam a se embrulhar como se minha visão fosse a de um bêbado. Eu já não sinto tão bem meus sentidos novamente, mas dessa vez é algo ruim... muito ruim. Começo a olhar ao meu redor em busca de uma solução. Até que sinto algo quente segurando minha mão. Este alguém me puxava mas eu não conseguia olhar para cima e ver quem era, realmente um estado deplorável.
Finalmente tinha menos gente e eu conseguia respirar e raciocinar melhor. Esse alguém nada mais nada menos tinha cabelos vermelhos e brancos. Seria uma nova espécie de ilusão da droga?
- Vamos, eu vou te levar pra casa.
- Você fala? Que realista.
Eu toquei a bochecha... oh meu deus, acho que não é efeito da droga.
- Você tá bem? - Ele me olhou realmente meio preocupado e curioso.
- Defina bem. Quer dizer... tô.
- A gente conversa melhor em um lugar mais quente, vem, nosso Uber tá chegando.
Eu consenti e entrei no carro com ele. Que loucura, o caminho todo ele não deu um piu comigo, eu me sentia tão mal mas ao mesmo tempo não parava de me perguntar como ele me encontrou e o que estava fazendo lá.
- Todoroki.
- Sim.
- Você saiu para beber? Sair com os amigos? Esquecer a vida?
- Não, a gente tá quase chegando.
Que situação...
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Coffee for 3 (Bakugou, Todoroki × Reader)
Fiksi Penggemar[S/n] sempre teve uma vida mais complicada por seu pai ter sido um vilão e agora estar na U.A., onde parece que só veem o indivíduo por fora. É complicado fazer amigos, mas quem sabe algo mais romântico... Bakugou pode ser seu ranço favorito no mund...