Já ouvi muito sobre limites e sobre as consequências que acontecem quando os ultrapassamos. Sempre dizem que o limite é até aonde você pode ir sem que se machuque ou sem que se perca da jornada. Mas o limite vai além de uma delimitação, porque ele é subjetivo demais para ser delimitado. E, como sabemos, há coisas que não podemos limitar, que não controlamos e por mais que acreditemos ter o controle, elas sempre fogem dos nossos dedos como areia. Ninguém limita o que sente. Sempre ultrapassamos a linha do amar ou do odiar e vivemos constantemente além do equilíbrio.
Tantas palavras nos fogem da boca quando estamos fora da nossa zona de limitação, e na maioria das vezes, são essas palavras que têm o poder de arruinar tudo ou de melhorar tudo. É como tomar uma decisão precipitada em um momento de muita alegria ou falar algo indevido na hora que a raiva estrangula o nosso peito. Por mais que nos alivie, elas futuramente passam a sufocar e sussurram nos nossos ouvidos como um “não deveria ter dito isso”. E cá estamos, com os ouvidos cheio dessa frase irritante, mas ainda ultrapassando a linha limite das coisas.
Agora a questão é: Por quê?É impossível viver no limite ou ser inteiramente racional, sem que nenhuma vez o perfume de alguém desmonte suas barreiras e faça todas as suas emoções vazarem como a água de uma hidrelétrica. Ou que te tirem do sério a ponto de todas as veias do seu corpo sentirem o sangue esquentar em ódio.
Sentir, assim como a morte, é uma certeza que não podemos controlar. E as pessoas que não sentem, são, na maioria das vezes, as mais confusas. Tenha medo dos insensíveis, não dos que ultrapassam os limites. Opte pelo desejo de não ter dito, mas negue friamente à dúvida de nunca dizer. A dúvida é um universo ilimitado e por mais que tente, sempre vai haver uma outra que te faça parecer mais longe da fronteira. Você se torna um errante em meio a tantas coisas que queria ter externado ou apenas descoberto como seria se tivesse tomado outra decisão.
Limitar é um verbo que não deveríamos usar. Na verdade, há muitas pessoas que utilizam disso para justificar seus erros. Dizem que amar não tem limites ou que a vingança é um prato que se come frio. E quem somos nós para condenarmos uma idiotice dessa se cometemos várias outras? Todos nós romantizamos problemas em algum momento. Mas ninguém é obrigado a ultrapassar limites. Existe sim algo além das barreiras e fronteiras dos sentimentos, coisas que valem a pena sentir, mas também há outras que não. Sendo essas últimas as decisões que tomamos no calor do momento, e aí ficamos mais ainda na dúvida: deveríamos mesmo externar o que sentimos?
Limite é limite
Ultrapassado ou não, ele existe
O complicado é entende-lo. Então, vamos apenas concluir que ele é relativo para cada pessoa e situação. E que por mais que tentemos, nunca vamos ajudar, de fato, a alguém a entender seu limite, pelo simples motivo de não nos pertencer. Por mais óbvio que ele pareça ser aos nossos olhos, o limite pode estar mais invisível que a transparência para o outro.
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