Capítulo 24: Sonho ou Realidade? [narrado por Elena]

305 24 11
                                    

Anteriormente:

     Eldon olhou para mim e sorriu.
     - Mais um para a festa.
     - DEAN, CUIDADO! ELE ESTÁ AQUI! - gritei.
     Eldon se afastou de mim subindo as escadas do porão, com a arma na mão.
     - Ah, meu Deus, não! - comecei a chorar. - DEAN, CUIDADO! ELE TEM UMA ARMA! - gritei.
     Eu tentava mas não conseguia me levantar, até que ouvi um disparo.
     - NÃO!

Agora:

     Não sei como explicar a sensação que tive quando no meio de toda essa turbulência escutei a voz de Dean. Era como se do nada todo o meu sofrimento tivesse se esvaído de cima dos meus ombros. Ouvi-lo chamar pelo meu nome, saber que ele estava aqui me fez acreditar que finalmente eu estaria livre. Fez surgir bem no fundo do meu peito, um fio de esperança.
     Pela primeira vez depois de todo esse tempo, me fez sentir segura. Não me senti mais sozinha e perdida. Me senti aliviada, porque eu sabia que Dean sempre seria o meu herói e, isso me fez lembrar o porquê eu o amava tanto. Porque eu sabia que ele nunca havia me abandonado. É claro que tudo o que aconteceu me fez duvidar. Me fez acreditar que ele havia desistido e que tinha mentido quando disse que sempre estaria aqui por mim e, que nunca iria me abandonar.
     Mas quando escutei a sua voz, toda essa sensação havia sumido e se transformado em um misto de alegria e esperança. Me fez voltar a acreditar que tudo ficaria bem, porque agora ele veio para me salvar, ele não me esqueceu. Só que quando o barulho do disparo ecoou por todo o porão eu voltei a realidade. Como um som ensurdecedor, ele entrou pelo meu ouvido, causando uma dor aguda. E quando eu vi ele caindo pelos degraus da escada e logo parando no chão, desmaiado e com aquele tiro na barriga, a minha única reação foi gritar.
     - NÃO!
     Um grito em negação saiu pela minha garganta, ao ver o meu grande amor ali, estirado. Foi como se uma flecha tivesse atravessado o meu peito e feito eu me lembrar de que tudo não passava de uma simples ilusão. Eu só conseguia dizer não e chamar pelo seu nome incansáveis vezes.
     - Dean!
     Mas ele não ouvia, nem sequer se mexia. Eu comecei a chorar e tentei me levantar mas nem isso eu consegui. Minhas pernas doíam e eu não conseguia firmá-las. Então em um ato de desespero eu me joguei sobre o chão e me arrastei até ele.
     - Dean, acorda. Por favor! - eu gritei, tentando erguê-lo.
     Assim que toquei o seu rosto e senti sua pele quente, mais uma lágrima brotou nos meus olhos e escorreu, caindo sobre ele.
     - Por favor! - repeti.

     Então, como sempre, o psicopata tornou a descer as escadas e logo já estava à minha frente

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     Então, como sempre, o psicopata tornou a descer as escadas e logo já estava à minha frente. Quando olhei para ele, senti toda aquela raiva surgindo e eu só pensava em destruí-lo.
     - Seu monstro, eu vou acabar com você!
     - Ah, cala a boca.
     Ele me puxa pelo braço e me tira de cima de Dean. Me joga com força sobre o chão e eu sinto a minha cabeça bater levemente contra o mesmo. Ele vem e me levanta, me segura em pé como se eu fosse uma boneca de pano. Não sei de onde ele tira tanta força. Por fim, me coloca sentada novamente na cadeira e me amarra mais uma vez.
     Mais uma vez, não! Eu pensei. Será que eu sempre vou acabar aqui? Nessa cadeira?
     Ele se vira e sai.
     Vejo que ele pega outra cadeira e a coloca do outro lado.
     - O que você vai fazer? - pergunto, mas ele não me responde.
     Então me surpreendo quando ele vai até Dean e o levanta. Sem muito esforço, ele o arrasta até a cadeira e o coloca sentado sobre ela.
     - Não! Não faça isso com ele. - eu imploro.
     Ele pega uma corda e o amarra.
     - Solta ele, agora! - gritei.
     Ele então dá um último nó e se levanta furioso, vindo até mim.
     - Eu disse, cala a boca!
     E me dá mais um soco, fazendo a minha cabeça cair para baixo. Estava desmaiada. Novamente eu estava inerte, havia apenas a escuridão em minha mente e, mais nada. Será que dessa vez eu finalmente havia morrido? Talvez essa seja a sensação de estar morta, estar em um completo nevoeiro escuro.
     Sinto uma brisa gelada tocando suavemente a minha pele. Percebo que estou deitada e, ainda com os olhos fechados, passo as mãos sobre o chão, constatando então que eu estava sobre um gramado. Ouço ao fundo os sons das árvores sendo chacoalhadas pelo vento, e também o barulho dos pássaros que cantavam e voavam sobre elas. Abro os meus olhos quando sinto uma gota d'água cair sobre minha testa.
     Minha visão fica embaçada pela claridade do lugar, mas assim que volta ao normal eu vejo que estou em uma floresta. Rapidamente me levanto e olho para todos os lados, ligeiramente confusa. Tento entender o que estou fazendo neste lugar, ou melhor, como vim parar aqui. Anteriormente eu estava amarrada e machucada. Quando volto a pensar nisso, digo, em tudo que passei, sinto uma angústia invadir o meu peito. Sinto um frio tocando a minha pele e então cruzo os braços, tentando me aquecer.
     Quando olho para o meu corpo vejo que todos os hematomas haviam sumido. Não havia nem um corte sequer, nenhuma cicatriz, e também toda a dor havia desaparecido. Percebo que até a minha roupa está diferente, agora estou vestida com uma calça jeans preta e uma blusa branca, de mangas curtas. Meu cabelo estava completamente arrumado e eu não estava mais suja de sangue. Me questiono se isso tudo é mesmo verdade, pois não consigo entender o que está acontecendo. Eu estava em outro lugar com uma órbita muito diferente, e não aqui, nesta floresta fria e um pouco sombria também.
     Isso era diferente de tudo que já me aconteceu, era como se eu estivesse vivendo uma realidade distorcida. Com certeza eu só podia estar em uma espécie de sonho, porque isso não poderia ser real, nada disso poderia. Talvez eu tenha mesmo morrido e vindo parar neste lugar. Ah, eu não consigo explicar. Olhei para o céu que estava escuro, parecia que iria chover. Então, como um instinto comecei a andar pela floresta. Eu não sabia por onde ir, então só segui em frente. De repente escuto alguém me chamar.
     - Elena?
     Viro imediatamente para trás, mas não encontro nada. Sinto uma sensação estranha, como um frio na barriga e, me viro e continuo andando, dessa vez mais rápido. Talvez não seja nada, talvez isso não seja real, como nada aqui é. Continuei meu caminho, as pedras e as raízes grandes das árvores dificultavam a minha caminhada, com destino sei lá para onde. O cenário da floresta me deixava um pouco apavorada, haviam muitas árvores com copas muito altas, que formavam um teto verde e, os barulhos de alguns pássaros desconhecidos eram arrepiantes.
     Ouço mais um barulho, mata adentro. Parei de andar imediatamente, ficando apreensiva. Talvez fosse apenas algum animal que pisou em um galho qualquer. Mas o que me deixou mais arrepiada foi escutar pela segunda vez, o mesmo alguém me chamando.
     - Elena?
     Já estava cansada disso, então grito em resposta, olhando para todos os lados, como em 360°, a procura de onde vinha essa voz.
     - Quem é você? Onde você está? - perguntei.
     E houve um silêncio.
     - Você tem que ir em frente, tem que encontrar a luz. - a voz disse para mim.
     Eu não conseguia compreender, não era como se a voz viesse de algum lugar da floresta, era uma coisa muito mais profunda. Então pensei, e se essa voz estiver dentro da minha mente? Só podia ser essa a explicação.
     - Como assim? Que luz é essa que eu tenho que encontrar? - perguntei, sem mais delongas.
     Talvez eu estivesse ficando louca, conversando com uma voz dentro da minha cabeça.
     - A luz no fim do túnel, você precisa acordar. Acordar... - a voz ecoou.
     Fiquei mais confusa ainda depois disso, não sabia o que fazer. Era estranho o quanto essa voz parecia familiar. E o que ela significava era uma incógnita para mim. Como assim, luz no fim do túnel? E o que ela quis dizer com acordar? Eu não sei. Só sei que isto sendo real ou não sendo, eu tenho que ir para algum lugar.
     Então fui em frente, assim como a voz me disse. O caminho ficava cada vez mais tenebroso e difícil. Fui me misturando e adentrando a mata, já não sabia mais onde estava, assim como no começo. Ando mais um pouco e me deparo com duas trilhas à minha frente, uma de cada lado e agora eu não sabia mais uma vez por onde ir. Qual caminho escolher era uma decisão muito difícil, ainda mais por não saber até onde eles me levariam, e o que eu encontraria pela frente.
     A ansiedade tentava me controlar, e parecia que estava conseguindo. Me permiti questionar se essa era a sensação que eu sentia ao estar em coma. Se sentir perdida dentro de si mesma e não saber por onde ir. Não saber se está mesmo vivendo uma realidade ou se é tudo uma mentira que a sua mente cria para te manter distraída da verdade que se passa lá fora. Mas já foi a tanto tempo que nem consigo me lembrar como era estar em coma.
     Não importa como mas, uma hora ou outra eu teria que escolher um desses caminhos para seguir. Resta saber qual. Então fecho os olhos, apenas escutando os sons ao redor. Respiro fundo e, então escuto uma voz. Mas não era a mesma de antes, e dessa vez eu sabia exatamente de quem era. Era de Dean. Volto a abri-los. Dean gritava o meu nome e, agora parecia que a sua voz não vinha de dentro da minha cabeça, assim como a outra. Parecia que ele estava aqui, em algum lugar, na floresta.
     Também chamei pelo seu nome e ele me respondeu. Agora eu já sabia por onde ir. Seguindo o som da sua voz, eu fui pelo caminho da direita. Não pensei duas vezes em seguir nessa direção, mesmo que fosse uma armadilha. Era a única pista que eu tinha, então eu tinha que usá-la. Corri como se estivesse em uma maratona, quase tropeçando entre os arbustos. De repente tudo fica em silêncio e paro de escutar a sua voz. Agora, sem ela como guia, eu já não sabia se devia ou não continuar andando.
     Parei em uma parte mais aberta da floresta, dessa vez havia um espaço maior entre as árvores. Fiquei surpreendida com o tamanho de algumas pedras, eram rochas muito grandes. Deviam medir uns dois metros ou mais, pois eu fiquei pequena perto delas. Parei e encostei em uma dessas rochas, várias dúvidas me vieram à mente e eu precisava pensar. Porque a voz de Dean me atrairia até aqui? Será que estou mesmo no lugar certo onde deveria estar? Acho que foi tudo uma perda de tempo, não havia mais nada importante aqui, além de pedras a mais árvores para todo lado. Não sei se devia ter vindo por esse caminho.
     Essas perguntas me atormentavam, era frustrante não saber o que fazer. O que devo procurar aqui? Isso é cansativo. Talvez eu devesse voltar e seguir a outra trilha, ou não? Não sei. Passei a mão no cabelo, expressando a minha frustração. Não vai adiantar nada se eu ficar aqui parada, tenho que fazer alguma coisa. Pensei. Então volto a andar, preciso procurar algo que me chame a atenção. Andei mais alguns metros, passando por entre as grandes pedras. Alguns esquilos e cervos pequenos ajudavam a compor o cenário da floresta. Vejo ao longe, entre a mata, uma grande abertura ao lado das rochas. Algo que parecia ser a entrada de uma caverna.
     Corro até ela e paro na entrada. Com calma e receio eu entro, não avançando mais do que devia. A caverna parecia grande e um pouco escura mas, ao longe eu vejo um pontinho branco, como se fosse uma fresta de luz. Senti um medo e não sabia se devia prosseguir. Talvez a caverna tivesse algum perigo mais a frente ou, talvez tivesse água demais. Ou algum animal perigoso. Decidi não continuar, poderia ser arriscado. Mas assim que me viro para sair, ouço Dean mais uma vez.
     - Elena, você precisa ir em frente. Não tenha medo. - a sua voz ecoou pela caverna. - Você tem que vir até mim e acordar.
     - E-eu tenho medo. - respondi.
     Já estava quase chorando.
     - É hora de deixar esse medo para trás. Você precisa me encontrar, siga a luz. - ele disse.
     Respirei fundo e passei a mão nos olhos, enxugando uma lágrima que havia descido. Dean está certo, é hora de deixar todos os meus medos de lado e superá-los. Só assim conseguirei acordar deste sonho. Agora confiante, prossegui o caminho dentro da caverna. Fui andando e tocando as paredes, algumas gotas pingavam do teto e caíam sobre a pouca água que havia no chão. De repente ouço o barulho de morcegos, com o susto eu me abaixo e, rapidamente eles passam por mim, saindo da caverna. Me levanto, respirando ofegante. Depois de me recompor, volto a andar. Agora compreendo o que a voz em minha mente queria dizer sobre eu precisar encontrar a luz no fim do túnel. Talvez essa caverna seja o túnel e esse ponto que vejo a minha frente seja a tão almejada luz.
     Segui o seu conselho e caminhei em direção a luz, agora me senti segura e sem medo de seguir em frente. A cada passo que eu dava, via a luz aumentar até se tornar um grande clarão. Parei sobre ela e olhei para trás, sabia que era aqui que tudo isso terminava. Então o que eu estava esperando? Sorri e andei até o clarão e a luz me consumiu.
     Acordei respirando forte e sentindo toda a adrenalina que havia passado na floresta. Esse sonho foi tão real que eu sentia que havia vivido de verdade toda aquela aventura. Me senti orgulhosa por ter tomado a decisão certa e ter encontrado a luz, pois era ela que me traria de volta a realidade. Uma realidade não muito desejada mas necessária. Meus olhos se fixam no cenário atual a sinto um cheiro forte de gasolina. Me espanto com a cena que vejo a minha frente, Dean agora estava de pé e lutava com Eldon. Por alguns instantes ele olha para mim com os seus olhos cansados e sua face machucada.
     - Oh, não! - solto um murmúrio de espanto, quando vejo Eldon o acertar um soco.
     Fico desacreditada com o que vejo e, logo tento me soltar da cadeira. Dean está passando por tudo isso, por mim. Por minha culpa. Pensei.
     - É isso que acontece com quem acha que pode me desafiar! - o miserável diz, batendo em Dean novamente.
     Meus olhos se enchem de água ao ver ele o machucando. Dean tropeça e bate as costas na mesa, posso sentir em mim a sua dor só de ouvir o seu grunhido. Vejo ele pegar uma garrafa, talvez fosse acertar Eldon com ela. Mas o inescrupuloso é mais rápido e desvia. Acaba prendendo Dean na parede.
     Estava prestes a soltar mais um grito de desespero quando vejo Eldon prestes a acertá-lo de novo. Mas dessa vez, Dean consegue segurar seu braço e o empurra. Eldon se desequilibra e Dean bate a garrafa fortemente em sua cabeça, ele cai enquanto os cacos se espalham.
     - E é isso que acontece com quem machuca as pessoas que eu amo! - Dean grita para ele, e eu sinto meu coração se encher de orgulho e emoção.
     Alguns murmúrios saem pela minha boca quando Dean começa a golpeá-lo sem parar. Eu ainda estava desacreditada sobre tudo isso. Ele só para quando o maldito fica completamente desmaiado. Seu rosto já estava inchado e eu só conseguia pensar o quanto isso ainda era pouco perto do que ele merecia. Mas Dean havia feito tudo isso por mim e, eu não conseguia ser ingrata ao ponto de dizer que ele não havia feito o bastante. Ele lutou e se machucou para me salvar e isso é o que importa.
     Dean se levanta e fica um instante parado, seu cansaço era notório. Então corre até mim, exclamando euforicamente o meu nome.
     - Elena!
     Ele para e me desamarra, me deixando livre novamente. Espero que desta vez eu esteja livre de verdade.
     - Dean! - indaguei, cheia de alívio e gratidão.
     A alegria que eu sentia era imensa.
     - Vamos, tenho que te tirar daqui. Você consegue se levantar e andar? - ele pergunta, apressadamente.
     Eu tento me levantar mas não consigo, depois de tudo, era muito difícil para mim. Acabo choramingando de frustração.
     - Não, não! Não dá, eu não consigo. Eu não sinto as minhas pernas, não tenho força.
     Dean, como sempre tenta me tranquilizar em qualquer situação, com essa não seria diferente. Ele, mesmo estando tão cansado, ainda consegue me acalmar.
     - Calma, Elena, calma. Eu vou te ajudar e nós vamos sair daqui, tudo bem?
     Eu concordo com ele e tento ficar calma. Dean pega os meus braços e coloca em volta do seu pescoço. Ele me manda segurar firme e assim faço como ele me pediu. Ele tenta me erguer quando de repente vejo Eldon vindo novamente atrás dele. Mas dessa vez com uma faca em punho, arregalei os olhos e gritei imediatamente.
     - Dean, cuidado! Atrás de você.
     Dean se vira rapidamente.
     - Achou que tinha acabado, Dean?! - Eldon perguntou.
     Ele levanta a faca para atacá-lo, mas Dean com agilidade consegue se desviar. Ele vira seu braço, fazendo Eldon enfiar a faca em si mesmo. Escuto seu gemido e solto um choro - mas não um choro de pena, nunca, jamais terei pena desse monstro - mas sim de alívio, por saber que finalmente esse louco psicopata teve o que merecia. Dean o empurra para longe e ele cai sobre a mesa, derrubando uma lamparina. Ela cai no chão e de repente um fogo se acende e começa a se espalhar, me fazendo lembrar daquele cheiro de gasolina que senti quando acordei.
     Dean se vira de volta para mim e continua tentando me erguer.
     - Vamos, Elena. Nós temos que sair daqui agora!
     Ele consegue me levantar e me coloca em pé, sinto as minhas pernas tremerem e me desequilibro. Eu teria caído se ele não tivesse me segurado.
     - Não tem como, Dean! Eu não consigo parar em pé.
     Começo a me desesperar, sentindo o calor que o fogo proporcionava. Não vai dar tempo, eu não consigo andar e nós vamos acabar morrendo queimados. Era só isso que se passava pela minha cabeça neste momento. Sem eu menos esperar, Dean me surpreende. Passa os braços por baixo das minhas pernas e me pega no colo.
     - Nós vamos conseguir, está bem?! - ele me disse.
     Dean corre rapidamente e sobe as escadas comigo nos braços. Vejo o fogo se alastrar por todo o porão e antes de atravessarmos a porta, ouço os últimos gritos de Eldon:
     - ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM. VOCÊS VÃO SE ARREPENDER, VÃO SE ARREPENDER!
     Mas agora as suas ameaças não me causavam mais medo. Ele teve o fim que mereceu e só assim eu poderia viver tranquila, sabendo que finalmente esse psicopata morreu. Queimado. E vai continuar queimando no inferno.
     Dean passa pela porta e juntos saímos da casa, ele corre para longe e senta comigo sobre a grama molhada. Me ajeita em seus braços e beija a minha testa, dizendo que tudo isso acabou. Olhei para casa, vendo ela queimar completamente. A nossa casa não era apenas madeira e tijolos, era uma história. Em cada parte dela havia uma memória diferente, e agora tudo isso estava sendo destruído. Dean me abraçou enquanto eu chorava sobre o seu peito, pensando em como seria daqui para frente.
     - Vai ficar tudo bem. - ele me dizia.
     Ouvi atrás de nós o barulho da ambulância e isso me ajudou a lembrar do quanto eu ainda estava fraca, talvez pela perda de sangue. Então fechei os olhos por mais algum tempo.

Sozinha Com Um Psicopata Onde histórias criam vida. Descubra agora