𝐱𝐯𝐢𝐢. 𝐿𝐴𝑁𝐶𝐸𝐿𝑂𝑇

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CAPÍTULO 17
LANCELOT

Procurando numa luz distante;
Alguém que pode salvar uma
vida; Vivendo com medo de que
ninguém irá ouvir os seus choros;
Pode me salvar agora?❞

MONGE CHOROSO

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MONGE CHOROSO

Suas costas estavam dilaceradas, os cortes feitos pelo chicote que ele mesmo usara para se punir. Uma culpa amargurada que nunca sentiu antes tomou conta de seu corpo naquela tarde. Talvez fosse pelas palavras do Cavaleiro Verde que jazia morto ou pela própria mente que o amaldiçoava pelo o que ele fizera com a pessoa que mais amava naquele mundo.

Ele não sabia, mas queria que aquela dor fosse embora.

Ele viu a claridade do sol se pondo quando o Padre Carden entrou na sua tenda, se deparando com o estrago que fizera ao próprio cordo.

- Eu não consigo sentir - disse o monge, a voz tremendo. - Eu chamo por ele e estendo a mão, mas só existe escuridão.

- Você é a espada vingadora da luz na batalha contra o Deus da Escuridão - afirmou o padre, sentando-se de frente para o monge. - Achou que escaparia do toque dele? Da corrupção dele? O demônio não rasga a carne, ela rasga a alma.

- O senhor me ama, Padre? - perguntou, de repente.

- É claro que eu o amo.

- Mesmo se eu estiver condenado?

- São palavras perigosas.

O padre juntou as mãos no colo, sentado a um nível elevado do monge que tremia ajoelhado perante a cruz.

- Vamos falar disso pela última vez: você nasceu do demônio, uma aberração perante os olhos de Deus. Mas eu o poupei do fogo, porque você sentia sua própria espécie. Te ensinei as escrituras, te dei disciplina. Eu fiz que você um dos melhores guerreiros. O coloquei contra seu criador e assentei o primeiro tijolo da sua estrada para a salvação.

Carden se inclinou para frente, fazendo com que o monge prestasse atenção nele.

- Mas não posso percorrer essa estrada por você, meu filho. Não posso salvá-lo das chamas. Você tem que ter vontade de fazer o necessário - finalizou. - Então não falaremos mais sobre isso.

Com as últimas palavras, o Padre Carden se levantou e saiu da tenda, deixando o monge ferido para cuidar dos próprios ferimentos.

Mas ele não conseguiu fazê-lo. Por toda dor que fizera Morticia passar, ele sentia que deveria sofrer do mesmo jeito, mesmo que aquilo não fosse metade do que sua rainha passara.

Ele reprimiu um soluço alto, mas uma lágrima escorreu dos olhos melancólicos. O monge levou a mão até a correndo que ficava pendurada em seu pescoço todos os dias sem nunca tirá-la. Sua aliança de casamento, a que fazia par com a de Morticia,

Too Far Gone 𖣴 𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃Onde histórias criam vida. Descubra agora