Um papel amassado

288 13 0
                                    

Em um momento comum no meu dia pensei no que fazer, num impulso pequei um lápis e papel. Talvez a angústia de querer falar e não ser ouvido me trouxe isso, tantos sentimentos barrados um hora teriam que sair. E porque não expressá-lo em um pedaço de papel, e eu o jogue fora no final ou que eu o guarde para ser esquecido em algum lugar da casa.

Me sinto tão preso no que me tornei, em quem eu me transformei, ao caminho que escolhi trilhar. Desde pequeno aprendi que nada dura para sempre, que tudo vai, que todos se vão. Nada na minha vida costuma ficar por muito tempo, família, amigos, escolhas, caminhos ou o próprio rumo da minha vida.

Com o tempo aprendi a não me importar muito com quem entra na minha vida, assim quando saísse não machucaria, só teria uma breve falta e que logo seria preenchida por outra pessoa. Com o tempo, também, fui escondendo o que sentia, fui me deixando frio, seco, me privando dos meus próprios sentimentos. Os sentimentos nem sempre foram ingratos comigo, havia uma época em que eles me eram retribuídos, talvez por ser pequeno e não entender como a vida realmente funcionava. E essa época me foi tomada e substituída por esta que todos se vão, no começo não era culpa minha deles sumirem ou se distanciarem.

Viver sozinho não faz bem a ninguém, só serve para criar um escudo contra as pessoas. Desconhecidos não são futuros amigos, são possíveis inimigos que só querem se aproveitar de você. E assim fui criado, em meio a perda constante de quem podia ser importante para mim, eu não me lembro se eram, só me lembro de como me sentia sozinho.

Agora, tive a chance de ter amigos, mas disperdicei, não sei lidar com os outros. Fui desenvolvendo ódio, rancor, pelo responsável a minha solidão, o que eu não percebi foi que o responsável se tornou a minha pessoa, eu. Eu fui o responsável por distanciar muitas pessoas da minha vida, pode não ter sido eu no começo, mas agora sou eu.

A única defesa de quem sente e não quer se ferir por isso é a indiferença, ou mantê-la aparente. Assim aborrecimentos são amenizados, estando indiferente a tudo pouco lhe atingirá e esse pouco que vir pode ser facilmente superado.

Contudo a vida não foi feita para ser fácil, pelo menos não a minha, depois de perder quase todos ao meu redor, compreendi que não adianta mascarar os sentimentos. Não resolve querer estar a parte da própria vida, porque ela é sua querendo ou não. A viva, faça dela a sua vida, pois realmente é. Viva da maneira que quiser, molde a vida a seu favor, se ela te tirar quem se importa corra atrás e conquiste novamente.

Não. Definitivamente não, não posso escolher o meu passado, ele já se foi, junto com o meu ser, com a minha força de vontade, com as chances que disperdicei. Mas ainda não é tarde para mudar ou é? Naruto, será que um dia você desistirá de me fazer voltar a konoha? Você saberia o que eu devo fazer? Que bobagem a minha, escrevendo perguntas a alguém que nunca vai ler este pedaço de papel.

Meu destino é confuso, mas agora que eu deixei o passado como está devo seguir em frente, mesmo que seja o caminho errado. Seguirei-o até que eu ache outro caminho a seguir, mas por enquanto me conforto escrevendo esta inútil carta. Posso ser indiferente para alguns, eu apenas sou mal compreendido, mas meu passado é pior e eu não sei de quem é a culpa. Ela agira pertence a você papel, a quem escrevi o que sinto e possivelmente acabará como todos os meus sentimentos, guardados o mais longe possível para não serem alcançados.
Sasuke Uchiha

Minhas RazõesOnde histórias criam vida. Descubra agora