Não tenho certeza de que, de algum modo, essas palavras cheguem até você. Posso estar sendo covarde em escrever, ao invés de lhe falar diretamente, mas não encontrei meios de dizer que a boca me proferiram palavras doces, me magoou. Os lábios convidativos me cortaram, não sei como dizer.
Talvez, nada disso seja verdade, a minha ilusão tenha sido maior, meus pensamentos, perspetivas. Talvez, tudo seja fruto de uma imaginação corrompida pelo mal que vivi e superei, pelo menos acho que superei. Talvez, eu seja a errada, que necessita de achar algum erro no que está perfeito para parecer mais real. Talvez, eu seja quem está criando intrigas desnecessárias, criando falsas mágoas, interpretações erradas. Talvez, eu seja quem está sensível e um bom dia já me causa dor e desconforto. Talvez, eu esteja confusa por abrir os portões e deixar que quebrassem as muralhas.
Talvez, eu só esteja estranhando o que está acontecendo. Talvez, eu seja a idiota da história, a egoísta que pensa somente no seu bem estar. Ou talvez, eu tenha cansado de pensar nos outros e comecei a pensar em mim mesma. Talvez, eu tenha finalmente conseguido defender as minhas idéias. Apenas talvez.
Meu coração está em conflito, procura por ajuda, mas não encontra quem. Sempre se fechou a tudo, mas não tem onde se recorrer. Uma certeza ele tem, meu amor por ti, mas não sabe por que está assim. Foram pequenas coisas que se acumularam, pequenos detalhes ignorados, e bastou um choques, bastou encontrar o ápice para perder a estabilidade.
Não sei. Se soubesse converssaria com alguém, pediria um abraço, colo, conforto, mas estes me faltam. Eu os encontrei em você, mas e agora. Sinto que está distante, mesmo com o olhar triste e distante não me percebe. Se preocupa mais com os outros, com a história dos outros, com os conceitos e padrões deles. Posso estar sendo irracional, insensível, idiota, babaca, por talvez tudo isso ser minha imaginação. Que você, sim, percebeu minha mudança. Que sim estava preocupado, que tentou me animar e que sou uma péssima pessoa por me sentir assim. Rogo para que seja.
É mais possível que eu esteja errada, não aprendi a conviver com os demais, não aprendi a me expressar com palavras. Contudo, me preocupo, sinto, e como sinto. Mas sem demonstrar, sem saber dizer, me restou escrever essa deplorável carta. Que será enrolada e jogada ao mar...
Talvez, você a encontre...
Talvez, um desconhecido a veja e chute a garrafa de volta a imensidão azul...
Talvez, eu a encontre e jogo-a no lixo...
Talvez, ela nunca encontre as águas salgadas dos oceanos e sim o fogo que apagará sua existência.
Ou, eu esqueça de jogá-la, me arrependa, assumo a minha culpa e tudo segue seu rumo. Como que se eu nunca tivesse sentada olhando o horizonte sem reconhecer alguma forma, por mais que forçasse minha mente para tal e o único refugiu, foi esse maldito pedaço de papel, esta garrafa e a caneta que carrego.
Esqueça...
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Minhas Razões
CasualeO que se passa na mente das pessoas? O que sente? O que guardam para ele? A vida é feita de escolhas, mas será que todos são felizes com as que fazem? Aqui mostro textos, pensamentos... E se a pessoa ao seu lado sofre em silêncio e o único escape...