Henry Whitehill fora acordado pelo toque continuo de seu celular. São quase 12:00 horas, tentava descansar o corpo a fim de retomar as investigações sobre o caso de assassinato que assumira a um pouco mais de uma semana. Sentia a cabeça pesar graças aos copos de Whisky ingeridos na noite anterior. Tem seu corpo banhado em suor. Mesmo obtendo uma renda satisfatória, optara por habitar na cidade baixa, assim ficaria mais próximo as zonas criminosas, portanto alugara um quartinho em um cortiço no distrito de Chaw Peng, lugar ao qual usava também como escritório, apesar do local simples e precário, se sentia bem lá, tendo completa privacidade e anonimato. O distrito tinha um índice de violência e criminalidade menor que os demais.
Levantou-se vagarosamente, olhou para o aparelho de ar condicionado...
- Porcaria! - A energia caíra novamente. Seu celular começa a tocar insistentemente. Mas que inferno, será que não querem mais me deixar dormir!?
Ele olha no visor do aparelho e verifica 17 chamadas não atendidas do inspetor Doney, que o ligava novamente.
- Detetive Whitehill.
- Finalmente, Henry! Onde diabos estava?
- Desculpe por ter uma vida, inspetor! – Respondeu ironizando ao máximo o tom de voz – O que é tão urgente que não pode esperar mais algumas horas?
- Ligue a TV agora! - Ordenou o inspetor quase aos berros, demonstrando toda sua impaciência latente.
- Em qual canal?
- Qualquer um deles, ligue essa porcaria agora!
- Certo, certo...
Henry esqueceu-se do celular por alguns instantes se apressando em ligar o aparelho de televisão. Todos os canais noticiavam um terrível desalinhamento do metrô entre início do distrito Quarry Bay e o trecho da Linha Azul e caíra no meio da estrada em pleno horário de movimento. Aparentemente, um motorista bêbado ou desatento invadira o cruzamento criando uma tragédia de proporções gigantescas. O repórter anunciava centenas de mortes e o número poderia aumentar significativamente nas próximas horas...
- Certo Doney - Começou Henry, lembrando que o inspetor o aguardava na linha - O que isso tudo tem a ver comigo?
- Venha até aqui que você irá entender, é muito para explicar por telefone.
- Inspetor, você lembra que minha jurisdição se limita a assassinatos e não acidentes de transito, não é?
- Digamos que isso tem tudo a ver com seu caso. - Finalizou Doney encerando a ligação sem aguardar qualquer questionamento por parte de Henry.
O detetive girou nos calcanhares, olhando o pequeno cômodo onde residia buscando entender a situação. Viu a pequena cama de solteiro toda desarrumada, olhou novamente para o aparelho de televisão, lembrou-se das últimas palavras do inspetor e voltou à atenção para sua escrivaninha, localizada na parede oposta à cama.
Ali encontrava-se um computador, que raramente usava, várias anotações rabiscadas em pedaços de papeis, guardanapos e blocos de notas, algumas fotos, arquivos, um dossiê sobre o caso onde trabalhava, e claro, uma garrafa de Whisky quase vazia, a qual tomou em mãos dando um belo gole direto do gargalo, fixando seu olhar no mural improvisado atrás da escrivaninha onde fixava os detalhes mais relevantes dos casos onde trabalhava com fotos dos envolvidos e detalhes que poderiam significar tudo. O que esse acidente tem a ver com esse maldito quebra cabeças? Se perguntou, dando um novo gole na garrafa antes de ir tomar banho e se arrumar para o que parecia um dia cheio.
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Transcendente
General FictionTodos os vilões foram bons um dia. Escrito por Brandon Rammon e Ricardo J. J