Henry dormira mal a noite toda, o gosto do Whisky ainda ardia em seu paladar. O caso ao qual fora designado estava lhe tirando do sério, sempre fora capaz de deduzir algo ou achar alguma pista plausível na cena do crime, mas este era, de alguma forma, diferente.
Pensara a todo o tempo em algo, mas, mesmo com sua mente aguçada, não conseguira encontrar uma resposta que lhe convencesse. Não conseguira deduzir a causa da morte através dos fatos que juntara no local do crime, e isso o estava deixando louco...
Logo decidira ir ao necrotério em busca de respostas, e talvez seu velho amigo Andy as pudesse ter.
Assim que entrou no velho prédio, também abandonado pelo governo a anos, sentira um leve calafrio percorrer seu corpo. Nunca fora fã de necrotérios. Avistou Dolores, uma senhora de meia idade, muito gorda e de péssimo humor na recepção fazendo algumas notas.
- Boa noite Dolores - tentou ser agradável.
- Detetivel Whitehill, deseja ver o senhor Andy? Ele se encontra na sala de autópsia com o ultimo infeliz que vocês trouxeram. - Respondeu a senhora sem ao menos olhar na direção de Henry.
Ele passou pela porta dupla de dobradiças barulhentas, percorreu pelo corredor por alguns metros até chegar na sala central, com uma placa que piscava intermitentemente onde se podia ler, Sala de Autopsia. Aquilo realmente não o agradava.
- Boa noite Andy. Conte-me alguma novidade que valha a pena - disse assim que entrou na sala fria e mal cheirosa, sempre sentia ânsia devido o cheiro do clorofórmio e nunca ficará muito confortável em meio a cadáveres abertos como se estivessem sendo dissecados.
- Novidades boas, não sei ao certo ainda, mas que tem algo muito estranho aqui, isso tenho certeza. - disse Andy, tentado amenizar a sua expressão visivelmente preocupada, fechou a gaveta onde se encontrava outro defunto que vinha trabalhando dentre tantas outras dispostas ali como um armário gigantesco feito para pobres desafortunados.
- Acredito em sua competência, Andy. Diga, o que concluiu?
- Então - fez uma pequena pausa, enquanto se deslocava para o centro da sala onde se encontrava o cadáver do rapaz sob uma mesa de metal, coberto apenas por um lençol meio amarelado pelo tempo. - o corpo foi encontrado em cima de uma lixeira e a única fratura visível a olho até então, era o pescoço quebrado. Eu diria que alguém bem maior que ele, o agarrou por trás e partiu-lhe o pescoço e os restantes dos ossos que estavam esmagados e em seguida o arremessou contra a parede - Fez outra pausa, enquanto descobria o cadáver a modo de mostrar a Henry o "assunto" - Porem o que me chamou mais a atenção assim que o corpo chegou foi uma sutura feita no peito do rapaz, perfeitamente executada- disse apontando o local do corte.
- O que há de tão estranho nisso? - Perguntou Henry não entendendo a ainda.
- O estranho, Whitehill, é que assim que abrimos a sutura em seu peito não havia um coração!
- Como não havia coração? Como isso pode ser possível?
- Simplesmente não havia, Henry. Foi retirado do corpo sem sequer passar por uma cirugia. - Disse Andy fitando-lhe como que buscando uma explicação para o ocorrido.
- Como isso pode fazer sentido, que tipo de assassino é esse? Esta me dizendo que ele quebrou o pescoço desse infeliz e depois o arrancou o coração sem tocar nele, e isso tudo em poucos minutos sem nenhuma das testemunhas presenciar esse fato!?
- Escute, Henry, também não sei explicar isso, estou apenas lhe informando as evidências. Uma atrocidade dessas não é qualquer um que saiba fazer, é preciso muita prática. O coração foi removido com cortes precisos sem prejudicar o restante do tecido - Explicou Andy abrindo o corte no peito e mostrando a cavidade a Henry, que quase vomitou com o gesto, tendo que se conter colocando um lenço por sobre a boca - Sem sequer levar ao fato de que o peito dele, em ocasião alguma, fora aberto. E você não vai querer acreditar no que mais foi removido do nosso pobre amigo aqui. - Disse descobrindo o restante do cadáver enrijecido revelando todo o corpo diante dos olhos incrédulos do detetive.
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Transcendente
Ficción GeneralTodos os vilões foram bons um dia. Escrito por Brandon Rammon e Ricardo J. J