Capítulo 3

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Liz

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Liz


Ouço seus passos arrastados se aproximando da cozinha e respiro fundo antes de me virar e encarar meu marido.

Há pouco mais de duas semanas, ele retornou para casa e não está sendo fácil a nossa convivência. Mike tem se fechado todos os dias e não sai de casa, tampouco do quarto, exceto para comer e trocar meia dúzia de palavras comigo e com Ben.

Eu sei que ele está passando por um momento difícil e, mesmo não reconhecendo mais essa pessoa que está diante de mim, eu consigo entender seu dilema, ainda que me doa muito. Mas Ben não. A tristeza que vejo no olhar do meu filho toda vez que é ignorado pelo pai faz meu coração se rasgar ao meio, e isso está errado.

Ainda que Mike e eu não sejamos mais um casal e a decisão de nos separarmos aconteça — uma possibilidade que me traz um aperto no peito só de pensar, porque eu o amo demais —, ele sempre será o pai de Ben. Não posso permitir que ele continue se afastando do nosso filho e o magoando, ainda que não tenha essa intenção.

E é por isso que eu tomei uma difícil decisão. Não tenho a mínima noção de qual será a sua reação, mas preciso arriscar. Preciso fazer isso pelo nosso filho e, até mesmo, por ele.

— Bom dia, Mike. — Encho uma caneca de café e estendo a ele, que pega da minha mão assim que se senta na banqueta da ilha.

— Bom dia, Liz. Obrigado.

— Panqueca? — Aponto para a frigideira no fogão e ele apenas assente.

Mike está com um apetite péssimo e tem comido apenas o suficiente para não adoecer, e isso também está me preocupando.

Faço uma panqueca para cada um de nós e, assim que termino, puxo uma banqueta de frente para ele e me sento, colocando os pratos diante de nós.

— Obrigado, Liz. — Ele pega o prato, começa a comer devagar e eu o espero terminar para iniciar essa conversa difícil.

— Mike... — Respiro fundo e ele ergue o olhar para mim. — Precisamos conversar.

Um misto de dor passa pelos seus olhos e ele apenas assente em silêncio.

— Eu dispensei a Fiorella ontem — solto a bomba e vejo-o me olhar um tanto intrigado.

— Por quê?

— Porque não faz sentido pagar uma babá para o Ben sendo que o pai dele está em casa agora.

— Liz...

— Espere, deixe-me terminar. Eu sei que você está passando por um momento difícil, Mike. Eu nem posso imaginar pelo que passou naquela guerra, mas ficar o dia inteiro trancado dentro de casa não vai te ajudar a melhorar, amor.

Ele apoia os cotovelos na mesa e esfrega os cabelos, olhando para baixo.

— O Ben é um doce de criança e não dá muito trabalho. Pela manhã, vou continuar arrumando-o e deixando-o na escola. Sua tarefa será somente buscá-lo à tarde, levá-lo para a aula de música e, depois, trazer para casa e ficar com ele até que eu chegue.

[DEGUSTAÇÃO] P.s.: continuo pensando em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora