Capítulo 4

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Mike

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Mike



Estou em frente à escola do meu filho e sinto que me tornei o assunto principal de, pelo menos, metade das mães que aguardam o fim das aulas. Não me surpreende que todas elas saibam quem eu sou ou onde eu estava, mas nunca gostei de ser o centro das atenções.

Hoje é apenas o terceiro dia em que cuido sozinho de Ben. Como prometera que faria, Liz acordou cedo na segunda, preparou o café da manhã para todos e saiu de casa com Benjamin, deixando um bilhete preso à geladeira com o horário de saída da escola. Confesso que não gostei nem um pouco da sua falta de confiança em mim. Eu não sou um inútil que se esqueceu de como ser pai e Elizabeth deveria saber que jamais permitirei que meu filho fique sozinho, mas a culpa por estar negando todo o amor que a minha família merece me faz ver que eu não tenho o direito de me aborrecer com ela. Liz é uma heroína e não merece sofrer. Muito menos por minha causa.

— Papai!

Ben surge no meio das crianças e pula no meu colo como sempre gostou de fazer. No primeiro dia, percebi que ele estava receoso, olhando para os lados à minha procura, mas, quando me viu, o sorriso parecia não caber em seu rosto.

— Oi, meu filho. — O interesse das mães se torna ainda mais evidente, mas ignoro. Já tenho problemas demais com que lidar.

Dou um beijo em sua testa e o coloco no chão, jogando sua mochila sobre o meu ombro e segurando a sua mão enquanto atravessamos a rua. A escola de música que Ben frequenta fica a pouco mais de dois quarteirões e ele adora sua professora.

Quando compramos a nossa casa e decidimos começar o nosso próprio negócio, Liz e eu buscamos lojas a que pudéssemos ir caminhando se tivéssemos vontade, e o mesmo aconteceu quando Ben começou a frequentar a escola. Nós dois temos carros, mas sempre apreciamos caminhar, ainda mais em bairros tranquilos e familiares como o nosso. A vida na cidade grande é corrida demais para nos tornarmos reféns dos carros. Eu mesmo não usei o meu desde que retornei da guerra.

— Papai, você sabia que eu e os meus coleguinhas estamos montando uma apresentação especial para o Dia dos Pais?

— É mesmo? Que tipo de apresentação?

— Ah, papai! Eu não posso contar. — Ben ri e balança a cabeça, e não posso deixar de sorrir ao vê-lo tão feliz. Mas minha alegria não dura muito tempo. — Você vai, não vai?

Seu rosto se transforma e me preocupo com sua mudança de humor.

— O que foi? — pergunto quando me ajoelho diante dele.

— É que você não estava aqui na última festinha de Dia dos Pais e eu fiquei triste porque meus amiguinhos tinham os papais deles com eles. Eu queria muito que você fosse dessa vez.

Seus olhos ficam vermelhos, mas meu filho não chora. Ele sempre tenta ser forte na minha frente. Sinto um incômodo no peito por tê-lo deixado na mão poucos dias antes de uma comemoração que significava muito para ele, mas eu precisava cumprir com o meu dever.

[DEGUSTAÇÃO] P.s.: continuo pensando em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora