DANDARA
Perguntei ao rapaz da entrega para quem era as flores ele somente disse meu nome, o agradeci e voltei para dentro de casa, amava o perfume das rosas, lembro que meus pais sempre aos domingos íamos a uma feira livre que existia a poucas quadras de casa, a senhora que vendia flores sempre deixava um pequeno buquê de rosa brancas e vermelhas preparado para gente, sentir aquele aroma era tão nostálgico, que me fez lembrar dela.
Coloquei elas no mesmo vazo que mamãe usava, e as deixei em destaque na sala, aquele pequeno gesto do meu pai somente me fez sentir bem e feliz, voltei ao meu quarto e arrumei ele. Não havia mais como postergar minha volta para casa, não tinha mais razões para me esconder do mundo, inevitável que algumas coisas iriam machucar meu coração, mas também existiam tantas outras mais que me faziam tão bem.
Até achei estranho as flores, pois meu pai quando chegou da rua, horas depois, não fez uma menção se querer sobre elas, e andava meio aéreo como se algo o tivesse preparado, no meio da tarde avisei a ele que estava pensando em voltar ainda hoje, quando falei isso, ele que bebia água chegou a se engasgar como se tivesse ouvido algo fora comum, olhei para ele assustada com o que aconteceu e ele somente me disse que nada e que iria trocar de camisa.
Conhecia muito bem o senhor Marcelo, alguma coisa não estava bem, o que será que meu pai andava aprontando para ter ficado assim, quando ele volto fui bem direita.
— Pai o que senhor está aprontando?
— Nada minha pequena, achei que você ia ficar mais alguns dias com este senhor idoso.
— O paizinho, prometo que venho aqui e passo uma semana com o senhor sem trazer nenhum problema.
Falei isso e o abracei, não vinha visitar meu pai com a frequência que eu desejava, as vezes ficava um mês somente falando com ele por telefone ou mensagem, porém fora inevitável não vir direto ao meu porto seguro depois daquela dia. Sendo sincera a dias que meu celular está somente em Modo de Vôo, único momento que o deixei com rede normal foi quando liguei na clínica pedindo alguns dias de afastamento, pois não conseguiria aparecer nela no estado que me encontrava.
Mesmo minha chefe sendo uma pessoa compreensível, não devia abusar disso, fora que ainda tinha um pouco de medo de ser dispensada após minha volta ao trabalho, mas isso iria ver depois com calma, não queria me preocupar com nada.
Como planejado no começo da noite peguei as poucas coisas que tinha levado para a casa do meu pai.
— Filha, sabe que te amo muito e que lutarei sempre por sua felicidade minha pequena, e sei que você e uma pessoa incrível que está se abrindo sempre um mundo cruel.
— Pai falando assim até me deixa com o coração alegre com estas suas palavras.
— Você sabe que o maior dom e saber ouvir as vezes, saber compreender tudo a nossa volta, por favor nunca feche seu coração para o mundo e muito menos para o amor.
— Prometo paizinho que meu coração não vai se fechar tão fácil!
O abracei com tanta força, como não queria sair dali, mas eu tinha uma vida, menso ele morando em uma cidade vizinha a São Paulo, sua casa era longe do meu serviço, além de eu ter minha casa, meu lugarzinho que amava de mais, ela foi um presente dele e da minha mãe, era um lindo sobrado de dois andares, confesso que onde eu morava até sua casa, era considerado bem próximo, já que ficava na mesma rodovia que me levava para residência.
— Meu deus eu sou uma filha relaxa de mais.
Disse a mim mesma naquele carro, não gastei nem meia hora para chegar em casa, dirigi tão pensativa que não notei a paisagem ao meu redor, quando apertei o botão do portão automático da minha garagem e estacionei meu carro, senti um frio percorrer por todo meu corpo, ali mesmo dentro do carro, ouvi o barulho de notificação de mensagens chegando, não lembrava de ter ligado o wi-fi dele, as mensagens que chegava eram mais de 400, o aparelho deve ter ficado mais de longos três minutos vibrando, senti um pouco de tristeza ao ver aquele nome cravado na tela, mesmo me fazendo de forte eu ainda não tinha coragem de ler nada daquilo, eu ainda tinha medo de que as mensagem do Arthur fosse somente mais ofensas, mais descriminação.
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THOMAS
RomanceA infância e adolescência não são fáceis para ninguém, mas essa situação se torna pior a um garoto que não sabe nada de suas origens e que passou grande parte de sua vida pulando de um lar adotivo a outro, tentando sobreviver em meio caos. Quando el...