Uma conclusão

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Marcela abriu os olhos e se deparou com uma cena que considerou uma das mais bonitas que já vira: Gizelly dormindo profundamente, como um anjo. Sorriu com a cena e levantou, decidida a preparar um café da manhã especial para as duas - ou pelo menos tentar. Marcela costumava dizer que achava mais fácil fazer uma cirurgia do que cozinhar, ela não se dava bem com os utensílios de cozinha. 

Colocou apenas sua calcinha e uma camisa mais larga de Gizelly e foi em direção à cozinha. Abriu a geladeira e pegou a margarina, o leite e o queijo para colocar em cima da bancada. Ao fechar a geladeira, reparou em uma vitrola antiga no corredor para sala, em cima de uma estante repleta de discos de vinis. Sorriu ao reparar que a morena tinha um gosto "vintage".

— Ela tem um disco de Maysa! Vou ter que colocar algo pra escutar enquanto me aventuro nessa cozinha... - tagarelou consigo mesma, enquanto colocava o disco em volume baixo para escutar. O quarto era no fundo, imaginou que seria difícil acordar o anjo que ali dormia.

Voltou para a cozinha e decidiu passar um café - uma das poucas coisas que ela sabia fazer - enquanto cortava alguns pedaços de frutas que vira em cima da mesa. 

— Não sei se me explico bem, eu nada pedi... Ai Giovanna porra, que susto do caralho! Você é silenciosa feito gata, credo, nem te vi aí. - Marcela disse, olhando assustada para a morena para sorrindo no batente da porta.

— Desculpa loirinha, eu ia vir te dar bom dia mas você tava tão entretida na cantoria e nas frutas... Fiquei admirando. Tão linda. - respondeu, se aproximando e dando um beijo na bochecha da médica.

— Você faz ser difícil ficar brava contigo sendo tão... galanteadora. - deu um selinho na morena.

— Galanteadora? - levantou uma sombrancelha, estranhando o adjetivo.

— Vai me chamar de velha por causa de uma palavra né? Isso que eu ainda nem te chamei de paquera ainda.

— Na verdade estranhei mais pelo significado da palavra em si, me acha galanteadora? E paquera já é apelação Marcela, é crush.

— Acho. E eu não tenho 12 anos pra te chamar de crush.

— Nem 70 pra me chamar de paquera.

Marcela abriu a torneira e jogou água na outra, que caiu na gargalhada.

— O que você tá preparando de bom aí?

— Eu ia levar na cama pra você... Não é nada especial, só algumas frutas e queijo, além do café. Não sei se você prefere puro ou com leite, eu ia levar uma xícara de leite caso quisesse misturar.

— Puro, sempre puro. E agradeço a gentileza, desculpa levantar e estragar sua surpresa... - Gizelly não sabia direito o que falar ou como reagir nessa situação, como quase todas as vezes que estava perto da loira.

— Magina, bebê. Senta lá na mesa que eu levo e comemos juntas. 

— Certo. - respondeu quase no modo automático, pois sentiu seu coração bater mais rápido ao ouvir Marcela chamar de "bebê".

Enquanto estava sentada, Gizelly refletia sobre todas essas novas sensações que Marcela causava. Nunca imaginou que seria possível ser tão... feliz? Enquanto estava com a médica, a morena esquecia o resto do mundo. Era como se ela fosse realmente outro pessoa, que teve uma infância e uma vida completamente diferente... Com a loira ao seu lado, ela se sentia como uma garotinha fragilizada sendo protegida. Era tudo mais leve, mais risadas! Ela nunca havia dado tantas gargalhadas como dava com ela. Tentava dar uma palavra para os sentimentos e julgou que, talvez, aquilo seria amor. E chegou a uma conclusão: ela estava perdidamente e completamente ferrada. 

(...)

Já era domingo a tarde quando Gizelly percebeu que passara o sábado inteiro com o celular desligado. Ela e Marcela tiveram um dia leve e extremamente bom, para ambas. Após o café da manhã, ficaram de conchinha na cama apenas assistindo filmes. Gizelly não tinha o costume de ficar em cima de uma cama com outra pessoa fazendo outra coisa que não fosse sexo, mas com ela era bom. Como tudo, era bom e diferente. Gostava do cafuné e dos carinhos que a loira fazia, se sentia bem e quanto mais tinha, mais ela queria. Passaram o dia assim: carinho e selinhos entre os filmes, encerrando a noite com sexo - era inevitável, afinal. 

Então Gizelly aproveitou que Marcela estava no banho e ligou o celular, se separando com diversas mensagens de seu patrão. Quando ia respondê-lo, ele ligou:

— Porra Gizelly, o que aconteceu? Você não deu nenhum feedback. Imagino que o trabalho já esteja em execução? 

— Desculpa, eu passei o fim de semana com ela. É... Sim, chefe. - ela respondeu enquanto se dirigia para a janela, para olhar a vista enquanto fumava e falava ao telefone.

— Certo. Qual a previsão? 

— A primeira dose foi dada hoje, creio que em 14 dias.

— Surte efeito ou o resultado final?

— Resultado final. Em 14 dias creio que Marcela estará morta. 

— Ok. Retornarei em torno dessa data. - e desligou.

Ao se virar para voltar para a cama, Gizelly presenciou a cena que nunca imaginou que a doeria tanto: Marcela, aos prantos, já vestida e com os cabelos pingando.

— Marcela... - disse, com a voz fraca, sem conseguir completar.

Sentiu o ardor do tapa que a médica a dera no rosto e, antes mesmo de conseguir explicar qualquer coisa, a loira saiu correndo. Ouviu a porta da sala bater e, como se fosse um estalo, o corpo desmoronou em cima da cama, sentindo o peito doer como nunca.

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Peço desculpas pela demora absurda, confesso que estou com bloqueio para escrever e pensei em abandonar a fic... Talvez o capítulo não esteja muito bom e peço desculpas por isso também. Tentarei atualizar com mais frequência, de qualquer forma.

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