Conhecendo o alvo

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Ela levantou de sua cama king size lentamente enquanto se dirigia à janela. Mais um dia de frio no sul do Brasil. Sabia que era dia de descobrir qual o novo "trabalho" então foi tomar seu banho para se arrumar, mas antes decidiu checar seu celular para ver se tinha alguma mensagem do patrão.

"Rua Santos Dumont, 122. Esteja lá às 14:00."

Ela não conhecia seu patrão, só sabia o nome: Boninho. Tinha como intermediário Tiago, quem ela via com bons sonhos: alguém sério porém de confiança. Guardou o celular e se dirigiu ao banheiro. Dormia nua, então apenas ligou a banheira e entrou. Eram 12:00 e ainda tinha tempo até a hora da reunião, então pediu seu café da manhã.

Estava hospedada em um hotel de luxo no interior de Curitiba. Essa era sua vida por conta de seu trabalho: viagens e hoteis. Tinha moradia fixa em São Paulo mas passava pouco tempo em casa.

Ouviu batidas na porta e levantou para abrir, colocando antes um roupão.

— Senhora Bicalho? O café da manhã que a senhora pediu. 

— Obrigada. - Ela pegou a bandeja das mãos do rapaz e levou até à mesa, enquanto ele se retirava. 

Percebeu o olhar de interesse por parte do funcionário do hotel mas não tinha interesse. Não era movida às paixões humanas, em realidade usava-as como artifício em seu trabalho. Não se apaixonava, nunca havia se apaixonado e duvidava que isso um dia aconteceria. 

Gizelly se encaminhou para a mesa onde desfrutou de seu café da manhã com tranquilidade, enquanto mexia no celular. Não era de muitos amigos mas os que tinha era de confiança: Rafa Kalimann, Manu Gavassi e Gabi Martins. Manteu as amizades que fez ainda na época da faculdade de economia – ainda que suas amigas não sabiam qual era sua profissão de fato.

Mandou algumas fotos do local de estadia para suas amigas e postou uma em seu Instagram. Das poucas coisas que apreciava na vida, uma delas era fotografar paisagens por onde passava por conta de seu trabalho. Ficava encantada em como os detalhes se harmonizavam: as árvores, o céu, as flores... Achava bonito.

Ficou um bom tempo apenas conversando com suas amigas que contavam das novidades: Rafa ganhara uma promoção no emprego e era agora diretora da empresa onde trabalhava, Manu e Gabi decidiram seguir seus sonhos de artistas onde a primeira se dedicou à música e a segunda à publicidade. Manu fazia um sucesso considerável no Estado de São Paulo e Gabi ajudava na parte publicitária na carreira da amiga.

Nem viu o tempo passar e, quando olhou no relógio, já era 13:00. Levantou da mesa e se dirigiu à mala - que nunca desfazia nas viagens - e pegou uma calça jeans e blusa rolê preta, além de um casaco. Calçou suas botas, colocou o celular no bolso, fechou a mala e se dirigiu à recepção, onde fechou sua conta e saiu do hotel, indo em direção ao endereço que enviaram para instruções do próximo trabalho.

Era perto de onde estava então, um quarteirão depois já estava lá, batendo no portão que logo abriu e ela adentrou. Como sempre, um lugar discreto onde Tiago já a esperava sentado na mesa. E era literalmente apenas isso naquele lugar: ele e a mesa. 

Enquanto ela se aproximava, Tiago retirou um envelope do casaco e a entregou. Ela se sentou na outra cadeira, colocou a mala no chão e abriu o envelope:

"Médica. 30 anos. Estado civil: solteira. Local: São Paulo."

Virou a página e viu diversas outras informações relevantes: locais que costumava frequentar, endereços, onde trabalhava e basicamente toda a vida da pessoa. Como sempre.

— Essa médica é dona de uma rede corporativa que está sempre pessoalmente fazendo trabalhos atendendo pessoas que não deveriam estar vivas... - disse Tiago, enquanto Gizelly lia as informações.

— Aqui tem algumas fotos dela pra que você possa reconhecer. - continuou, entregando-a outro envelope.

Gizelly estava nesse emprego há anos - foi "recrutada" logo que se formou na faculdade - e estranhou a forma que seu corpo reagiu ao olhar aquelas fotos: nunca havia acontecido isso. A mulher que olhava era loira, tinha uma pintinha que considerou charmosa no bochecha esquerda e um sorriso que nunca vira antes. Ela parecia uma obra de arte de tão linda que era.

— Bonita ela né? Vê se não vai se apaixonar! - comentou Tiago, rindo, ao ver a reação de Gizelly ao olhar as fotos.

— Nunca. Eu sou profissional, você sabe disso. Ele sabe disso. - afirmou ela com firmeza.

— Sei... Assim espero. E ele também. 

— Afinal, qual o nome dela? Tem a vida inteira da mulher aqui menos o fundamental.

— Achei que reconheceria, ela é famosa no ramo... Seu nome é Marcela. Marcela Mc Gowan.

"Marcela Mc Gowan. Até o nome é bonito?" pensou Gizelly, logo balançando a cabeça para espantar o pensamento, enquanto agradecia Tiago e se levantava em direção à saída. Em direção ao aeroporto e ao novo serviço e alvo: aniquilar Marcela Mc Gowan.

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Tive essa ideia no twitter e o bando de loucas das gicelinhas apoiaram e decidi testar. Confesso que é a primeira fanfic que escrevo e publico, mas espero que gostem ❤️

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