Vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele.
As lesões formam-se devido à diminuição ou à ausência de melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados.
As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas fenômenos autoimunes parecem estar associados ao vitiligo.
Além disso, alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença.
A doença é caracterizada por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, manchas brancas na pele com uma distribuição característica.
O tamanho das manchas é variável.
O vitiligo possui diversas opções terapêuticas, que variam conforme o quadro clínico de cada paciente.
O dermatologista é o profissional mais indicado para realizar o diagnóstico e tratamento da doença.
Mas o mais importante: o vitiligo não é contagioso e não traz prejuízos à saúde física.
Arem tinha vitiligo e era vítima de bullying e preconceito na escola toda. Ele não tinha amigos e estava sempre sozinho, fingia estar tudo bem e não ligar mas era impossível. Meus colegas faziam de tudo para o pôr em baixo e nem entendia o porquê. Podiam simplesmente lhe deixar em paz, acho que já era bem difícil lidar com os maus olhares, acrescendo o bullying era impossível a vida dele.
Eu não era preconceituosa e tão pouco fazia bullying. Mas temos que concordar que você não aceita e aprende a lidar com isso do nada. E acho que por isso eu nunca o defendi, ou talvez por covardia mesmo. Tinha dó dele sim, era penoso ver o que faziam com ele mas, como fazer meus colegas pararem? Talvez estivesse a pecar também, por estar calada quando se eu falasse se calhar mudava alguma coisa, mas... Eu me calava e via abusarem dele.
Ninguém aceitava se aproximar dele, ninguém.
..........
Naquele dia estávamos todos na escola mas sem aulas. Seria o primeiro dia do interrogatório e estávamos todos assustados.
Ainda não nos tinham dito quem era o colega morto, podia ser qualquer um, a questão era se nós conhecíamos.
Estava sentada na nossa habitual mesa do recreio com meus amigos. Nos últimos dias fiquei muito próxima de Leki, ele passou a ficar mais tempo connosco, era um bom amigo e nos dávamos muito bem.
Fazia falta alguém como ele no nosso meio. Gostava de tê-lo por perto.
- Vocês já notaram que a Lueji deixou de vir à escola desde que o pai dela, o diretor foi demitido?- perguntou Dyame.
- Sim. Mesmo. Nunca mais à vi.- respondi.
- Será que ela foi expulsa ou algo assim?- perguntou Darline.
- Não sei. Do jeito que as coisas estão estranhas não me admiraria.- disse.
- O quê tanto vez aí no telemóvel?- perguntou Dyame para Núbia.
- Olhem! Um colega acabou de postar que passou pela casa do antigo diretor e...- dizia Núbia antes de parecer entrar em transe.
- O quê?- perguntamos.
- Foi a Lueji!- respondeu.
- Foi a Lueji, o quê?- perguntei.
- A Lueji, ela que se suicidou!- disse ela.
- Não brinca Nub!- disse Dyame apavorada.
- Não estou. É sério. Agora tudo faz sentido.- respondeu.
- Terem demitido o diretor. Quererem abafar o caso. Sim! Faz sentido.- concordei com Núbia.
- Isso já começa a me assustar.- disse Leki.
- A Lueji...- disse Darline em um sussurro.
Lueji não era nossa amiga e nem próxima à nós, muito pelo contrário. Não era amiga de ninguém, eu particularmente a detestava. Por ser a filha do diretor era arrogante e insuportável. Mas ela estar morta... É lamentável, mesmo.
E o diretor... Era filha dele, a única que tinha.
Ela parecia ser tão segura de si e que nada á abalava, e no fim decidiu tirar a própria vida. Se tivesse opção de escolha, escolheria ela viva. Era insuportável, sem dúvidas mas, ninguém merece morrer tão jovem e infeliz.
Me perguntava vezes sem conta porque motivo ela decidiu se suicidar. E no colégio, daquela forma. Parecia até que o motivo estivesse lá, no colégio, como se tivesse acontecido algo de ruim lá. Mas o que seria? O que era tão grave que ela não teve outra escolha?
Ela já tinha tido discussões vezes sem conta e nada parecia lhe atingir. Era detestável mas, um verdadeiro exemplo de firmeza. Já não sabia o que pensar.
- E ninguém nos vai dizer nada?- perguntou Leki.
Sim. Só agora me lembrei que podia ser tudo especulação. O novo diretor, professores e os policiais ainda não tinham nos dito quem era a aluna morta. Isso tudo podia ser só informação falsa. Apesar de fazer todo o sentido.
- Parece que não.- respondi.
- Isso é cansativo. Se a nossa turma não vai ser interrogada hoje porquê que não nos deixam ir já para casa?- perguntou Darline.
- Estou mesmo cansada.- disse ela.
- É. Eu também.- respondi.
- Você quer comer?- perguntou Leki para mim.
- Não. Estou bem.- respondi.
Apoiei minha cabeça em seus ombros, estava realmente cansada e sabia bem a sensação de ter alguém para nós quando precisamos de apoio. Partilhamos os auriculares e ouvimos música juntos até sermos liberados. Núbia não tirava o olhar sarcástico dela de mim.
Ela fazia isso só por pura diversão. Sabia que eu e Leki era só amizade. Sim. Só amizade.
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DAGBOEK.
Short StoryEsse livro é fruto da imaginação do autor. E nenhum dos personagens e acontecimentos citados nele tem qualquer equivalente na vida real. Dagboek é uma trilogia que fala sobre a vida de Nayole, uma menina de quatorze anos que entra para o ensino méd...