O tempo passava e as investigações não tinham fim. Mas o colégio tinha que seguir o seu rumo. Era época de provas e com o término delas vinha o final das aulas. Me perguntava como seriam as investigações se estaríamos todos em casa. Aquele terror iria para nossas casas também? Nos interrogariam lá também?
Tinha um monte de perguntas sem respostas. Mas tudo bem, o importante era chegar no fim disso tudo, mas teria um fim? Achariam o culpado?
- Mais dez minutos e recebo as provas, nem um minuto à mais.- disse o professor.
Provas finais causam uma ligeira pressão. Está bem. Muita pressão. São provas decisivas para a passagem de classe, e sem contar que detesto. Posso estudar aplicadamente, nunca é o suficiente, quando dou de cara com a prova parece que estudei nadinha e vem o desespero.
O sino tocou e como o professor já tinha avisado recebeu as provas e nem um minuto à mais deu. Que idiota! Parece até que nunca foi um aluno na nossa idade. Mas enfim. Tinha que entregar a prova.
Saímos da sala e lá fora o pátio já estava agitado. Uns se preparando para a saída de fim de ano escolar, uns se despedindo, outros reclamando das provas e nós só aí, sentados, na nossa habitual mesa do pátio perto da nossa sala, vendo todo mundo, ir e vir.
Chegar no fim faz lembrar do começo. Quando ninguém se conhecia, quando todo mundo andava sozinho e sentia-se o medo em todos, medo de não se enquadrar ou de não fazer amigos. Mas nem todos conseguiram, uns ainda têm tempo, como Arem, e outros já não podem, como Lueji.
Tem coisas que não precisamos passar para aprender, podia ser qualquer um no lugar de Lueji ou Arem, sem amigos e solitários. Talvez ela também se sentisse que nem Arem e só tinha aquela personalidade para se defender, porque as pessoas só são tão boas quando o mundo permite.
Se me dissessem o que viveria no meu primeiro ano no médio, certamente não acreditaria.
Mas quem acreditaria?
Um assassinato adolescente? Quem pode imaginar?
Sentada aí me sentia mergulhando no tempo. Passava as primeiras imagens do meu primeiro dia aqui e depois tudo o que se passou. As pessoas entrando na sala aonde éramos interrogados. A expressão de todos quando nos foi dito sobre o assassinato. Tinha eu só lembranças más da escola?
Leki poderia ter sido uma boa lembrança se eu não tivesse namorado e ter sido um erro ficar com ele. E Arem... Arem sim é uma lembrança boa. Sentir que fiz diferença na vida de alguém era muito gratificante. Era a única pessoa que ele considerava amiga... Núbia, Darline e Dyame eram simplesmente as melhores companhias que podia ter. Nos apoiamos muito durante o inferno todo que passamos na escola. Então sim, tinha lembranças boas. Mas era só o começo.
O meu primeiro ano do ensino médio...
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DAGBOEK.
Short StoryEsse livro é fruto da imaginação do autor. E nenhum dos personagens e acontecimentos citados nele tem qualquer equivalente na vida real. Dagboek é uma trilogia que fala sobre a vida de Nayole, uma menina de quatorze anos que entra para o ensino méd...