Killua Zoldyck...
Viro a esquina da minha casa na maior velocidade que posso com o skate. A penumbra da noite caiu sobre York Shin, mergulhando as ruas exclusivamente residenciais em um silêncio profundo, como já passou das nove horas, tem apenas algumas pessoas voltando para suas casas com uma expressão exaustiva.
Gosto de sair nesse horário, em que consigo me concentrar apenas na música que sai do fone de ouvido, e o fluxo de pessoas é reduzido ao ponto de que posso andar na calçada sem esbarrar com alguém a cada passo.
Derrepente a música para, encosto em um poste de luz e pego o celular. O nome do Gon aparece na tela, e junto com ele um sorriso em meus lábios passa a se formar. Atendo a ligação.- Oi Kill.
- Oi. Como você está?
- Bem... cansado, teve muito trabalho hoje, e estou meio ansioso para saber como fui na prova.
- Não esquenta com isso, certeza que você foi bem.
- Eu não teria tanta certeza disso - ele ri.
- Estou com saudade de você.
- Eu também estou, faz quase um dia que não te vejo. As horas parecem passar lentamente.
Um meio sorriso se faz presente em meu rosto.
- Não quero atrapalhar seus estudos, já que essa semana você ainda vai ter muitas provas .
- Discordo. Acho que é um incentivo. - ele fica um tempo em silêncio, posso ouvir sua respiração - Você... está na rua?
- Sim. Sai para dar uma volta.
- Então... se você quiser ... assim, só se quiser. Pode passar aqui só para conversar um pouco... Claro que é apenas se não for atrapalhar.
Quase que consigo ver a expressão do Gon ao dizer essas palavras, o leve desvio de olhar com as bochechas avermelhadas, fazendo com que meu coração se acelere desenfreadamente. Dou uma risada baixa.
- Isso é um sim?
- É. Já chego aí. Deixa a janela aberta.
- Não é mais fácil entrar pela porta?
Ele ri.
- Não quero acordar sua tia com o barulho.
- Isso é uma desculpa muito mal elaborada.
- Certo. - sorrio por um tempo antes de voltar a falar - Já chego. E não vou entrar pela porta.
- Tanto faz desde que você esteja aqui. Até daqui a pouco.
- Até...
Após alguns segundos ouvindo sua respiração a ligação se encerra.
A música volta a tocar, e eu tomo impulso e sigo para a casa do Gon, com um sorriso incapaz de ser contido nos lábios. Quando chego na rua dele, paro o skate o colocando em meus braços, dou um passo e tenho a leve impressão de algo ter se movido atrás de mim, desconfiado olho para trás, e volto um pouco, mas não vejo nada... será que estou ficando paranóico demais? Dou de ombros e volto a andar, porém ainda com essa sensação inquietante de estar sendo observado. Paro em frente o café e olho para os lados pela última vez.
- Kill- olho para cima e vejo o Gon me encarando da janela com um sorriso no rosto, me fazendo sorrir e a horrível sensação ir embora.
- Pega - jogo o skate o mais alto que posso em direção a janela, em um reflexo rápido ele pega antes que o mesmo caia novamente.
Quando ele se abaixa para colocá-lo no chão eu pulo no canto em cima do toldo da cafeteria, me jogo para cima e seguro na placa.
-Você vai cair - sua voz está com um tom de preocupação.
Abro um meio sorriso, e me arrumo, olho para o chão e para a janela, flexiono as pernas e com um salto pego impulso na parede alcançando a janela, assim que minhas mãos a segura sou puxado para dentro com certa força, fazendo com que eu caia, mas antes que chegue ao chão os braços do Gon me envolvem fortemente.
Olho para seu rosto iluminado pela luz branca da lâmpada e abro um sorriso.
- Boa noite -ele sorri e me encara, ainda segurando meu corpo se curva, a milímetros de meus lábios, sua voz vem sussurrada.
- Boa noite - meu corpo se arrepia ao sentir seus lábios nos meus. Envolvo seu pescoço o puxando para mais perto. Meu coração se acelera. Droga. Como eu estava com vontade desses lábios. Nos afastamos lentamente, os narizes se roçam e um fio de sua respiração atinge meu rosto.
Aos poucos sou soltado de seu aperto, e quando dou um passo para trás vejo que seu rosto está levemente corado.
- O que estava fazendo? -ele aponta para o lençol bagunçado na cama.
- Deitado.
Tiro meus sapatos e deito na ponta de sua cama, olho para ele.
- Me acompanha?
Ele assente e vem até a cama, se abaixa lentamente, mas para minha surpresa ao invés de deitar no travesseiro ele coloca a cabeça em meu peito.
- Estou com frio -rio baixo.
- Essa é uma desculpa muito mal elaborada.
Ele olha para mim e ri enquanto se aconchega mais em meu corpo, fazendo com que eu o rodeie com o braço esquerdo. Olho para baixo e vejo que seus olhos estão fechados.
- Está com sono?
- Não. Só estou aproveitando um pouco.
- Como foi seu dia ?
- Mesma rotina de sempre praticamente. O café estava bem movimentado e o cliente estranho apareceu de novo - levanto a sobrancelha.
- Cliente estranho?
- Não te falei?
- Não.
- É um cliente que apareceu outro dia. Com os cabelos metade de uma cor metade de outras, as duas tatuagens em baixo dos olhos praticamente. Ele me dá arrepios.
Fico estático por um momento e o aperto em meus braços.
- Gon, por favor tenha o mínimo de contato possível com ele.
- Por que ?
- Ele... É o Hisoka, namorado do meu irmão.
O esverdeado levanta o rosto bruscamente me encarando.
- Namorado? Mas sua família não aceita que vocês tenham contato com outras pessoas... - respiro fundo.
- O Hisoka não é uma exceção. Ele fazia alguns trabalhos com o Illumi, ele tem muito nome entre as gangues, já feriu quase mortalmente o líder da Genei Ryodan.
Após algum segundos de silêncio ele me encara.
- Genei Ryodan... aquele grupo criminoso da Cidade Cometa? -assinto.
- Mas isso faz alguns anos. O Hisoka fazia parte dela, quando teve o caso do leilão de peças valiosas e raras em York Shin.
Ele franze a testa.
- Lembro disso. Saiu nos jornais. É um grande evento, minha Tia ficou muito preocupada porque muitas gangues e máfias estavam por aqui nessa época. Viajamos para uma cidade do interior junto com o Kurapika e o Leorio. Ela ficou bem assustada, como se estivesse com receio de alguma coisa... a tia Bisky que nos levou para a praia, junto com o tio Kaito.
Olho para ele.
- Kaito? - tenho a leve impressão que já ouvi esse nome... mas tento buscar nas minhas memórias sem sucesso.
- Ele era amigo do meu pai também. Bem próximo. Ele vive me falando que aprendeu muito com ele, apesar que ninguém fala muito sobre ele ou sobre o acidente- ele dá de ombros - mas continua a história- ele se vira de bruços, com o rosto apoiado em suas mãos.
Aperto a bochecha dele.
- Você fica muito fofo assim -Seu rosto cora.
- Continua a história - Rio.
- Ok - respiro fundo - Naquela época eu ainda morava em Kukuroo, só tinha vindo para York Shin poucas vezes, mas meu pai veio junto com meu avô para cá, eles foram contratados para matar o Kuroro Lúcifer, mas não conseguiram.
- Onde o Hisoka entra nessa história?
- Ele estava trabalhando secretamente com meu pai, foi aí que ele conheceu o Illumi, mas parece que ele tinha um certo fascinio pelo Lúcifer, o Hisoka é meio sádico e as vezes tem um interesse absurdo pelas pessoas fortes, como se gostasse da ideia de ter o perigo em um embate- oGon mantém os olhos fixos em mim, atentamente preso em cada detalhe - Isso acabou atrapalhando um pouco, porque o Hisoka colocou seus desejos na frente, que foi notado pela Pakunoda, que é um dos membros da Genei Ryodan, ela é uma mestra da linguagem corporal e dedução, como se visse dentro de você... por fim o grupo fugiu antes que o cerco fosse feito, mas levou junto todo o arsenal do Leilão.
- Eu li no jornal que tudo foi roubado. Mas não lembro de ter alguma menção a Genei Ryodan - assinto
- Muita coisa acontece por trás.
Ele assente surpreso.
- Então o Hisoka é realmente perigoso não é?
- Mais do parece.
O Gon levanta e deita em cima de meu corpo fazendo com que eu core violentamente.
- Isso me fez ter arrepios. Preciso de calor humano agora - deixo um riso leve escapar.
- Calor humano?
Ele olha para mim e assente.
- Ok- prendo meu olhar em seus olhos descendo para seus lábios antes de toma-los.
Meu coração se acelera e meu instinto reage, prendendo cada milímetro de seu corpo ao meu.
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A Luz da Minha Escuridão *Killugon*
Fanfiction"Com um estrondo o corpo do homem cai no chão. Quando meu celular começa a tocar, instintivamente olho para o rosto do assassino, que me fitava. Me vejo imerso na tempestade azul de seu olhar durante alguns segundos, ele dá um passo que faz com que...