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Gon Freecss...

Quando acordei a Mito havia me dito que o Killua foi encontrar um amigo, estranhei porque ele não tinha me dito nada na noite anterior, mas mandei mensagem quando desci para o café, ele me disse que já estava voltando, então não pensei muito no assunto.
   
Falei um pouco com a tia Mito sobre o encontro da mesma com o Gotoh, e ela me disse como foi com um brilho tão belo em seus olhos que revelavam os sentimentos ocultos em seu peito.
 
Hoje o movimento está mais intenso que o normal para um sábado, talvez pelo clima frio que sempre atrai mais pessoas, isso é muito bom para o lucro do café, mas por outro lado faz com que o dia de trabalho seja muito mais intenso e cansativo. Por isso, não tive tempo de falar para o Kurapika o que aconteceu ontem, e prefiro dizer quando tiver menos pessoas por perto.
- Aqui seu café com leite - entrego para o homem que abre um sorriso.
- Obrigado.
 
Assinto com um sorriso em resposta e acompanho com o olhar o homem caminhar até uma das mesas. Fecho a gaveta do caixa, no momento que o Kura para ao meu lado e estica os braços.
- Acho que dormi de mal jeito, estou com dor nos braços- olho para ele.
- O Leorio deve ter caido por cima de você a noite - o mesmo assente.
- Talvez tenha sido isso- abaixo para pegar mais copos descartáveis que estão quase chegando ao fim. Ao me abaixar, o meu uniforme acabou caindo levemente, deixando parte do meu pescoço exposto.
- O que vocês fizeram ontem?
- Hã? - olho para o loiro que estava com um sorriso sugestivo, seu olhar cai para meu pescoço e rapidamente me levanto colocando os copos no balcão, para arrumar a gola da minha blusa.
 
Me viro encarando o Kura que fixa em mim por um tempo.
- Meu Deus vocês tran...- rapidamente me movo colocando minha mão em cima de sua boca. Olho para as pessoas nas mesas, algumas nos encaravam com curiosidade.
- Você é muito discreto sabia?  - ele morde minha mão fazendo eu recuar.
- Fiquei surpreso - ele se aproxima de mim - Agora... quero o relato.
 
Coro e desvio o olhar.
- Você sabe... A gente se beijou e aconteceu - o Kura coloca a mão no meu ombro fazendo eu olhar para ele.
- E você está bem? Sabe... andando normal?
 
Ele cerra os olhos me fazendo rir.
- Sim, estou andando normal. Ele foi gentil comigo - meu rosto antes levemente corado se torna extremamente vermelho.
- Eu sabia que seria - ele solta meu ombro e se apoia no balcão- Quer dizer, só olhar para a forma que ele te trata ou te olha, ele nunca faria nada de qualquer natureza que pudesse realmente te machucar, apesar que...- ele olha para meu pescoço de relance- Não parece ter sido tão dócil - rio.
- E você e o Leorio?
  
O loiro desvia o olhar.
- Estamos bem... quando voltamos para casa ontem voltamos a assistir a série que acompanhamos juntos.
- Só isso?  - ele assente.
- Só isso... A gente não é tão frenético assim.
  
Ele me encara e noto que a ponta de sua orelha está vermelha.
- Ele também me contou mais sobre os planos da viagem que vamos fazer juntos - abro um largo sorriso.
- Tenho boas impressões sobre esse fim de semana que vão estar juntos.
- A gente mora junto.
 
Dou de ombros.
- Mas vai ser especial, um ambiente propício para...
- Olha estão me chamando na mesa dois.
- Você nem esperou eu terminar de falar.
- Estão me chamando. Depois você termina - vejo ele se afastar e abro um sorriso.
- Oi - viro na direção da voz, uma mulher está parada na frente do balcão.
- Bom dia, no que posso ajudar?

Killua Zoldyck...

Coloco o copo na mesa e encaro o homem na minha frente.
- Então será assim mesmo? - ele assente.
- Falou para o Gon?
- Não - ele se curva e me encara.
- Não me olha assim, você conhece o Gon a mais tempo que eu. Deve saber que se eu falar ele não vai deixar eu ir, ou até pior, vai querer estar comigo. Eu não vou arriscar deixando ele exposto, e sem mim o Hisoka foge antes mesmo de vocês se aproximarem.
 
O Kaito toma um pouco do café e coloca a caneca na mesa. Seu olhar para no vidro ao nosso lado e encara a rua por um tempo.
- Você se importa com o Gon não é? - ele não desvia o olhar, continua olhando atentamente para a rua através do vidro.
- Eu me importo mais com ele do que comigo mesmo.
  
Seus longos dedos pálidos levam um fio de cabelo para trás da orelha.
- Se eu fizesse essa mesma pergunta que te fiz agora para ele, que resposta acha que eu receberia? - seu olhar profundo para no meu. Abro os lábios mas não sai nenhuma palavra. Abaixo o olhar- O que ele me diria Killua? - respiro fundo.
- Que ele... se importa comigo, mais do que se importa com ele. Ele... daria a mesma reposta- levanto o rosto o encarando.
 
Ele não balança a cabeça, não faz menção de dizer algo, apenas fica me encarando em silêncio por um tempo, me deixando um pouco desconfortável.
- Sabe... você precisa entender que não está mais sozinho.
- Eu sei muito bem disso - o albino balança a cabeça em negação.
- Eu falei que você precisa entender, saber você sabe, mas você não entende. - meu peito parece queimar e não consigo formular uma resposta - Killua - olho para o Kaito fixamente - Um relacionamento é feito de duas pessoas com defeitos, com erros e acertos. Bons momentos e outros ruins... o mundo não fica melhor porque você está amando alguém, as coisas dão errado as vezes, e em alguns casos a gente corre riscos em busca de uma solução. Mas sabe a diferença de enfrentar tempos ruins sozinho e com alguém?
 
Balanço a cabeça em negação lentamente.
- É que alguém se importa tão profundamente que... A única coisa que vai importar é passar por isso juntos, lado a lado, passo a passo. No mesmo caminho, sem ligar para as adversidades que possam surgir. Eu não estou falando para você colocar o Gon frente à frente com o Hisoka, eu mesmo não vou correr o risco de colocar a Bisky lá, porque ela tem a Alluka e eu nesse momento me importo demais com as duas para correr esse risco... Mas eu sei que ela se importa comigo na mesma medida, eu pedi para que ela não fosse nessa missão comigo, eu vou sem minha parceira.
- Você contou para ela? - ele assente.
- E eu contei porque eu sei como me sentiria se soubesse que ela estava em um lugar com alguém perigoso sem mim. Eu teria medo, e o medo me faria fazer coisas estúpidas, como correr até onde ela está sem ligar para nada, e minha imprudência poderia fazer ela perder a vida. Entende? - ele toma mais um pouco do café antes de voltar a falar- Eu sei que eu vou fazer tudo certo, eu sei que não vou perder o foco, porque na minha mente vou lembrar que ela está me esperando voltar, e eu tenho que voltar para as pessoas que eu amo.
 
Ele abre um sorriso leve e leva a mão até a minha.
- Pensa um pouco no que fazer, porque as vezes, no intuito de proteger alguém fazemos o oposto - olho para ele e assinto.
- Eu vou pensar.

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Onde histórias criam vida. Descubra agora