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Gon Freecss...

Vejo a Mito se afastar até entrar em seu quarto. Ficamos um bom tempo organizando o café para amanhã, e preparando as massas para deixar algumas prontas e facilitar o serviço. O Killua acabou subindo um pouco antes, quando deu a hora de tomar seus remédios.
  
Passo a mão no meu cabelo, ainda um pouco úmido do banho e abro a porta do quarto. Vejo imediatamente o Killua estirado no tapete, com os olhos fechados e a respiração lenta... Abro um sorriso... ele está dormindo.
 
Sem fazer barulho caminho até perto dele e me deito ao seu lado, sinto as penugens do tapete em meu rosto, mas não me incomodam nem um pouco. Apenas fico aqui em silêncio, olhando para a pessoa ao meu lado, cada pequeno detalhe. Desde os fios médios do cabelo branco que caem em sua testa, aos cílios longos que fazem sombra em sua bochecha... A pele exposta pela regata, e seu peito que sobe e desce devagar... ele está tão calmo.
 
Inconcientemente levo minha mão até perto de seu rosto, sua respiração quente bate em meus dedos. Fecho os mesmo e com certa relutância afasto minha mão de seu rosto, quando seus dedos finos me agarram com força, meu corpo é puxado bruscamente até o albino.
 
Olho para ele surpreso, seus olhos cravados em mim fazem com que a palavras sumam de minha mente por alguns segundos.
- Você não estava dormindo? - ele sorri.
- Não, só estava descansando um pouco.
 
Reviro os olhos, ainda sentindo seus braços ao meu redor fortemente.
- Eu fiquei como um idiota te olhando, se soubesse que estava acordado teria falado com você - ele ri.
- Me desculpa- seu rosto se abaixa e rapidamente sinto um selar em meus lábios- É que você estava muito lindo tão quieto ao meu lado. Você me olha assim sempre que estou dormindo?
  
Sinto meu rosto corar violentamente e desvio o olhar, focando na direção oposta que o albino está.
- Você está muito convencido - ele ri e deita a cabeça na curvatura do meu pescoço.
- Tem razão.
  
Sua respiração é a única coisa que posso ouvir além das batidas do meu próprio coração, e só o que sinto é o calor de sua pele na minha. Algumas lembranças invadem minha mente, e não posso deixar de sorrir com cada uma delas. Como se meus momentos ao lado do Killua, passassem como um filme na minha cabeça.
- Kill, por que você não anda mais com o skate?
- O skate? - assinto, ele dá de ombros.
- Quando tudo aquilo aconteceu eu fingi que li a lista das coisas que levaram da minha antiga casa, não faço ideia de onde ele ficou no meio dessa bagunça  toda.
- hum... mas você não sente falta de andar com ele por ai? - o albino nega.
- Vamos dizer que o skate era uma espécie de fuga portátil, sempre ia estar ali quando eu quisesse ir para bem longe. Dar um tempo de tudo que acontecia - ele fica em silêncio por um tempo - Quando sua vida é algo que te faz... sentir como se quisesse sumir, qualquer coisa que te faça ficar desligado da realidade por um tempo é muito bem vinda... Hoje, posso dizer que tenho mais motivos para estar aqui do que para não estar...
  
Levanto meu olhar o encarando.
- Isso quer dizer que você está feliz?- um sorriso se curva aos poucos em seu lábio, seu polegar passa pelo meu queixo lentamente, até subir para os meus lábios.
- Você me faz a pessoa mais feliz do mundo.
 
Sorrio enquanto levo minha mão até o lado de seu rosto.
- É um sentimento mútuo - ele sorri e aproxima, fecho os olhos enquanto sinto seu sabor... suas mãos delicadas em meu corpo e meu coração que bate como um louco. Não importa quantas vezes eu tenha esse tipo de contato com o Killua, minha mente sempre  irá se embaralhar, meu corpo sempre irá sentir cada ato e movimento ao extremo, meu coração baterá no mesmo ritmo frenético.
 
Nos afastamos lentamente.
- Sua boca está vermelha - falo baixo fazendo o albino rir.
- É porque sou muito pálido - assinto.
- Parece que nunca viu o sol - ele dá de ombros.
- Quem precisa do sol? Eu tenho você - levanto a sobrancelha confuso.
- O que eu tenho de igual com o sol?
- Não é igual - ele me olha - É você que me aquece e dá luz para meus dias cinzentos.
 
Olho para o Killua e começo a rir.
- O que tem de tão engraçado?
- Você... É muito brega as vezes - ele ri e desvia o olhar.
- Eu só tento ser romântico. .
- E é, o namorado mais doce - dou um beijo em sua bochecha - mais fofo - dou outro beijo - Que eu poderia ter.
  
Seu rosto fica levemente corado.
- Você fala de mim, mas é tão doce que me dá diabetes - olho para ele.
- Isso é uma reclamação?
 
Sua cabeça se balança negativamente, seus braços me rodeiam e me puxa, fazendo com que eu caia em cima dele. No momento que meu corpo bate no seu, seus olhos se apertam.
- Minha perna...minha perna.
- Ah, verdade ... verdade... sua perna- saio de cima dele rapidamente e coloco a mão no curativo, ele morde os lábios.
- Está doendo muito?
- N..Não - ele olha para mim e abre os braços.
- Deita comigo.
- Você não estava com dor?
 
O mesmo assente.
- Mas vai melhorar - começo a rir.
- Você levou uma facada, precisa levar mais a sério os seus ferimentos. Mesmo quando estava no hospital , era teimoso e insistia em fazer as coisas sozinho, mesmo não conseguindo nem andar direito.
- É que eu sou muito forte.
- Mas não é imortal. E tem um sistema completo, você sente dor também.
- ok, você venceu.
- O que? - ele se arrasta para se sentar e estica a mão.
- Me ajuda a levantar para ir para a cama.
 
Abro um sorriso e me levanto, minha mão encontra a sua.
- Levanta devagar.
- Pode deixar.
  
O puxo lentamente, colocando o seu corpo próximo ao meu, para que se apoiasse em mim. Dou alguns passos até chegar na cama.
- Agora é só... - derrepente sou jogado na cama, mas como se não bastasse o corpo do Killua me pressiona no colchão.
- sai...
 
Ele ri e deita a cabeça no meu peito.
- Quero dormir assim.
- Mas eu não quero - minhas palavras fazem o albino rir mais ainda.
- Só um pouco...
- Não.
 
Com certa dificuldade consigo afastar o mesmo de mim e fazer com que se arrume apropriadamente na cama. Deito ao seu lado.
- Toma- o Killua me entrega o livro que já estava do lado do travesseiro - sorrio.
- Pode deitar no meu peito enquanto leio.
 
Ele sorri largamente com as maçãs do rosto coradas, enquanto se aconchega... As vezes ele parece uma criança...

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Onde histórias criam vida. Descubra agora