Capítulo 3

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Temari//

Entrei no meu quarto e encontrei a roupa que deveria usar no meu "noivado" em cima da cama, uma camisa branca, uma saia azul marinho de cintura alta e uma faixa vermelha pra amarrar na cintura.

Tomei um banho rápido, arrumei meu cabelo amarrando-o em dois rabos, me troquei e amarrei minha bandana em meu pescoço. Não pude deixar de pensar que, se fosse um casal comum, isso não seria necessário.

Na hora marcada, fui para a último andar do prédio, todos já estavam presentes. Assim que me aproximei, os conselheiros começaram dar as instruções de como tudo aconteceria.

- Gaara falará primeiro, e, então, Naruto. Por último, eu darei minha benção ao casal. Finalmente, vocês selam o noivado, dando fim à cerimônia.

- Selam o noivado?! - falei. Já havia entendido o que aquilo significava, mas me recusava a acreditar.

- Você quer dizer que a gente deve...se...beijar? - Shikamaru perguntou mais direto. Estava claro que ele também estava desconfortável com ideia.

- Exatamente. É a tradição - explicou o conselheiro.

Nenhum de nós dois disse mais nada, não havia o que questionar. Ambos ficamos em silêncio.

Eu refletia, em um canto, o que estava prestes a acontecer e ignorava a correria ao meu redor. Após alguns minutos, olhei em direção a Shikamaru, ele já estava me observando. Nesse momento nossos olhares se encontraram e, instantaneamente, os desviamos, olhando para qualquer outro lugar. Eu tinha ficado muito sem graça, e, com certeza, ele também.

Às 16h em ponto, fomos chamados para subir ao terraço para o início do evento.

Gaara, como líder da aldeia, começou cumprimentando todos que estavam presentes. As pessoas, lá em baixo, estavam vidradas nele, esperando para saber que anúncio faria. Meu irmão foi breve, não demorou a revelar o motivo daquela cerimônia e falou como ficava feliz com a união, tanto em relação a mim e Nara, quanto sobre as vilas.

15min depois, Naruto já tinha terminado seu discurso, em nome da Konoha. Ele se apresentava mais empolgado que meu irmão, foi muito simpático e dava pra notar que conquistara seus ouvintes.

Finalmente, o ancião de Suna se pôs a falar. Logo, eu e Shikamaru fomos chamados e paramos cada um a um de seus lados. O conselheiro recitou vários votos sobre promessa e compromisso, que seria o significado de um noivado. E, então, veio a fatídica frase.

- Dito isso, vocês podem selar seu compromisso, sua promessa.

Nessa hora, o homem de cabelos negros à minha frente me encarou, eu fiz o mesmo. Nenhum de nós sabia como fazer aquilo. Então, Shikamaru se aproxima rapidamente, e, antes que eu pudesse entender o que de fato estava acontecendo, passou sua mão em minha cintura, colocou a outra em meu pescoço e me beijou.

Como sabia que isso eventualmente aconteceria, logo recobrei a consciência e correspondi o beijo, passando minhas mãos em volta do pescoço dele. O que foi mais surpreendente, para mim, foi notar que aquilo não era tão ruim. Não mesmo.

...

Shikamaru//

Após alguns segundos, que pareceram uma eternidade encarando Temari, cheguei a conclusão de que quanto mais cedo aquele beijo começasse, mais cedo terminaria. Então, em um impulso súbito, beijei-a.

A loira não me respondeu instantaneamente, mas não demorou a me envolver com seus braços. O beijo começou de maneira forçada, mas terminou bem calmo, o que era, no mínimo, peculiar.

Quando nos separamos, os cidadãos de Suna aplaudiam aos pés do edifício, e nós estávamos muito sem jeito.

Gaara terminou a cerimônia e finalmente entramos no prédio.

- Foi um evento em tanto, hein - Naruto comentou, rindo.

- Pode-se dizer que saiu tudo como planejado - disse o Kazekage concordando.

- É, isso também - o Hokage tinha um olhar malicioso.

Me mantive em silêncio, assim como minha "noiva".  

Mal tive tempo de me recuperar do que acabou de acontecer e o conselheiro já chamava dois genins e pedia a um deles para ir comigo no meu quarto, para que eu pegasse minhas coisas, e me acompanhassem até meu novo aposento. O outro faria o mesmo com Temari.
Foi um processo rápido, não tinha trazido muitas coisas e o trajeto até o novo quarto não era longo.
Ao chegarmos à porta, o genin que me acompanhava parou e se virou para mim.

- Esse é o quarto - o genin indicou com a cabeça e me entregou uma chave- Sabe, você é um cara de sorte. Faça nossa princesa feliz.

Me limitei a agradecer e dar o sorriso mais simpático que conseguia, seria mais fácil do que mentir mais. E ele se retirou.

Sorte? Por casar com Temari? Duvido. Ela é complicada demais.

Com esse pensamento abri a porta e entrei no quarto. Temari já estava lá, arrumando várias roupas no guarda roupas.

- Sua parte é aquela ali - disse Temari, sem olhar para mim e apontando para as duas primeiras portas do armário. Ela tinha ficado com uma parte a mais, mas não discuti. Não tinha muitas coisas comigo, eu estava só de passagem e ela morava ali.

Quanto ao fato de não me encarar, também estava mais confortável assim, considerando o que acabara de acontecer.

- Aquela cômoda fica para os instrumentos de missões, duas gavetas para cada - ela indicou o móvel baixo que ficava na parede em frente à cama, olhando para ele.

O clima estava estranho, acabamos de nos beijar e estávamos presos no mesmo quarto.

- Pelo visto, já tem tudo organizado - comentei, debochado.

Ela olhou em minha direção pela primeira vez desde que entrei, e me lançou um olhar nada agradável.

- Espero que fique feliz com o sofá - seu tom era irônico.

Encostado em baixo da janela havia um sofá bege de dois lugares.

- Já é melhor que o chão, que é onde achei que dormiria - nós não dividiríamos a cama, com certeza, pensei.

Esse comentário não a deixou nada feliz.

Uma história de amor e ódio {{Shikatema}}Onde histórias criam vida. Descubra agora