Capítulo 11

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Shikamaru//

Abro a porta do meu quarto e dou espaço para Temari entrar. Noto que ela observava o cômodo e seu olhar para sobre minha cama. Ela deve estar tão cansada quanto eu, depois de passar a noite em claro.

Passo por ela e coloco minha mochila num canto da parede. Tento agir normalmente e ignorar esse clima um tanto diferente que paira entre nós.

-Pode deixar a sua aqui também.

-Obrigada - ela responde, fazendo o mesmo que eu havia feito.

-Você deve estar cansada. Não quer deitar e dormir um pouco?

Ela parece sem graça.

-Você deve estar cansado também. Ficou de vigia.

-Essa cama é grande o suficiente para nós dois - começo a falar e vejo o rubor aparecer em sua face - Já dormimos juntos em uma barraca, não acho que seja tão diferente - completo, tentando consertar a situação.

-Só que é diferente - ela diz baixo e, agora, um biquinho se forma em sua boca.

Em um ato impulsivo, dou dois passos em sua direção, e me paro.

Como eu queria beijá-la agora. 

Mas não sei como ela reagiria. Provavelmente de maneira bem agressiva.

Respiro fundo.

Ela me encarava, esperando minha próxima ação.

-Prometo ficar na minha metade da cama - digo, tentando quebrar o gelo, a pesar de não ser bom nisso.

Ela dá uma leve risada.

-Olha, ambos estamos cansados e nossa missão ainda não acabou e nem tem previsão de acabar. Dormir na cama vai fazer com que nos recuperemos muito mais do que dormir no chão - falo calmamente.

-Você tem razão - ela olha para baixo.

Eu dou a volta na cama e começo a tirar meu colete. Temari vira de costas rapidamente, logo suas mãos alcançam o laço que prende seu leque a suas costas e o solta.

Sinto um frio na barriga.

Não é hora para isso, Shikamaru. Minha consciência me repreende.

Me deito e, logo em seguida, Temari também o faz. 

Estávamos ambos tensos, fazendo o possível para não nos mexermos e não nos tocarmos. Mas o cansaço logo me vence e apago.

...

Depois de um bom tempo de sono, desperto. Com a visão ainda turva, sinto um peso sobre meu corpo. Pisco algumas vezes e, então, reconheço o cabelo loiro sobre meu ombro.

Temari estava dormindo em meu peito. Não demoro a notar que nossas pernas estavam entrelaçadas e meu braço direto a segurava próxima, impedindo-a de se afastar.

Era uma posição muito confortável e aconchegante. Mas esse momento de paz durou pouco. Ela se mexeu levemente, mas meu corpo todo sentia cada ato dela. E se ela acordasse e nos encontrasse assim? Acharia ser minha culpa?

Fiz o melhor que pude para me safar dessa situação, fechei os olhos e fingi continuar dormindo. Quem sabe, com sorte, cairia no sono novamente?

Temari//

Fui acordando aos poucos e uma sensação familiar me invade. 

Não é possível.

Abri meus olhos e pisquei algumas vezes para ajustar minha visão.

É possível.

Estava dormindo abraçada a Nara DE NOVO. Temari, o que você está arrumando?

Observo seu rosto por alguns segundos, ele parecia tranquilo. Tenho a oportunidade de prestar atenção em seus detalhes, o que faço sem ao menos notar do que fazia, cabelos bem pretos que nunca ficavam no lugar, sobrancelhas finas, olhos levemente puxados, seus brincos de argola pequenos e prateados, tudo lhe dava um ar de certo mistério. Paro em sua boca.

É, então, que ele acorda. Levanto meu olhar e encaro seus olhos, me perdendo neles. Como se estivesse hipnotizada, aproximo meu rosto do dele, apoiando em meu braço para conseguir alcançá-lo.

Suas sobrancelhas se franzem, demonstrando que ele ainda não entendia muito bem o que se passava, mas seu corpo não recuara um centímetro se quer. 

Poucos segundos se passam, e seu olhar desce até minha boca e volta para meus olhos. Ele queria o mesmo que eu.

Com essa confirmação, tomo coragem e me aproximo, de vagar, ainda mais de seu rosto e, então, finalmente, uno nossos lábios. Ele me corresponde no ato.

O que começou como um beijo calmo, logo se torna urgente e cheiro de desejo. Passo meus braços por seu pescoço, deixando o peso de meu corpo cair sobre o dele. Sinto sua mão esquerda em minha cintura, me segurando firme, enquanto a direita pousava em minhas costas, me mantendo perto de si.

Somos interrompidos por uma batida na porta e levo um susto, me distanciando rapidamente de Shikamaru e me sentando na cama.

-Pode entrar - ele diz, alto e irritado.

Senhora Nara adentra o quatro e sinto minha bochechas queimarem.

Ela não sabia o que estava acontecendo naquele lugar até sua entrada. E, bom, tecnicamente, não era nada errado ou que deveria ser escondido, tecnicamente já estávamos comprometidos e somo grandinhos o suficiente. Mas não podia evitar, por mais que tentasse, ficar envergonhada.

-Já são mais de 14h e vocês não comeram - ela fala em tom de preocupação -  O almoço ainda está morno.

-A gente estava muito cansado - Nara justifica.

-Imaginei mesmo - Yoshino fala - Mas agora é hora de comer. Vamos!

Não sei porque, mas tive a impressão que era melhor obedecer. Me levanto da cama e arrumo meu cabelo rapidamente, enquanto seguia os Nara até a cozinha.

Eu estava faminta e a comida, maravilhosa. Foi difícil manter a educação e não devorar tudo.

O almoço se passou em total silêncio.

-Obrigada, senhora Nara - sorri - Estava tudo ótimo.

-Imagina. E não precisa do senhora, me chame de Yoshino - ela também sorriu.

Escutamos batidas na porta. Shikamaru, que estava em silêncio, apenas observando, se levantou.

-Eu atendo.

Uma história de amor e ódio {{Shikatema}}Onde histórias criam vida. Descubra agora