Capítulo 4

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Temari//

Esse garoto acha que pode insinuar que sou frágil e folgada, agora eu vi.

- Você quer dizer que eu sou princesinha demais? - o encarei - A gente vai revezar no sofá.

- Que problemática. Não acho você delicada, pode acreditar. Achei que dormiria no chão porque aqui é a sua casa, não a minha - ele falou tranquilo.

-Então ia me oferecer o chão para dormir em Konoha daqui dois dias? - disparei

- Não me incomodaria com isso. Você é uma ótima kunoichi a final, está acostumada - ele deu de ombros.

O elogio me pegou de surpresa, devo admitir.

- Mas tenho certeza que não vai ser necessário. Nossos aposentos lá devem ser tão adequados quanto esse aqui - ele continuou.

Se o motivo de ele presumir que eu ficaria com a cama era aquele, não via problema, mas não voltaria atrás.

- Está bem, então. Mas ainda revezaremos a cama - conclui.

Ele virou os olhos, mas não me contestou.

Continuei arrumando minhas coisas e Shikamaru começou a arrumar as dele. Mesmo que eu tenha começado primeiro, ele terminou antes de mim, então tirou o casaco e foi tirar com cochilo no sofá.

Me distraí organizando meus equipamentos de missões e quando notei já era quase 20h da noite. Meu estômago roncou.

- Nossa, já está escuro - comentou, bocejando.

- Pois é, você capotou, preguiçoso - respondi.

- Não tinha mais nada pra fazer, isso não é preguiça - falou simplesmente.

Ia responder, mas meu estômago roncou de novo.

-Tem alguém com fome - ele sorriu. - Também, estou. Você podia me apresentar algum lugar para comer. Ambos estamos com fome e seria bom para a missão.

- Seria unir o útil ao agradável - concordei. - Estou terminando aqui. Em 20min estou pronta.

- 20 minutos? - perguntou indignado.

- Sim. Vou terminar aqui e trocar de roupa - expliquei, já perdendo a paciência.

- Que complicada - falou entediado.

Virei os olhos e continuei meu trabalho para acabar logo e finalmente comer. Não valia a pena discutir, ele não entenderia, levaria muito tempo e estou faminta.

Ao finalizar, peguei um quimono preto mais curto e mais confortável - ainda estava com a roupa da cerimônia. Fui me trocar no banheiro e em 5 minutos voltei.

Shikamaru já estava encostado no batente da porta, me esperando para sairmos. Passei por ele e esperei que trancasse a porta para seguirmos em direção as escadas. Nosso quarto era no segundo andar, e seria apenas um lance de escadas até o salão de entrada do prédio, então me adiantei sobre onde iríamos.

- Você gosta de nikuman? - falei, após alguns minutos em silêncio, quando chegamos ao pé da escada.

- Gosto, apesar de ter comido poucas vezes. Não é muito comum em Konoha - ele explicou.

- Tem um restaurante aqui perto que serve um muito bom - sugeri.

- Pode ser, então. 

Andamos 4 quarteirões praticamente em silêncio, de vez em quando o observava e o pegava me observando também e logo nos virávamos, sem graça. Não tinha parado para reparar até agora que ele não era mais o bebe chorão com quem lutei no exame chunin. Estava mais alto que eu, dava para notar que ficou mais forte também, e mais seguro de si.

Shikamaru//

O caminho até o restaurante foi tranquilo, com alguns olhares trocados entre Temari e eu, seguidos por rubores. Quase que por hábito, comecei a reparar nela, continuava problemática, mas não pude deixar de notar seu corpo, tinha o preparo da kunoichi que tinha a fama de ser, mas não deixava de ser feminina, era forte e resistente, porém possui curvas que não se deixavam ser ignoradas. Como nunca tinha percebido?

Enfim, chegamos, nos sentamos de frente um para o outro em uma mesa e logo fazemos nossos pedidos.

Enquanto esperávamos, comecei a puxar assunto com Temari, imaginando como as pessoas ao redor estariam nos interpretando naquele silêncio.

- Você parece ser bem popular por aqui - digo após alguns clientes nos encararem.

- Bem, sou irmã do quinto kazekage e filha do quarto. É meio que inevitável. Mas também sempre me empenhei muito pela vila.

- Parece que se importa de verdade com o bem estar deles.

- Mas é lógico que sim - ela já estava me estressando.

- Não disse por mal. Só não conhecia esse seu lado - justifiquei.

- Somos treinados para isso - ela diz secamente.

- Eu sei, mas...ah, esquece -não vale a pena.

- O que? Começou agora termina.

- Olha isso não vai nos levar a lugar nenhum.

- Não interessa. Você ia falar algo sobe mim. E agora eu quero saber. Deixa de ser covarde e fala - ela estava furiosa, mas tinha me deixado no limite também.

- Olha, vamos passar muito tempo juntos por conta dessa missão. O mínimo que podemos fazer é tentar deixar esse tempo todo o mais tolerável possível. Eu não estou a fim de passar meses em pé de guerra o tempo todo, é muito desgastante.  Estava tentando deixar esse jantar mais agradável. Mas você não consegue baixar a guarda nem 1 minuto - disparei, olhando em seus olhos - Perdi a fome - deixei um dinheiro para a conta em cima da mesa e saí do pequeno restaurante, deixando minha "noiva" para trás.

O caminho de volta passou muito rápido e quando dei por mim já estava na porta do quarto. Respirei fundo, cocei minha nuca e entrei. 

Tomei uma ducha para esfriar a cabeça, o que funcionou bem, e logo me arrumei para dormir. Quando deitei no sofá, Temari ainda não havia voltado. Mas também não era do feitio dela correr atrás de alguém.

Repassei o dia em minha mente, encarando o teto. Tinha sido longo e atípico. Cenas da cerimônia  voltavam. A do beijo era mais vívida que qualquer outra, o que era de se estranhar.

Deve ser porque foi um ato impulsivo, conclui.

Depois o caminho até o restaurante e os detalhes da loira. Por fim, relembrei a discussão que tivemos. 

Pensei no que ainda teremos que enfrentar. Konoha, minha mãe, meus amigos. Seria uma longa e complicada missão. 

E, assim, peguei no sono.

Uma história de amor e ódio {{Shikatema}}Onde histórias criam vida. Descubra agora