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Lara não conseguia evitar sentir inveja de Aminá. Já era tarde da noite quando retornara ao quarto com sorriso no rosto e a chave em mãos. Restavam somente mais dois dias para que acabassem as chances de passar para o segundo nível, e
agora Lara sabia que Aminá havia conseguido e isso a deixava com raiva.
Aminá se sentou na cama e tirou a blusa. Pegou a chave e colocou entre o peito e o ombro e a empurrou, recitando algumas palavras em um sussurro. Onde estava a chave agora havia uma tatuagem.
— Como aprendeu fazer isso?
— William. — Disse Aminá sendo breve e juntando o material de banho. Aminá colocou tudo na bolsa e saiu outra vez.
Lara estava furiosa. Olhou o relógio na parede para descobrir que além de tudo também estava atrasada. Saiu às pressas pelo corredor a procura da sala da reunião. Desenhou a runa sobre a porta e ela se abriu.
Ali estava Vanessa, Dana, Jeska,Yago, Josué, Cássio, Júpiter e Renata. Todos sentados a luz de velas brancas, espalhados pelas cadeiras e poltronas.
— Estávamos a sua espera. — Disse Yago.
— Aminá conseguiu mais uma chave. — Cuspiu Lara.
Os alunos se entreolharam. Se a conta estava certa, além do trio, Vanessa e Dane e Júpiter, restava mais cinco chaves. Havia mais outro grupo de sete alunos além deles ali naquela sala que também poderia ter conseguido, mas boatos circulariam, era fato. Agora eles tinham que se apressar, pois de qualquer maneira se todas as chaves restantes fossem pras pessoas ali reunidas, uma delas não passaria para a segunda fase.
Lara caminho até a mesa central e se serviu de café.
— Vamos estudar primeiro ou vamos tentar decifrar o enigma? — Perguntou Lara.
Os alunos olharam para Vanessa e Dana esperando que eles se oferecessem para contar mais uma vez como haviam conseguido.
— O poema diz que há uma parte nossa por aí, e que para encontrar o que está fora precisamos ir para dentro. Então foi o que eu fiz. Andei pelos corredores como se eu estivesse passeando por dentro de mim mesma, até que encontrei um porta que eu nunca havia visto e entrei. Havia três baldes cheios de agulhas. Eu falei umas coisas para mim mesma e a chave apareceu em minhas mãos. — Disse Vanessa.
— O que você disse para si mesma? Você nunca conta essa parte. — Resmungou Josué.
Vanessa olhou para Dana.
— Eu disse que me perdoava. E que me aceitava como eu era. — Vanessa confessou.
— Nem fudendo. — Disse Yago.
Cássio e Renata riram. Vanessa deu de ombros.
— Acreditem ou não é vocês que ainda não passaram pro outro lado. Eu estou tranquila. — Vanessa deu um gole em seu chá.
— Acho que você não quer nos ajudar, isso sim. — Jeska disse guiando a cadeira de rodas para mais perto dela.
Dana se colocou a frente.
— Você está irritada. — Disse Dana.
— Sim, estou. — Jeska disse na verdade parecendo furiosa.
— E você, Dana, nunca nos contou como achou sua chave. — Questionou Josué.
Dana estava tímido demais para falar, revelar aquilo significava contar mais coisas sobre ele mesmo que ainda não estava pronto para compartilhar.
— Eu estava no banheiro. Na parte do vestiário. Eu tava observando os garotos tomando banho. Eu senti desejo por eles. — Dana olhou para a namorada. — E lembrei da Vanessa dizendo que tava tudo bem o que eu estava sentindo, então eu repeti para mim mesmo quando me virei havia uma porta nova ali. Entrei e havia um espelho, quando me aproximei dele para me encarar vi que a chave estava em minhas mãos.
Yago revirou os olhos.
— Cruzes. — Disse Cássio. — Acho que temos um pervertido na sala.
Vanessa colocou a mão no ombro de Dana, isso era um sinal que eles haviam feito para Vanessa perguntar se podia abraçá-lo. Dana a envolveu com os braços.
— Vocês são apenas invejosos. — Disse Vanessa.
— Inveja de você, meu amor? — Disse Cássio.
Jupiter saiu da sala. Vanessa cogitou fazer o mesmo. Aquele grupo de estudos não estava lhe rendendo nada. Pegou a bolsa sobre a mesa e se afastou daquelas pessoas. Seus dedos segurando firmes os de Dana.
Vanessa adiantou os passos de volta para o dormitório se afastando dos gritos que enchiam a sala de reunião. Júpiter estava sentade num banco no corredor. Vanessa se perguntou como conseguia ler mesmo com todo aquele barulho.
Um grito agudo e abafado fez Vanessa parar e se virar. Júpiter tirou os olhos dos poemas.
Vanessa ficou parada por um instante sem saber o que fazer. Júpiter colocou a mão na parede e arregalou os olhos, levantou-se depressa e correu de volta para Sala de reuniões.
Vanessa parou na porta logo atrás. Todos alunos estavam de pé. Em um semi círculo. Suas feições apavoradas e Vanessa conseguia ver o motivo.
Ali no centro de tudo estava o corpo moribundo de Lara Calais. E seu pescoço estava quebrado.

Cidade SubmersaOnde histórias criam vida. Descubra agora