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O som do bater das asas dos vagalumes o incomodavam mais do que Otelo havia imaginado que iriam. Os pequeninos vagalumes cruzavam a sala de um lado a outro em ritmo frenético, zumbindo e deixando Otelo cada vez mais irritado.
Seus dedos procurando mais fundo na terra, Willam havia dito que a chave estaria ali. Se sua memória não tivesse misturados as informações, à essa hora já deveria ter encontrado.
Cansado e com as costas doendo, Otelo se afastou das raízes e se deitou no chão. Tinha esperanças de que nenhuma daquelas poças de água que ele pisara mais cedo molhassem o seu sobretudo. Fechou os olhos por um segundo e tentou se lembrar das palavras que Aminá havia o ensinado na semana anterior.
Seus lábios sopraram cada letra com precisão. Tudo ficou quieto. Não havia mais o som dos insetos. Não havia mais a baixa luminescência. Então Otelo sentiu o metal tocando sua pele. Seu desejo havia se realizado. Então veio o som das ondas, e o sol forte passou a brilhar sob suas pálpebras. Otelo não estava mais na cidade submersa. Agora ele estava na praia. Seu sobretudo escuro completamente imundo por causa da areia. Ao menos havia conseguido a chave, porém ainda sim usara o feitiço errado.

Cidade SubmersaOnde histórias criam vida. Descubra agora