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Sérgio havia vasculhado a mente de Aminá mais profundamente do que jamais fizera antes. Vasculhara todas suas lembranças e estranhamente Aminá não resistira a proteger nenhuma. Ela afirmava não lembrar de nada daquela noite e estava certa. Não havia nada ali. Não havia nada em lugar nenhum. Nem escondido entre os fragmentos de lembranças da infância. Como Sérgio faria caso ele fosse o culpado. A única coisa desconexa era uma imagem de Aminá plantando flores. Não fazia sentido. A menos que ela não tivesse culpa nenhuma no que aconteceu.
Sérgio não era capaz de conjecturar qual era a verdade.
— Você ou é inocente ou tem uma mente brilhante.
Aminá não esboçou nenhuma reação aquela frase. Sérgio não conseguia entender.
— Desisto. Pode ir pra sua aula.
Aminá pegou a bolsa e se levantou. Antes de sair do escritório Aminá olhou para trás. E assoprou um beijo para Sérgio. Uma borboleta flutuou sobre a palma de sua mão em direção a ele.
Aminá inspirou, poderia senti-lo apreensivo ao sentir as patinhas do inseto tocando sua pele e a lembrança explodindo em sua mente como o sabor de um chiclete recém colocado na boca. Aminá o permitira ver o que ela havia visto. Sérgio e outro garoto sob o sol se beijando sobre a grama. Ele sentiu medo do que ela poderia fazer com aquilo.
Mais uma vez ela o pegava com guarda baixa. Ela poderia até não se lembrar do que havia acontecido na sala de reunião, mas se lembrava do que Sérgio escondia, e não entendia o porquê.

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