Oie, deveríamos ter capítulo ontem, mas tive problemas. Lado bom? Teremos capítulos hoje e amanhã.
Boa leitura.
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25 de abril de 1980
Querido diário,
Ainda consigo lembrar dos gritos que as duas deram aquele dia, elas saltaram feito crianças ganhando doces. Eu tinha um plano em mente. Iríamos sair, dançar, talvez paquerar um pouco se isso fizesse as duas saírem do meu pé. E, claro, tentar tirar o rinoceronte da praia dos meus pensamentos. Noah representava tudo que eu sempre detestei em um homem, no entanto, eu não podia negar que fiquei mexida.
Minhas amigas tinham razão quando diziam que eu precisava ser apresentada ao sexo. Estávamos em um período confuso, por vezes complicado. De um lado uma ditadura de nos reprimia em todos os sentidos e de outro uma liberdade clandestina, presente nos lugares mais inusitados.
Antes do Noah eu nunca tinha experimentado nada de inusitado. Minha noção de sexo era resumida ao que eu tinha com Carlos e as histórias que as meninas me contavam, e por ser ─ nas palavras delas ─ uma careta eu sempre torcia o nariz para todas elas, embora sentisse algo dentro de mim gritar, mas eu não ouvia. Elas tinham razão em me chamar de boneca de Ipanema. Eu vivia em uma bolha isolada, um mundo chato que me cegava e me trazia a falsa sensação de segurança e felicidade... Mas as coisas mudaram e mudaram naquele mesmo dia...
Outubro de 1977...
Me olho no espelho dando uma última conferida no meu figurino. Como hoje é dia de disco desenterrei uma das minhas calças de noite preferidas. Ela vem até o alto da cintura, é de um tecido brilhante e bem chamativo, dessa vez escolhi uma em verde escuro, combinei com uma bota preta de salto grosso e uma blusa também preta bem curta com mangas compridas e caída nos ombros.
─ Uau dona Patrícia! ─ Tai entra batendo palmas no quarto.
─ Como estou? ─ solto os cabelos que estavam presos, arrumo minha franjinha e dou uma voltinha.
Tai se aproxima e mergulha os dedos em meus cabelos dando mais volume, eles estão alguns dedos abaixo dos ombros formando ondas bagunçadas.
─ Agora está perfeita! ─ ela afasta e me analisa dos pés à cabeça.
Elogio à roupa que Tai escolheu, um vestidinho colorido com uma faixa na cintura, mangas soltas e botas cano alto. Bato palmas quando ela começa a fazer várias poses.
─ Vamos, a Kelly já chegou!
Não demoramos até encontrar a tal disco, só se falava disso pelas ruas do Leblon.
─ Não parece grande coisa. ─ comento quando paramos na entrada.
Um casarão de uns dois ou três andares, cuja entrada era uma porta grande e escura de madeira com o nome Royal Palace em uma placa luminosa mais acima. Não havia fila, o que achei estranho por se tratar de uma inauguração.
─ A gente ainda nem entrou, Pah! ─ Tai me repreende e dou de ombros.
Fiquei abobalhada quando entramos.
─ Ai meu Deus!
Não é à toa que não há fila, acho que todos estão aqui dentro. O lugar é enorme e ferve com uma multidão de pessoas dançando por todos os lados.
Sinto alguém me puxando pelas mãos e vejo ser Tai, ela me leva discoteca a dentro e vamos esbarrando em algumas pessoas no caminho. Tudo é muito vivo e colorido. Como se o lugar inteiro fosse uma enorme pista de dança, o piso em baixo de nós vai mudando de cor conforme andamos e não consigo parar de rir, realmente é um lugar impressionante.
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Diário secreto - Eu, tu e eles - DEGUSTAÇÃO
Storie d'amoreQuerido leitor, Bem-vindo às minhas memórias. Talvez não seja o que você quer ler, mas, com certeza, vai ser o que você precisa ler. Já se sentiu como um pássaro dentro de uma gaiola? Onde todo mundo observa você, acha lindo seus movimentos, às veze...