Prólogo

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Oie, vamos começar? Gente como eu estou nervosa. Foi a primeira vez que eu terminei um livro antes de postar haha por isso a demora, eu estou tremendo. Estava desacostumada haha

Boa leitura e nos falamos no final...

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Rio de Janeiro, dezembro de 2020...

    É uma manhã quente de verão, o sol nos castiga sem piedade. Julian corre pelo quintal e nem adianta chamar, ele não entra. Agora que ele já tem idade para brincar com o Algodão não quer outra vida. Esse menino e esse cão não se largam. Logo Luíza chegará para levá-lo. Sinto falta de quando ela tinha essa idade. Nunca foi uma menina comportada, corria e caia o tempo todo, sempre me dando dor de cabeça e me deixando de cabelos brancos precocemente. O oposto de Gael que, embora tivesse seus momentos, sempre foi um doce de menino. Ainda tem Christian, que foi um pouco dos dois, me deixava louca, mas sabia obedecer.

─ Vovó, acho que a mamãe chegou! ─ Julian corre pela casa com Algodão quando a campainha toca.

─ Pequeno, não corra! ─ grito em vão, ele não houve, mas me diverte.

    Abro a porta e minha menina entra. O filho logo se lança sobre ela e sei que não desgruda mais. Ela sorri e caminha em minha direção.

─ Oi mãe! ─ Um beijo no rosto me faz sorrir.

─ Oi meu amor... Como você está? ─ pergunto trazendo-a para a sala.

─ Bem, já estava com saudades desse magrelo. A casa fica muito silenciosa sem ele. ─ Ela sorri fazendo cócegas na barriga do pequeno.

─ Eu sei, acredite! ─ Tento trazê-lo para mim, mas nem adianta quando a mãe está perto ele nem me nota.

─ Mãe, tem certeza que é bom à senhora ficar aqui sozinha? Essa casa é tão grande. ─ Mais uma vez ela tenta me convencer a ir morar com ela e o marido em São Paulo.

─ Eu gosto daqui. Acredite ou não, não me sinto solitária. ─ Dou meu melhor sorriso e de fato não me sinto solitária.

    Tenho uma casa cercada de lembranças e elas me perseguem, me animam e me entristecem. Me lembram de tempos que não voltam e me lembram do amor que me consumiu por completo, que fez com que eu me sentisse completa.

─ Além do mais, seus irmãos, suas tias e seus primos devem chegar logo para o natal. A casa vai estar cheia.

─ A senhora quem sabe. ─ Ela se levanta e caminha em direção à saída com Julian no colo e Algodão aos seus pés.

─ Vai com cuidado meu amor! ─ digo antes dela sair.

─ Eu te amo mãe! ─ Ela grita já do carro.

─ Eu te amo princesa! ─ Dou um último aceno e entro.

    Caminho em direção ao meu quarto, hora de voltar a minha rotina. Voltar a minha deliciosa tortura, ao momento que me sinto viva, voltar ao passado.

     Em cima da cama está ele... Capa meio avermelhada e bastante gasta, páginas amassadas de tanto ser folheado. Já não tem mais aquele cheiro de livro novo, mas leio como se não soubesse de nada que tem ali. Já o li mil vezes e em todas as mil vezes é como se fosse à primeira vez... Como se eu nunca o tivesse lido, como se não fosse eu quem o escrevera, como se não fosse a minha vida ali. É sempre uma descoberta, uma sensação ou outra que volta, uma lembrança ou outra que se reaviva, um cheiro ou outro que aparece, uma voz ou outra que ecoa, um amor ou outro que volta.

      O abraço e sinto o cheiro de novo, claro que esse cheiro não existe, mas como eu disse: um cheiro ou outro que aparece.

     Conheço cada página, cada frase, cada palavra, cada letra. Foi tudo tão novo, tudo tão diferente, tão de repente, que senti a necessidade de escrever. Temi um dia esquecer e não queria. Oh Deus, eu não queria esquecer nenhuma daquelas sensações, nenhum daqueles cheiros, nenhuma daquelas experiências e acima de tudo, não queria esquecê-lo.

     Não sei se antes já houve alguém tão amada quando eu... e quanto ele. Nos amamos de forma intensa, violenta, aquele tipo de amor que te arrebata, que te tira do chão.

     Olho para o pequeno livro em minha mão...

     Não posso deixar de sorrir ao olhá-lo... Hora da parte favorita da minha vida, hora de mergulhar nas minhas lembranças, hora de outra vez reviver tudo que contém nas páginas amareladas.

─ Meu diário secreto...

     A primeira anotação data 23 de abril de 1980... Meus doces vinte e oito anos, um período de surpresas, mudanças e amor.

Diário secreto - Eu, tu e eles - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora