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Depois de um sábado incrivelmente agradável, repleto de dor de cabeça, no qual Harry alternou entre vagar enrolado em um cobertor pela casa e acordar assustado depois de cochilar em cima de algum móvel, o moreno achou que seria uma boa idéia tomar um banho, perfumar-se e cavar a própria cova no jardim, domingo à tarde. Seria um funeral simples. Ele abanaria para os amigos e parentes e deitaria solenemente em algum caixão de papelão a ser projetado assim que ele vencesse o chefe final do Final Fantasy X, era uma questão de honra antes de ele aceitar a morte de bom grado.

"Harry! Você tem visitas!" Lily gritou do andar inferior, fazendo com que Harry acordasse de seu delírio traumático pós-festa.

Estranhou, pois não estava esperando nenhuma visita. Descabelado (não que algum pente fosse resolver o problema) e com vergonhosas roupas de domingo, Harry desceu as escadas e confuso, chegou à conclusão que não fazia idéia quem era o garoto em pé no meio da sala, conversando educadamente com Lily.

"Ahnm, oi?" Chamou, estreitando um pouco os olhos. O garoto era-lhe levemente familiar.

Lily e a visita viraram-se para Harry. O garoto abriu um sorriso luminoso, como se Harry estivesse vestido como o mais belo ator de Hollywood (o que estava longe da verdade).

"Olá, Harry. Espero que não me ache inconveniente por aparecer sem confirmar, mas como já estava tudo combinado..." Começou o garoto e Harry piscou repetidas vezes, pronto para perguntar se o garoto não errara de casa.

"Nós combinamos?" Perguntou estupidamente.

Lily olhou feio para o filho e Harry pigarreou.

"Claro que combinamos! Quando combinamos?" Reformulou.

"Harry!" Exclamou Lily e se virou para o garoto. "Não leve a sério o que ele diz, Milo. Harry esquece das coisas com facilidade. Bem, preciso ir cuidar das minhas plantinhas." Disse e piscou para Harry, antes de sair da sala.

Harry nunca contara aos pais que era gay, mas tinha certeza que a mãe sabia de tudo. Talvez até do nome de todos os garotos com quem já saíra. Estremeceu com a idéia.

"Milo, certo? Desculpe, mas eu não me lembro de..."

"Ah! Eu imaginei," Milo coçou a cabeça, constrangido. "Deu para perceber que você estava bem bêbado, mas, não sei, supus que talvez se lembrasse de alguma coisa. Olha, se você quiser que eu vá embora..."

"Não!" Disse Harry, interrompendo o garoto.

Quer dizer, se alguém perguntasse, ele diria que não ficara com ninguém naquela festa. Esperava que não começassem a surgir garotos em diferentes dias. Lembrava-se de uma vez em que três apareceram depois de uma noite de farra. Preferiu não tentar adivinhar o que fazia quando embriagado para que os garotos voltassem por mais...

"Eu não tenho nada para fazer hoje de tarde mesmo." Disse Harry, um pouco tímido. O garoto era bem bonito, na verdade. Um pouco mais alto que Harry, pele bronzeada, dentes perfeitos e olhos de um tom carvão, completamente negros, os cabelos de mesma cor meticulosamente desgrenhados.

Um sorriso satisfeito preencheu o rosto de Milo.

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Na segunda-feira, como habitual, Harry foi para a faculdade de bicicleta. Prendeu-a do lado de fora, perto de onde diversas motos de última geração estavam estacionadas e caminhou rápido em direção à aula. Talvez ninguém reparasse nele. Pensou que deveria ter pegado um casaco com capuz antes de sair de casa.

"Hey, você não é o cara que...?"

Harry acelerou o passo, mas diferentemente do que ele esperava, pelos corredores do prédio da medicina, pessoas que ele mal se lembrava de ter falado antes paravam para cumprimentá-lo ou davam tapinhas camaradas em suas costas. Ok, nada mal.

Good riddanceOnde histórias criam vida. Descubra agora