And Don't Ask Why

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De repente, o teto pareceu extremamente interessante. Nunca percebera... uma manchinha? Talvez um mosquito esmagado. Fascinante. Como não reparara nesses pequenos e fundamentais detalhes da mansão antes?

"Draco, você escutou ao menos uma palavra do que eu falei?" Exclamou Lucius de forma nada carinhosa. Draco se perguntou onde se enfiava todo o amor paterno nessas horas.

"Oi?" Perguntou o loiro, voltando o olhar para o pai, em pé no meio da sala, com uma expressão aborrecida. "Ahn... algo sobre o quanto eu sou irresponsável e inútil, quase um parasita nessa família?" Perguntou debochado. "É, acho que já sei de tudo isso."

Draco remexeu-se no sofá, buscando uma posição mais confortável, tentando parecer relaxado e despreocupado. Lucius odiava.

"Oh, então você sabe," Ironizou Lucius, comprovando que os dois dividiam os mesmos genes. "Ótimo, então já sabe o que eu vou falar em seguida, espero?"

Aquilo era uma teia de aranha no lustre? Hunf. Precisava avisar Narcissa que essas empregadas estavam cada vez mais ineficientes.

Lucius se aproximou, com as íris brilhando de ódio, e segurou o filho pela gola da camisa, obrigando-o a encará-lo. Draco arregalou os olhos e engoliu em seco e não se atreveu a procurar mais manchinhas no teto.

"Você aja com respeito quando eu estou falando com você, moleque." Sibilou Lucius, mortalmente sério.

Draco suspirou aliviado quando o pai o soltou e voltou a uma distância segura. Olhou para baixo para verificar se as duas pernas ainda estariam ali, ou se teriam saído correndo, deixando-o para trás, as traidoras.

"Você já tem dezenove anos, Draco. Já está na hora de mostrar algum interesse pelos negócios da família." Falou Lucius, agora numa voz mais branda. Quem chegasse naquele momento poderia até pensar que ele era um pai atencioso. Draco grunhiu.

"Mas eu não era um parasita até agora há pouco?" Retrucou, empinando o nariz. O momento de coragem durou pouco e o loiro se encolheu quando o pai mais uma vez mostrou todo seu lado afetuoso, lançando faíscas das íris acinzentadas.

"Pois está na hora de mudar isso e começar a fazer algo que preste no lugar de festas, bebedeiras ou qualquer outra idiotice adolescente. Começo a achar que você faz por querer todo esse desgosto que causa a mim e a sua mãe." Completou Lucius voltando à pose impassível.

Draco quase sentiu como se o pai injetasse veneno em suas veias, mas manteve-se calado. Era tão difícil entender que talvez ele não quisesse administrar nenhum negócio? Que talvez ele preferisse seguir uma carreira médica, mesmo. Fazer valer à pena a faculdade?

"Eu vou... começar a me interessar mais, pai." Disse, enfim, com um gosto amargo na boca. Lucius assentiu, como se não esperasse nada de diferente.

"Sua mãe me falou que você trouxe a menina Astoria para a mansão ontem. Você faz bem, o pai dela é importante para os negócios. Seria bom se você oficializasse logo esse namorico que vocês têm há anos." Comentou Lucius olhando para o filho como se esperasse que ele ligasse naquele momento mesmo e pedisse Astoria em namoro.

Draco mordeu a parte interna da boca. Sentiu ganas de ligar para outra garota bem na frente do pai e marcar um encontro, só para ver a expressão de raiva dele. Mas manteve-se sentado e quieto, torcendo para que Lucius desistisse de fitá-lo com frieza e fosse aterrorizar outra viva alma. Com sorte, funcionou e, sem dizer mais nenhuma palavra, Lucius saiu da sala.

O loiro olhou para o relógio. Chegaria atrasado à faculdade.

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Good riddanceOnde histórias criam vida. Descubra agora