Of Good Health

1.8K 265 244
                                    


Sirius saiu da casa dos Potter, esperando seriamente que Harry tomasse jeito. Se ele – ele! – era o conselheiro amoroso, o garoto precisava ter sucesso. Onde ficaria sua moral se Harry continuasse naquele chove não molha?

Claro que, fora isso, Sirius também queria a felicidade do sobrinho. Harry era um garoto muito especial, por mais que seus óculos não funcionassem em muitas – e por que não dizer todas – situações.

'E é aí que eu entro.' Concluiu Sirius, olhando-se no vidro retrovisor, checando o caimento dos cabelos.

Também estava na hora de ele desempacar. Há duas semanas que colocara os olhos no professor de imunologia de Harry.

A verdade é que, a princípio, além de achá-lo extremamente charmoso, teve a nítida impressão que já o conhecia de algum lugar.

Depois de alguns dias de uma saudável perseguição, lembrou-se de onde conhecia o professor. Os dois cursaram juntos os quatro primeiros semestres de medicina. Isso antes de Sirius largar o curso, comprar um iate e começar a visitar todos os lugares que o apraziam, e acabar estabelecendo residência "quase fixa", ao fim de suas viagens, na antiga cidade de James, conhecendo-o um ano antes do nascimento de Harry.

Ele e Remus eram apenas conhecidos, durante a faculdade, mas – e isso ele lembrou-se bem – flertara muito àquela época com ele. Não que tivesse sido correspondido. Talvez até acabasse sendo, mas nunca mais se viram em todos aqueles anos.

'Preciso terminar o serviço.' Pensou, com uma expressão quase obsessiva. Não conseguiria descansar enquanto não saísse, ao menos uma vez, com Remus.

Estava indo para o hospital onde Remus trabalhava, quando não dava aulas. Isso era algo que dificultava em muito os esforços de Sirius. O homem parecia viver apenas para o trabalho! Era quase uma ação filantrópica salvá-lo daquela vida desprovida de diversões – extremamente – necessárias. Remus era médico, deveria saber que certas coisas são indispensáveis à saúde.

Para salvá-lo, teria que apelar. Por sorte, era também um ótimo ator – ou achava ser. Descobriu que sábado de manhã era um ótimo horário para fingir estar passando muito mal na clínica do St. Mary, pois o movimento era fraco, e apenas Remus e outro médico insignificante estavam de plantão.

"O que deseja, senhor?" A recepcionista da área da clínica perguntou, quando Sirius chegou ao local.

"Estou passando muito mal." Informou, com obviedade, recebendo por isso um olhar cético da mulher. Sirius ergueu uma sobrancelha. "O quê? Acha que eu estou mentindo, só por que não estou caído no chão, gritando de dor?" Indignou-se. "Eu posso fazer isso se você faz questão, talvez assim eu seja atendido." Falou, fingindo afetação; afastando-se dois passos, pronto para deitar no chão e fazer um show.

"Não será preciso!" A mulher cortou-o, não parecendo ainda muito convencida.

Sirius endireitou-se, passou o nome para a mulher, pegou uma ficha e foi aguardar nas poltronas próximas às duas saletas onde os pacientes eram atendidos.

Não havia ninguém esperando. Sentou-se e começou a tamborilar os dedos na perna, impaciente. Instantes depois, outra pessoa apareceu.

'Mas o que ele tanto faz o com maldito paciente?' Perguntou-se, já meio enciumado. Quando atenção desperdiçada a um desvalido!

Uma das portas se abriu e Sirius endireitou a postura, mas murchou ao ver o outro médico.

"Por favor, você primeiro, querida." Falou, estampando um belo sorriso para a mulher que se sentara ao seu lado.

Good riddanceOnde histórias criam vida. Descubra agora