Tattoos of Memories

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"Você acha que há um grande significado por trás das estrelas?" (1) Perguntou Harry, sentado na beira do cais, com os pés dentro da água. Começava a escurecer, e as estrelas despontavam no céu. Eles estavam meio úmidos, mas o dia e a noite quente fazia com que as roupas secassem rápido.

Draco olhou para o céu, com os olhos semicerrados, tentando encontrar algum significado nos pontinhos luminosos que se erguiam lá no alto. Não encontrou nenhum e se sentiu incomodado por não ter uma resposta para dar ao amigo. Então mentiu, como se pudesse ler grandes descobertas naquela disposição de pontos que não lhe diziam nada.

"Tem sim," Disse, e apontou para um grupo de estrelas. "Está vendo aquelas três? Se você juntar os pontos, elas foram um triângulo. Isso quer dizer que... nós sempre temos três caminhos diferentes para... escolher na vida!" Completou, orgulhoso por ter encontrado algum significado.

A expressão de Harry tornou-se impressionada e ele estava de queixo caído.

"Uau, eu nunca iria pensar numa coisa dessas. E quais são os três caminhos?" Perguntou Harry, sem desgrudar os olhos do céu, ainda tentando localizar o tal triângulo.

Draco deu de ombros.

"Aí depende da situação, não é? Não posso saber tudo." Desconversou, porém já convencido de que falara a verdade.

"Talvez Sirius saiba." Cogitou Harry, procurando outros desenhos. "Aquilo é um urso?"

"Onde?" Draco voltou a olhar para cima. "Não estou vendo."

"Ali. Olha." Harry apontou, mas Draco não conseguiu visualizar. "Ah, deve ser coisa da minha imaginação."

"É, acho que sim, não estou vendo nada." Draco se levantou. "Estou com fome. Vamos indo?"

Harry assentiu e se levantou também.

"Tudo bem. Talvez sua mãe deixe você ficar para o jantar dessa vez."

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"E então, como se sente?" Perguntou Harry, ajoelhado em frente a um menininho sentado em um banquinho da creche onde ele e Draco vinham fazendo trabalho voluntário há meses agora.

O semestre estava no fim. Harry felizmente conseguira gabaritar as últimas duas provas de bioquímica médica, e aproveitar, como recompensa, a expressão amarga de Snape ao encará-lo. Claro, para estragar a felicidade dos alunos existia bioquímica médica II, com o mesmo professor.

"Estou melhor." Disse o garoto, com uma vozinha fina e tímida. Era novo no lugar, e ainda não estava acostumado com os dois jovens, diferente das outras crianças, que praticamente se jogavam em cima deles. Harry era o mais assediado, visto que o olhar 'toque em mim e comerá bife de fígado no almoço' de Draco assustava um pouco as crianças. Todas elas odiavam o dia em que constava bife de fígado no cardápio. Mas elas gostavam do loiro mesmo assim, e algumas até mesmo se arriscavam a pular no colo dele.

"Que bom. Avise se voltar a sentir dores no peito." Harry bagunçou os cabelos do garoto. Graças à publicidade positiva, Lucius até mesmo permitira que os casos mais graves que viessem a aparecer na creche fossem tratados em algum dos hospitais dos Malfoy. Geralmente no St. Mary, onde Draco e Harry trabalhavam.

"Não, tio Draco, tem gosto ruim, não quero." Reclamou uma garotinha de cinco anos, Coralina, balançando a cabeça, negando-se a aceitar o remédio para dor de garganta e febre. Draco passou a mão pelos cabelos castanhos da menina.

"É para o seu bem, docinho. Vai parar de doer." Ele falou, e Harry se surpreendeu com o tom dele. A menina fez beiço, mas depois de alguns segundos cedeu, fazendo uma careta exagerada enquanto tomava o remédio. "Ai, viu? Não foi assim tão horrível, foi?"

Good riddanceOnde histórias criam vida. Descubra agora