Eu acordei ouvindo um barulho e desci, tomei o maior susto quando vi uma mulher com uma menina no portão
Sara: quem são vocês?
Xxx: quem é você? Aqui é a casa do meu pai e só eu posso entrar
Xxx: sossega Carla, deve ser a namorada dele
Sara: o Coringa tá doente e eu vim ajudar ele
Carla: sei - eu fiz careta
Xxx: pode avisar pra ele que estive aqui?
Sara: sim - ela sorriu e me entregou uma sacola - tá de sacanagem né porra? - falei quando vi o que tinha dentro
Xxx: ele me pediu ontem
Sara: você...- suspirei fundo sentindo minha cabeça doer
Carlas: você tá doente também?
Sara: um pouco - murmurei - tchau - ela ficou me olhando e eu entrei
Joguei o saco de heroína fora e suspirei, ouvi uma batida lá em cima e corri pra ver o que tava acontecendo
Sara: oi, tá fazendo o que? - perguntei pro coringa que tava batendo no guarda roupa e ele me olhou assustado
Coringa: caralho! Não era miragem? - olhei sem entender
Sara: senta - ele obedeceu e ficou me olhando - você não lembra de ontem?
Coringa: sim mas...eu tenho te visto imaginariamente - fiz careta
Sara: como tá se sentindo?
Coringa: bem, como você ta se sentindo?
Sara: bem - coloquei a mão na bochecha dele
Coringa: podemos conversar?
Sara: depois - desliguei o ar - vem, vou fazer alguma coisa pra nós - ele balançou a cabeça
Coringa: vai escovar os dentes não? Porquinha - olhei pra ele ofendida e nós caímos na risada
Sara: vou nem falar nada do porquinho de ontem, tive que dar banho igual um bebê - ele riu
Coringa: valeu - falou escovando os dentes e eu peguei minha escova também
Assim que descemos eu fiz uma besteira qualquer e a gente comeu, ele ficou me encarando mas nem fez nada
Sara: tá pensando em que?
Coringa: nada
Sara: você tem filha?
Coringa: não
Sara: nenhuma chamada Carla?
Coringa: minha afilhada, qual foi?
Sara: ela passou aqui
Coringa: cadê o bagulho?
Sara: joguei fora - cruzei os braços e ele levantou
Coringa: tu é doida Sara? Porque tu fez isso? - segurou meu braço descontrolado e eu dei um tapa na cara dele
Ele me encarou por alguns segundos e se afastou assustado
Sara: eu tô fazendo isso pro seu bem, você sabe - ele me abraçou de leve e eu senti meu ombro molhar
Coringa: me perdoa - falou com voz de choro e eu fechei os olhos - eu nunca quis te fazer mal Sara, me perdoa, você pode sair com todos os caras que você quiser, eu sei que fui um filho da puta e eu não quero te perder mas eu deixo você ir
Sara: Coringa, do que você tá falando?
Coringa: eu sei, você tava saindo com outro cara - franzi a testa - um vapor do Rio
Sara: foi por causa disso que você fez aquilo?
Coringa: sim, eu sei que fui infantil, me desculpa
Sara: não não - ele me encarou - tá tudo bem Coringa, não se sinta culpado, eu tô aqui caraí
Coringa: mas não devia estar aqui comigo, você tem que ser feliz, e eu não sei se é comigo
Sara: para de besteira, eu tava na casa de um amigo, nunca teve outro cara além de você - limpei o rosto dele - se eu quisesse outra pessoa não estaria aqui - ele limpou meu rosto e só então eu percebi que tava chorando
Coringa: eu quase te matei por infantilidade - sussurrou
Sara: eu fiz aquilo porque eu quis, não foi completamente por sua culpa, eu só tava sentindo dor
Coringa: porque não conversou comigo?
Sara: você me faz bem, eu não gosto de ficar falando esses bagulho pra não te deixar triste
Coringa: você me faz bem quando conversa comigo Sara - beijou minha testa
Sara: prometo ser mais aberta - suspirei
Coringa: isso quer dizer que nós vamos voltar?
Sara: não tínhamos nada - ele riu
Coringa: você sabe que tinha
Sara: ok, por enquanto vamos apenas nos ajudar tá? Se você encostar em heroína de novo eu atiro na sua mão - ele fez careta - é sério
Coringa: tá - me abraçou
Sara: ótimo - suspirei sentindo o cheiro dele
K2: Sara? - gritou do portão e eu fui andando - cê tá bem? Tô partindo pra casa da Luísa
Sara: tô sim, vou passar o resto do dia aqui
K2: vai dormir ai ou eu volto a noite pra dormir com você?
Sara: pode dormir lá, eu consigo me virar
K2: jae, cuidado - beijou minha bochecha
Coringa: quem é Luisa?
K2: minha mina - sorriu e saiu andando
Sara: pelo jeito já vi que não confia em mim
Coringa: confio sim, só suspeitei do nome
Sara: claro - sentei no sofá
Eu coloquei a mão na testa e senti ele deitando no meu colo, fiquei quieta sentindo dor na cabeça e ele ligou a TV
Coringa: qual foi?
Sara: cabeça tá doendo - murmurei baixo
Coringa: a enfermeira falou o que?
Sara: nada
Coringa: ela me disse que tu tem que tomar o remédio
Sara: tomei quando você dormia - ele balançou a cabeça - o que significa aqueles antidepressivos lá? - ele suspirou
Coringa: não é nada, tava tomando atoa
Sara: não precisa ter vergonha de mim Charles, tô aqui pra te ajudar
Coringa: eu tava passando por uns bagulho ai mas só tomei uma semana só
Sara: tá tudo bem - abracei ele - já tomou o de hoje?
Coringa: não quero
Sara: tem que querer não - cruzei os braços e fui buscar
Voltei com o remédio na mão e ele me olhou feio, tentei colocar na boca dele mas o crianção ficou virando a cara me estressando
Coringa: qual é Sara - fez careta
Sara: toma logo
Coringa: eu não quero caraí, isso deixa o pau molão - eu gargalhei
Sara: pelo menos assim você fica bem e de quebra ainda não come ninguém - ele riu
Coringa: palhaça - abriu a boca e eu coloquei
Sara: tô brincando, isso é pro seu bem - beijei a bochecha dele
Coringa: valeu - sorri de canto
Sara: quem tá no comando?
Coringa: Isa - balancei a cabeça
Sara: quer assistir filme? Vou fazer uns bagulho pra comer
Coringa: quero
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FELIZ AGORA?
Ficción GeneralSara perdeu sua mãe aos doze e após sua perca seu pai, mais conhecido como FP, tornou sua vida um inferno mas o inferno se corrompeu com o que o destino trouxe para Sara