Bem, geralmente em uma história de princesas sempre há um príncipe. Aquele doce e encantador príncipe, apaixonante que conquista o coração da princesa. Mas... Talvez em minha história não houvesse um príncipe. Talvez eu não fosse como Romeu e Julieta. Talvez o Romeu ou o príncipe encantado não fossem minha verdadeira alma gêmea... Talvez outro fosse meu destino.
O sol aquecia a minha pele enquanto eu saboreava algumas uvas, sentada ao lado dele enquanto ele deslizava os dedos pelas ondas negras soltas e selvagens de meus cabelos algumas vezes, dizendo palavras que ele achava que iria me conquistar. O doce sabor das uvas invadia minha boca, eu estava realmente tendo um dos maiores prazeres da minha vida... Bem, isso era o que eu achava.
Os olhos azuis dele brilhavam com o reflexo da luz solar. Pareciam os mares que eu já havia avistado ao longe quando papai embarcava em suas expedições. Os lábios eram corados e carnudos. Os cabelos loiros balançavam com o vento que vinha bem levemente. Ele tinha sua pouca barba que começava a nascer. A pele brilhava ao sol, ele era realmente, muito belo.
Bem, esse era o meu príncipe... O que papai adorava e dizia ser um bom rapaz, sério rapaz que poderia conquistar sua filha mais velha. Sim, eu era a mais velha, ou seja, quando papai e mamãe partissem eu ficaria por conta do reino junto de meu príncipe. Só que eu nunca me senti conquistada por ele desse jeito. Nenhum homem nunca conquistara meu frio e sério coração.
Ninguém nunca me conquistara. Talvez ele estivesse conseguindo minha atenção, pois eu já não me incomodava com a companhia dele, mas nunca me diria apaixonada por ele.
Haviam seis meses desde que ele me beijara, um doce e quente beijo. Mas nem esse beijo havia me conquistado, já havia recebido vários como esse. E ele continuava desse jeito. Sem nenhuma importância para mim. Mas ele, eu tinha certeza que estava apaixonado por mim.
Papai sempre insistia que eu tinha que encontrar meu príncipe. Mas eu sabia que não era ele, talvez não houvesse príncipe. Papai insistia em tentar. Já tinham sido experimentados uma grande parte dos homens do reino, mas nenhum tinha dado certo. Eu não queria um príncipe.
- Estas longe... O que lhe aconteceu? - perguntou ele curvando-se para olhar em meus olhos que olhavam a grama verde sob mim.
- Sempre estou longe. - disse séria levantando meus olhos para ele.
- És uma megera, sabia? - ele levantou o queixo sério. - Quem sabe consigo domá-la...
- Sou megera? Isso é um fato, mas não ache que posso ser domada. A vida não é uma peça de Shakespeare. Se achas que é estas muito enganado. - levantei meu dedo indicador, estava ficando nervosa.
- Acalme-se, Annemarie. Estas nervosa sem motivo algum. - ele pôs a mão em meu joelhi direito.
- Alphonse, eu estou calma. - disse em um suspiro.
- Annemarie... Acalme-se...
- Eu já disse, estou calma! E se tu repetires novamente, minha mão irá se deliciar em vossa face! - ergui minha mão aberta no ar.
- Sim, Annemarie. - ele abaixou os olhos.
- Que bom. - disse séria me ajeitando na grama.
- Aceitas dar uma volta? - perguntou ele tocando minha mão. - Poderia acompanhá-la?
- Sim. - respondi me levantando.
Eu realmente odiava que homens tentassem ser cavalheiros. Isso para mim era algo falso e muito chato. Mas... Como eu era princesa, isso sempre acontecia. Eu evitava quando podia, mas as vezes era impossível.
Os verdes pastos estavam iluminados pela luz do sol de verão. O cheiro de uvas da parreira de papai, dos morangos que estavam ficando maduros, das maçãs em cima das árvores - onde sempre quis subir mas papai nunca permitira -, milhares de cheiros unidos refrescando meus pulmões, mas eu não sentia a sensação boa de estar apaixonada que era o que eu tinha que sentir, o problema era que eu não fazia a menor ideia do que era se sentir apaixonada.
Ele segurou a minha mão.
- Irás ao baile esta noite? - perguntou ele olhando os pássaros em uma árvore bem a frente.
- Bem, isto está em meus planos. E tu irás? - perguntei mesmo sem querer saber.
- Sim, irei. Quem sabe podemos dar uma volta depois pelas vastas florestas e conversamos um pouco sozinhos?
- Bem... Não sei...
Eu não queria mesmo. Sozinha com ele? Em uma floresta? Isso era loucura, e com ele eu nunca ficaria sozinha em uma floresta. Eu nem sequer o amava.
Adoriabelle apareceu correndo pela estrada de pedras que vinha do castelo até o jardim. Ela segurava o longo vestido roxo e corria.
O que podia-se dizer de Adoriabelle...? Bem, ela era a filha que todo rei e rainha queria ter. Era filha que qualquer pai e mãe queria ter. Muito diferente de mim, Adoriabelle era tranquila e fácil de conquistar. Eu gostava de ter tudo o que eu queria, mas Adoriabelle era mais mimada do que eu. Era linda, doce, educada e tinha tudo o que queria e quando queria.
Adoriabelle tinha longos fios castanhos claro com mechas loiras presos em um trança caindo por seu ombro. Olhos avelã, bochechas rosadas, e pele não tão pálida quanto a minha, corpo magro e meigo. Realmente, muito atraente. Adoriabelle era quatro anos mais nova, iria fazer, esta semana, seus quinze anos, no sábado dariamos uma festa para apresentá-la aos rapazes.
Esta era Adoriabelle Amelia Mercier Damboyras, minha única irmã.
Ao longe avistei Berthe, o melhor amigo de Adoriabelle. Berthe era um garoto da nobreza, podia-se dizer que era belo para um garoto de quatorze anos ainda na puberdade. Tinha olhos verdes e a pele bronzeada, cabelos negros com pequenas ondas. Garoto educado e esperto.
Adoriabelle correu até mim gritando:
- Annemarie! - gritou ela - Annemarie!
Ela se postou a minha frente. Era quase da mesma altura, só um pouquinho mais baixa.
- Diga.
- Papai a chama, Annemarie. Quer que vá so castelo para dizer-lhes algo que eu não sei o que é... - ela.deu de ombros.
- Eu escutei algo sobre navegação... - disse Berthe.
- Diga a ele que já estou a caminho. - eu disse - Alphonse, terei que ir.
- Até breve, mademoiselle.
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Um Conto de Fadas Moderno
RomanceEm todo conto de fadas, no final, a princesa acaba ficando com seu príncipe. O homem dos sonhos de toda garota... Ou de uma parte delas... Annemarie Damboyras, filha do Rei Francês, é uma adolescente bastante difícil que precisa se casar para poder...