Um Conto de Fadas Moderno

Capítulo Três

Desci exatamente as sete para o jantar, a essa hora, todos da familia real tinham de estar postos a mesa. Já estava limpa, e quase pronta para o baile daquela noite. Me postei ao meu lugar, sentando ao mesmo tempo que mamãe. Papai e mamãe ficavam um em cada ponta da longa mesa, e eu e Adoriabelle sentávamos aos lados.

O jantar foi servido por nosso mordomo Oliver. Lagostas. As lagostas da cozinheira Amálie, eram as melhores que tinham em toda a França.

Depois do jantar, em silêncio, como sempre, eu arrastei minha cadeira um pouco para trás chamando a atenção de papai.

- Posso retirar-me, papai?

- Por que a pressa? Onde irá? - disse ele colocando o garfo no prato.

- Um baile, papai, Dia de São Valentim, é hoje.

- Ah, sim. Dia de São Valentim... - disse ele não muito agradado. Ele revirou os olhos e os parou em mamãe, que em um lento piscar de olhos, afirmou com a cabeça. Ele suspirou. - Retire-se.

Assenti com a cabeça e me levantei apoiando com os dedos na mesa. Em silêncio, segui para meu quarto para terminar de me arrumar.

Soltei meu cabelo do coque de sempre. Desenrolei toda a longa trança e meu cabelo caiu com suas longas ondas negras até o meio de minhas costas. Mamãe apareceu em meu quarto:

- Olá... - disse ela abrindo a porta vagarosamente e sorrindo.

- Olá, mamãe. - eu sorri me virando para ela.

- Posso? - perguntou ela pondo um pé dentro do quarto.

- Claro. - eu me virei para ela.

Ela sorri e se posta ao meu lado, observando com sua expressão doce e tranquila que sempre estava em seu rosto, enquanto eu penteava eu cabelo e começava uma trança.

- Annemarie... - disse ela pegando meu cabelo e me ajudando, fazendo uma trança. - Vosso pai anda muito severo. Tome cuidado com vossas escolhas, Annemarie.

- Quando que ele nunca foi severo comigo? Com Adoriabelle ele é sempre tranquilo. E que escolhas?

- Sim, querida, eu sei... Mas tome cuidado com o que faz... Notei que andas insatisfeita com Alphonse... Sei como é não estar apaixonada, - eu a olhei assustada. - é evidente, e ser obrigada a isso, mas, bem... Eu fui obrigada a casar com vosso pai, mas agora, eu o amo... - disse ela, sinto um pouco de incerteza em sua voz.

- Mas, mamãe, Alphonse não é minha alma gêmea e eu tenho certeza disso.

- Sim... Ele pode não ser, mas vosso pai deseja que tenhas teu príncipe em seis meses... E eu serei alguém que não poderei mudar a vontade dele. Sabes como ele é. Tu talvez sejas a única que consiga algo.

- Sim, eu sei...

Ela finaliza minha trança a colocando delicadamente em meu ombro direito, deslizando por meu peito. Ela soltou um suspiro e sorriu me olhando.

- Grata, mamãe. - eu sorri de volta, me levantei e beijei sua bochecha com carinho.

Minha mãe era tão doce, que eu nunca imaginei que nenhuma outra mulher pudesse ser tão meiga e adorável como ela.

- Boa sorte. - sorriu ela.

Boa sorte, era o que eu precisava ter. Se em seis meses eu precisava de um pretendente, eu precisava de muita, mas muita boa sorte.

Calcei meus sapatos, ajeitei meu vestido verde favorito. Olhei meu reflexo no espelho. Eu realmente era atraente. O problema, era que eu não achava a maioria das pessoas atraente para mim. Desci as escadas, vagarosamente, segurando o meu vestido.

- Annemarie. - chamou papai cortando no corredor.

- Sim, senhor? -respondi voltando um pouco para trás pra encontrar meus olhos com os dele.

- Onde está Adoriabelle?

- Ela irá ao baile?

- Havia me dito que sim. Onde está vossa irmã? - disse ele ficando nervoso.

No final do corredor a minha direita, barulhos de saltinhos correndo surgiram.

Adoriabelle aparece no corredor, iluminado pelas lamparinas, seu cabelo pareciam terem sido pintadas algumas mechas com ouro puro. O cabelo liso escorria pelas costas com um pouco dele preso com um prendedor cheio de brilhantes. Ela usava um vestido rosa, obviamente o preferido dela.

- Annemarie! Estou aqui. - disse ela ofegante se pondo ao meu lado.

- Bom, de volta a meia noite. - disse ele seguindo o caminho pelo corredor até o quarto dele e de mamãe.