Acordei com Victorine me colocando na cama. Ela sentou ao meu lado:
- Oi... - ela sorriu e mexeu na minha franja.
- Me pegastes no colo? - perguntei coçando os olhos.
- Sim, desculpe eu...
- Victorine, - eu pus minha mão nas suas que estavam em minha barriga - não precisa desculpar-se. Eu não ligo.
Para minha surpresa, eu não ligava. Eu gostava de me sentir protegida por ela, e isso me irritava, pois eu não queria que fosse o que eu sabia que era aquele sentimento.
- Estavas desconfortável. - disse ela. - Quis apenas ajudar.
- Eu já lhe disse que não ligo. - sentei na cama.
- Já está na hora de partir... - disse ela, corada.
- Está cedo. - eu disse lutando contra o sono. - Fique.
- Não, Anne, se alguém me pegar aqui... Não quero nem pensar no que fariam. - ela abaixou olhos.
- Tudo bem... - eu abaixei os olhos desapontada.
Então por um tempo ficamos nos olhando em silêncio. Ela era encantadora. Eu estava apaixo... Não. Impossível. O amor não existia. Era apenas atração. Mas atração por uma mulher?
Ela acariciou meu rosto com uma de suas mãos e com a outra segurou a minha. Eu fechei os olhos sentindo seu toque. Minha pele se arrepiou.
Quando abri os olhos novamente, ela estava me olhando e sorria com o canto dos lábios. Me aproximei dela e beijei sua bochecha. Ela sorriu e beijou minha testa, então se levantou para partir.
- Boa noite, Annemarie.
- Boa noite, Victorine.
Quando ela ia pular a janela, me lembrei:
- Victorine! - chamei.
Ela se virou para mim.
- Comparecerás ao baile de minha irmã? Todo o reino foi convidado, exigência de Adoriabelle.
- Talvez. - ela sorriu e então pulou a janela.
A festa de Adoriabelle seria naquele sábado. Minha irmã completaria seus tão esperados quinze anos, assim sendo apresentada aos cavalheiros.
Seria um baile de máscaras, Adoriabelle adorava bailes de máscaras e o reino todo havia sido convidado.
Acabei adormecendo com os pensamentos em Victorine. Me perguntava se eu estava apaixonada por ela. Mas isso era impossível, o amor não existia.
Acordei com a luz do sol em meu rosto. Minha pele estava quente e eu ainda estava com meu vestido.
Levantei da cama, pedi para que os criados enchessem a banheira e tomei um banho, eu não tomava banho fazia tempo. Madelón me ajudou a me vestir e então fui tomar café da manhã.
Papai e mamãe estavam lá. Papai continuava com sua expressão séria, mamãe estava doce como sempre, mas com um toque de tristeza em seu olhar.
- Papai, mamãe, bom dia. - eu disse.
- Bom dia, Annemarie. - disseram os dois ao mesmo tempo.
- Como estão?
- Bem, querida. O médico já cuidou de nós. Ficaremos curados em dias. - disse mamãe sorrindo.
- Que bom. - eu sorri.
Depois de tomar o café da manhã, perguntei a eles sobre a história, bem... Alphonse foi conversar com eles sobre me pedir em casamento, mamãe achou que o jeito que papai e Alphonse me obrigavam não era muito saudável, papai disse que Alphonse não poderia me visitar aquela hora e que ele foi embora, mas não pareceu muito feliz com a resposta. De repente homens mascarados apareceram e conseguiram, surpreendentemente, matar todos os guardas e prendê-los no porão. Eles não faziam ideia de quem eram e porque fizeram aquilo. Muito menos eu, que só havia escutado a história. Sentia que estávamos sendo enganados por alguém, que quem estava no meio disso, não estava muito longe.
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Um Conto de Fadas Moderno
RomanceEm todo conto de fadas, no final, a princesa acaba ficando com seu príncipe. O homem dos sonhos de toda garota... Ou de uma parte delas... Annemarie Damboyras, filha do Rei Francês, é uma adolescente bastante difícil que precisa se casar para poder...