Capítulo Dez

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Acordei com Victorine me colocando na cama. Ela sentou ao meu lado:

- Oi... - ela sorriu e mexeu na minha franja.

- Me pegastes no colo? - perguntei coçando os olhos.

- Sim, desculpe eu...

- Victorine, - eu pus minha mão nas suas que estavam em minha barriga - não precisa desculpar-se. Eu não ligo.

Para minha surpresa, eu não ligava. Eu gostava de me sentir protegida por ela, e isso me irritava, pois eu não queria que fosse o que eu sabia que era aquele sentimento.

- Estavas desconfortável. - disse ela. - Quis apenas ajudar.

- Eu já lhe disse que não ligo. - sentei na cama.

- Já está na hora de partir... - disse ela, corada.

- Está cedo. - eu disse lutando contra o sono. - Fique.

- Não, Anne, se alguém me pegar aqui... Não quero nem pensar no que fariam. - ela abaixou olhos.

- Tudo bem... - eu abaixei os olhos desapontada.

Então por um tempo ficamos nos olhando em silêncio. Ela era encantadora. Eu estava apaixo... Não. Impossível. O amor não existia. Era apenas atração. Mas atração por uma mulher?

Ela acariciou meu rosto com uma de suas mãos e com a outra segurou a minha. Eu fechei os olhos sentindo seu toque. Minha pele se arrepiou.

Quando abri os olhos novamente, ela estava me olhando e sorria com o canto dos lábios. Me aproximei dela e beijei sua bochecha. Ela sorriu e beijou minha testa, então se levantou para partir.

- Boa noite, Annemarie.

- Boa noite, Victorine.

Quando ela ia pular a janela, me lembrei:

- Victorine! - chamei.

Ela se virou para mim.

- Comparecerás ao baile de minha irmã? Todo o reino foi convidado, exigência de Adoriabelle.

- Talvez. - ela sorriu e então pulou a janela.

A festa de Adoriabelle seria naquele sábado. Minha irmã completaria seus tão esperados quinze anos, assim sendo apresentada aos cavalheiros.

Seria um baile de máscaras, Adoriabelle adorava bailes de máscaras e o reino todo havia sido convidado.

Acabei adormecendo com os pensamentos em Victorine. Me perguntava se eu estava apaixonada por ela. Mas isso era impossível, o amor não existia.

Acordei com a luz do sol em meu rosto. Minha pele estava quente e eu ainda estava com meu vestido.

Levantei da cama, pedi para que os criados enchessem a banheira e tomei um banho, eu não tomava banho fazia tempo. Madelón me ajudou a me vestir e então fui tomar café da manhã.

Papai e mamãe estavam lá. Papai continuava com sua expressão séria, mamãe estava doce como sempre, mas com um toque de tristeza em seu olhar.

- Papai, mamãe, bom dia. - eu disse.

- Bom dia, Annemarie. - disseram os dois ao mesmo tempo.

- Como estão?

- Bem, querida. O médico já cuidou de nós. Ficaremos curados em dias. - disse mamãe sorrindo.

- Que bom. - eu sorri.

Depois de tomar o café da manhã, perguntei a eles sobre a história, bem... Alphonse foi conversar com eles sobre me pedir em casamento, mamãe achou que o jeito que papai e Alphonse me obrigavam não era muito saudável, papai disse que Alphonse não poderia me visitar aquela hora e que ele foi embora, mas não pareceu muito feliz com a resposta. De repente homens mascarados apareceram e conseguiram, surpreendentemente, matar todos os guardas e prendê-los no porão. Eles não faziam ideia de quem eram e porque fizeram aquilo. Muito menos eu, que só havia escutado a história. Sentia que estávamos sendo enganados por alguém, que quem estava no meio disso, não estava muito longe.

Um Conto de Fadas ModernoOnde histórias criam vida. Descubra agora