Três

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Eleanor.
Correr desesperada. Aquele era o único pensamento na cabeça de Eleanor enquanto seus olhos se mantinham presos aos dele e ela sentia tudo em si revirar como se estivesse dentro de uma máquina de lavar roupas. Se tivesse comido alguma coisa mais cedo, certamente acabaria vomitando.

Deveria ter imaginado que aquele emprego em Seul não era apenas uma questão de sorte e sim o destino resolvendo que os vinte e dois anos esperando por ele tinham sido o suficiente. Aquele dia já estava predestinado há muito tempo e mesmo que as coisas dessem errado de algum jeito, Eleanor sabia que acabaria em Seul de alguma forma e que ela encontraria com ele. Se não fosse naquele dia, seria no seguinte. Não era uma questão de escolha e agora que ele estava ali a sua frente, ela não sentia vontade de estar em nenhum outro lugar.

Ele tinha os olhos mais bonitos que Eleanor já tinha visto na vida. Pretos, quase misturando a pupila e as íris e formando um círculo todo negro. E para os padrões orientais, eram olhos grandes, expressivos e intensos demais. Como enxergar uma galáxia de sonhos inteira dentro daquele olhar. Era tão esquisito conhecê-lo tão bem e ao mesmo tempo não fazer ideia de quem ele era. Ela poderia apontar as pintinhas que ele tinha de olhos fechados, conseguia vislumbrar as bochechas cheias e rosadas, o formato perfeito do nariz e as covinhas que surgiam quando ele abria aquele sorriso de dentinhos... ele já era o cara mais bonito que ela tinha visto antes mesmo de vê-lo em carne e osso e agora que estavam ali, frente a frente, Eleanor sentia-se... fraca.

Era tão igual mas tão diferente dos seus sonhos... mais alto do que ela esperava, um pouco mais forte, mas tão fofo e sexy de um jeito que certamente deveria ser crime. Uma pessoa deveria ser proibida de ser as duas coisas, era injusto com o resto do mundo.

Engoliu em seco e respirou fundo, desviando o olhar apenas por um segundo para tomar coragem em finalmente quebrar aquele silêncio. As coisas já estavam ficando esquisitas e Eleanor sabia que a secretária estava observando-os sutilmente e para sua sorte, encontrou um dos colegas dele a encarando como se soubesse exatamente o que estava acontecendo. Para uma sorte ainda maior, ele interviu na situação ao abrir um sorriso e exclamar exasperado para ela.

- Finalmente achamos você! Vem, precisamos conversar sobre a reunião. - Ele se aproximou com cuidado e estendeu a mão, em um pedido mudo para tocá-la no ombro.

Eleanor respirou fundo outra vez e assentiu, se deixando guiar pelo garoto. Virou o rosto para trás apenas para constatar que ele os estava seguindo e voltou o rosto para frente. Um segurança se aproximou e a escoltou para uma van e após se acomodar, percebeu que sete pares de olhos estavam sobre ela. Mas o único que realmente lhe causava tremores estava sentado na ponta avessa de onde ela estava.

- Isso não parece com um sequestro pra vocês? - Um deles indagou e apesar do nervosismo e quase estado de desespero, Eleanor soltou uma risadinha involuntária.

- Parece um sequestro mesmo. - Concordou.

- Vocês sabem o que estão fazendo, não é? - Um outro indagou com preocupação.

- Eles não podem ter essa conversa no saguão da gravadora. - O rapaz que havia salvado a situação se pronunciou. - Eu sei que não gostaria de ter tido essa conversa no meio de tanta gente, já foi difícil sem olhares curiosos em cima. - Suspirou.

- Eu não acho que o Jungkook vai voltar a falar. - Outro comentou e Eleanor prendeu o fôlego, murmurando o nome dele de forma involuntária e recebendo a atenção dos sete outra vez. Suas bochechas coraram imediatamente.

- Eu não... sabia o nome dele. - Se explicou e um dos garotos franziu o cenho em confusão.

- Você não nos conhece? - Indagou outro deles.

Mikrokosmos | jeon jungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora