2.

1.3K 101 45
                                    

Em um momento de indecisão, apenas isso, talvez eu tivesse colocado praticamente todo meu guarda-roupas dentro da mala. Bem, eu achei que poderia usar todas. Okay, talvez eu fosse um pouco indeciso em questão de roupa. Mas só talvez. Nunca sei do que vou precisar ou não. Vai que ocorre acidentes, né? Nunca se sabe ao certo.

Na verdade, acho que essa história toda de voltar à Doncaster vem me fazendo ter um colapso de nervosismo. Bem, desde o último Skype com minha família, as meninas estavam enormes e mamãe estava até parecendo mais jovem e feliz, da melhor forma possível. Acho que ela não soube digerir muito bem o fato de ter um filho indo embora de casa para trilhar sua própria vida. Então, ela meio que se sentiu como se um pedaço dela tivesse sido arrancado. E realmente foi. Mas não daria certo ficar lá depois de tudo. Não seria bom para mim e nem para ninguém. Nos momentos em que olho as fotografias é como se eu estivesse revivendo todas elas, as lembranças presentes ali. Memórias soltas e gravadas em apenas fotografias. O amor cravado ali. É muito difícil dizer adeus, mas o pior é ter que se manter firme por tal.

Eu simplesmente não consigo mais me relacionar com ninguém, muito menos sequer flertar. É difícil. É como se eu já não conseguisse mais me envolver com mais ninguém, não tivesse paciência para isso. A única pessoa que amo e que quero não está disponível para minha vida agora, então só me resta aceitar e tentar mais ainda seguir em frente. Seja onde Harry esteja e com quem esteja, eu quero que ele seja feliz. Quero que consiga trilhar o caminho de um futuro sucesso para sua vida. Quero o melhor do melhor para ele. Não há dúvidas, ao menos é o que eu penso em querer. Ele me fez tão feliz que eu não posso ao menos definir em uma sequer palavra.

Além do mais, Harry me fez aprender a amar, mesmo tão novos. Talvez eu até não tenha total conhecimento do que é o amor em si, mas as sensações que o garoto de cabelos encaracolados me proporcionou, estão eternizadas e inalcançáveis por qualquer outra pessoa que apareça em minha vida. Fico pensando se Harry também se pega pensando nessas coisas. Ah, claro que não. Bobagem.

Enfim, Doncaster aí vou eu.

X

- Já está chegando, Zee? - Digo, nem mesmo sabendo quantas vezes já fiz essa mesma pergunta. Enfim, acho que a curiosidade em si faz isso com as pessoas.

- Quase. Acalme-se, parece até que nunca veio aqui. - Zayn diz, me fazendo dar um pequena risada- quase imperceptível, na verdade-.

Já conseguia ver o pôr-do-sol. Uma das coisas mais lindas, sério.

- A saudade e a ansiedade servem como resposta, certo? - Tento dar um sorriso, mas a única coisa que sai é uma careta demonstrando puro nervosismo.

Sinto uma mão acariciando minha coxa esquerda e olho para Malik, já sabendo que era uma tática de tentar me acalmar juntamente com seu sorriso. Bem, de certa forma, aliviou um pouco a tensão, mas só por resquícios poucos minutos.

- Hey, vai dar tudo certo. - Isso era o que eu estava tentando me fazer entender desde que sai de nosso apartamento e advinha, não anda funcionando, mas não iria culpar Zayn e sim agradecer por estar tentando me passar confiança. Apenas lanço um verdadeiro sorriso em sua direção e logo sendo acolhido com um outro do moreno.

- Será que todos mudaram muito? Não digo apenas fisicamente, mas tipo... Mentalmente?

- Sinceramente? - Zayn pergunta, me fazendo apenas assentir com o olhar preso na janela ao ver o sol desaparecendo cada vez mais por entre a estrada. - Acho que ninguém muda bruscamente em apenas dois anos, mas posso estar enganado, né?

- Eu espero que não. - Digo, abaixando o olhar e tentando excluir o pensamento de nada ser como antes, mesmo sabendo que nunca seria realmente.

Nunca fui muito bom em aceitar as ideias de que as coisas mudam, principalmente as pessoas, porque se eu pudesse, iria congelar todos os momentos bons e deixar que eles continuassem intactos por toda a eternidade. Eu sei que até eu mesmo amadureci durante esse tempo, só não consigo digerir a ideia de alguma forma sugestiva.

Mesmo com alguns Skypes, eu me sinto um estranho retornando ao lar. Eu sei que é estranho pensar assim, mas é o que eu sinto. Eu perdi os primeiros passos, as primeiras falas, as primeiras caretas alimentares... Eu perdi o crescimento de meus irmãos. O quão doloroso isso é? Eu não sei explicar ou definir.

Para falar a verdade, o que mais dói é ter perdido o amadurecimento geral das coisas em si. Não ter feito parte dessa transição. Cara, na verdade, tudo dói.

Dois anos longe de casa e de seus devidos costumes, é um tempo considerável longo, certo?

Espero que sim.

Estou tão nervoso que sabe quando você vai no parque de diversões e vai em um daqueles brinquedos que não param de lhe causar frio na barriga? Aquela sensação super ruim que não para? É isso o que sinto agora.

A reação da minha mãe quando liguei para ela dizendo que iria, foi hilária. Ela não sabia se sorria ou se chorava de alegria. Então chegou em um momento em que ela se engasgou seriamente e eu entrei em desespero, engasgando junto. Não sabendo se ria de nervoso por ela estar, talvez, brincando ou chorava por ser sério. Acabei me engasgando, também. Ouch, ela poderia morrer do jeito que ela estava engasgada. Enfim, no final deu tudo certo. Pelo menos teve um momento relaxante em toda essa história.

Me neguei até o último segundo da ligação em tentar perguntar a ela sobre Harry. Jamais. A ideia de ter que encará-lo novamente ainda parece distante e alucinante.

Preferi não falar quando iria chegar lá, apenas afirmei que seria antes do meu aniversário. Óbvio. Zayn que me deu essa ideia, afirmando que seria melhor e mais emocionante chegar lá de surpresa. Minha mãe odiava surpresas, mas acho que essa ela iria gostar.

Minha mãe sempre foi grudada em Harry, até mesmo depois que fui embora, ela me contava do quão grande era o sofrimento dele. Além de ser meu bebê extra grande, ele era de minha mãe, também. Harry bancava sempre o protetor e tudo o mais, mas na verdade, ele era apenas um garoto cheio de inseguranças e medos. Um verdadeiro bebê. Minha mãe foi mais mãe de Harry quando tudo aconteceu, mesmo ele tendo feito a maior merda, ela apoiou ele e não colheu raiva dele. Ela foi a parte racional de tudo. Bem, ela e Anne, felizmente. E eu apenas comecei a agir sem pensar, não tão sem pensar, mas agora estou aqui. Em Londres, com meu melhor amigo e tentando afogar meu passado tão presente no esquecimento.

Tudo aconteceu muito rápido. Já faz um ano que Jay não me conta nada sobre Harry, acho melhor assim. Não quero saber quem o faz feliz agora. Posso estar sendo egoísta, mas definitivamente não me importo. Não importa o que tenha acontecido, o que tenha mudado, o que tenha sido falado... Harry sempre será meu. De qualquer forma. Longe ou perto. Não posso culpar meu coração, infelizmente.

As palavras que foram ditas naquele dia foram tão horríveis e dolorosas. Acabaram conosco. Ações podem doer muito, óbvio, mas as palavras conseguem ferir mais. Palavras têm o dom de construir e desconstruir, mas o de reconstruir também. No meu caso, só destruíram em apenas alguns minutos o que levou anos para ser construído. Uma grande merda.

Deus, isso vai mesmo acontecer.

Eu definitivamente não estava pronto para parar e pensar nos meus sentimentos. Não agora. Não conseguindo suportar ter que reviver cada lembrança e dor. Isso não era justo comigo, não era justo com ele. Mas que droga.

Então, por favor, não me decepcione destino. Por favor.

N/a: Hey, eu espero que gostem e que permaneçam gostando, principalmente. Estou amando escrever cada capítulo desta fanfic e vou manter o ritmo de domingo em domingo. Bom, se Deus quiser. Quero saber o que estão achando da fanfic. NÃO SEJAM LEITORES FANTASMAS, por favor! Votem, comentem, dêem opinões, recomendem, indiquem, sei lá. Só não sejam fantasmas, ehe.

Ah, obrigada por todas as pessoas que comentaram no primeiro capítulo e que elogiaram Photograph no Twitter, sério! Muito obrigada. Votem e comentem, por favor. Beijo e até a próxima!

Ah, preparem corações para os próximos capítulos.

PhotographOnde histórias criam vida. Descubra agora