3.

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Agora eu mesmo estava olhando que nem um pateta para a casa que tanto já adentrei. A casa que já me pertenceu há dois anos atrás. Me sinto tão estranho e inadequado, como se esse ambiente nunca tivesse me rodeado a algum tempo atrás. Como se tudo fosse muito distante para ser recordado.

Na verdade, a cor verde bebê continua parecendo praticamente intocável... Parecia mais viva do que nunca. O jardim continuava muito bem cuidado com alguns brinquedos perdidos das crianças jogados na grama. Tudo parecia tão antigo, mas tão novo ao mesmo tempo. Parecia que eu estava em um daqueles filmes que uma pessoa vem e puxa você para ser levado ao seu passado quase esquecido ou futuro. Me sentia exatamente assim. Como se não pertencesse ao tempo dali. Muito distante. Eu me sentia muito distante.

Como pude deixar tudo isso? Onde estava com a cabeça? Na merda?

Olho para Zayn ao meu lado e vejo o sorriso encorajador que sempre me acalma. Sim, eu estava morrendo de saudades da minha família, mas acho que não estava sabendo lidar com ela. Okay, essa era a hora. Eu precisaria encarar isso de qualquer jeito. Mais dia ou menos dia, eu estaria de volta. Um bom filho sempre retorna ao seu verdadeiro lar. Essa era a minha hora.

Enfim, abro a grade branca da frente e começo a andar em direção à porta. Logo toco a campainha, ouvindo o mesmo som de tempos atrás. A famosa e familiar campainha dos Tomlinson's. Ela era meio engraçada e "escandalosa", digamos assim. Eram três toques contínuos e depois começava um zumbido ecoando os toques anteriores. Bem, eu até gostava dela.

Ouço passos acelerados em direção à porta e sinto meu coração tão acelerado quanto. Meu Deus. A porta abre e eu nunca, nem em milênios, pensaria em vê-lo ali. O que ele estava fazendo ali?

- H-Harry? - Tento ao menos dizer sem perder a voz, definitivamente pelo espanto. Eu sabia que encontraria com ele, mas não tão rápido assim. Deus, eu acabei de chegar. O que ele estava fazendo em minha casa, ou pior, minha antiga casa? Ele ainda frequentava ali? Isso está tão confuso.

Ele mudou tanto, meu Deus. Seus cachos estavam maiores. Bem, seu cabelo estava gigante. O corpo mais esguio e magro, até um pouco definido. Estava literalmente um homem e com certeza um homem lindo. Por quanto tempo eu dormi?

Conseguia notar o espanto em seu olhar, também. Até que desço o olhar por sua mão e encontro um negócio brilhando ali... Uma aliança?! Quê?

Me recuso a continuar olhando para ele e lanço o olhar em direção a Zayn, implorando por alguma ajuda imediata. Isso estava doendo mais do que eu poderia descrever. Ele estava noivo? Pior, estava casado? Meu Deus! Eu não iria conseguir aguentar mais do que dois minutos ali sem desmoronar completamente. Graças ao deuses, Zayn pareceu perceber e veio correndo ao meu encontro. Lançando um meio sorriso para Harry e o abraçando de lado.

- Harry? O que faz aqui? - Ouço Malik falar, completamente surpreso. Simplesmente não consigo levantar o olhar de meus Vans. Não agora. Sinto a mão de Zayn passar por minha cintura e permanecer ali, apenas a famosa tentativa de me assegurar que está tudo bem. Mas não estava. Nada nessa situação está bem. Porra, eu acabei de encontrar com a pessoa que mais amei depois de dois anos de afastamento. Deus, isso não tem como ficar pior. Não é possível.

- U-uh, é-é... Quer dizer, eu tive que vir aqui deixar o Ernest e a Doris com a Jay, tinha os levado para passear. Oh, eu não sabia que você iria vir, Lou. Quer dizer, Louis. Uh, quer dizer, vocês. - Harry diz, sua voz mais grossa e rouca. Em um nível muito mais elevado do que da última vez que a escutei. Nesse exato momento sinto a imensa dor da saudade me atingir em cheio.

- Oh... - É a única coisa que consigo pronunciar. Então minha mãe não só ainda estava próxima de Harry, como estava deixando os gêmeos sair com ele, também. Não sei se isso é ruim ou péssimo. Por que ela não não me contou? Me sinto levemente traído, mesmo sabendo que não era da minha conta e que se ela realmente me contasse, eu ficaria péssimo. De qualquer jeito, isso está doendo. E muito.

Decido vir para Doncaster e dou de cara logo com a pessoa que eu mais estava querendo fugir. Nossa, que ótimo.

- Amor? Está tudo bem por aqui? - Ouço uma voz masculina e olho na direção em que a mesma veio. Vejo um homem mais alto que Harry, cabelo preto curto e tão pálido quanto o garoto de cabelos encaracolados ao lado. Ele logo põe as mãos na cintura de Harry, assim como o Styles fazia comigo todas as vezes. Em sua mão tinha uma aliança parecida com a que estava na mão de Harry. Merda. Então ele era seu noivo ou marido? Uma coisa melhor do que a outra, sinceramente. Destino, o quão babaca você consegue ser mais?

Harry olha em minha direção como se estivesse pedindo desculpas. Babaca. Suponho que meu olhar seja de dor. Eu acho. Só essa explicação seria cabível para o olhar de Styles. Eu deveria estar ali, deveria estar com meus braços envolvendo a cintura dele, deveria estar mexendo em seus cachos, deveria estar com aquela aliança com nossos nomes cravados... Deveria ter permanecido apesar das dificuldades e o amado. Era tudo culpa minha.

E por mais que eu tente, eu simplesmente não consigo. Simplesmente não consigo mais olhar para aquela cena. Como minha mãe pôde não me contar que Harry estava casado? Como pôde deixar o homem que me substituiu entrar na própria casa que eu morava? Esperava mais dela e de certa forma, do Harry. Mas além disso tudo, esperava mais de mim. Esperava ter ficado e noivado com ele, porque ele sim, era e continua sendo o amor da minha vida.

E mesmo que eu até queira argumentar, quem foi embora fui eu. Eu desisti de tudo. Desisti de Harry e de nosso suposto futuro. Não poderia simplesmente desaparecer pelo mundo esperando que todos não seguissem com suas vidas. Seria mais do que patético e doentio, na verdade, estava sendo. Eu simplesmente me privei de saber o que seria meu futuro ao lado da pessoa que eu amava. Eu impedi minha felicidade de saber o que eu ofereceria à Harry e ele à mim. Simplesmente isso. O que eu só não pensei, foi no quão difícil seria lidar com as consequências.

Está tudo acontecendo muito rápido. Como eu estivesse sendo arremessado por um ônibus diversas vezes na mesma estrada, prolongando a dor ao invés de me atropelar logo para me fazer morrer. Como se estivesse apenas me torturando ou testando a minha capacidade de aguentar o quanto for.

Talvez eu esteja merecendo tudo isso. Toda essa dor. Talvez isso seja um lembrete da noite em que o deixei e o fiz sofrer. Talvez deveria ter permanecido e o ajudado com todos os seus erros ilimitados e suas inseguranças inacabáveis. Talvez. Apenas talvez. Talvez é uma bosta. Simplesmente isso... Uma bosta! Talvez o talvez nem seja a bosta completa, e sim eu mesmo. Foda-se o talvez.

Afinal, eu não culpo Harry de maneira alguma. O erro foi meu, a palavra foi minha, o sentimento foi meu, a deixa foi minha, o desleixo foi meu. Só que acontece que o olhar foi dele. A boca foi dele. Os momentos saíram de nós dois. A junção perfeita saiu dele. Simplesmente o jeito dele me afetou, e de fato, a culpa é minha. Ainda é minha. Sempre minha.

Não queria estar aqui, não queria estar sentindo isso. Era horrivelmente horrível.

Me sinto um completo babaca patético. Poderia ser eu usando aquela aliança juntamente com Harry, mas não. Eu estraguei tudo. E mais uma vez, eu estou querendo estragar minha vida e simplesmente arrancar o meu ex namorado dos braços do atual namorado dele. Eu sou louco, mas cacete, está doendo. E talvez eu até não uma resposta completa para estar sendo tão doloroso o momento em si, mas certas perguntas não exigem respostas. Apenas estão ali. E estamos ali.

E mesmo sendo muito patético, eu só queria que Harry viesse ao meu encontro e me desse o melhor dos abraços em uma forma de calar e curas todas as minhas dores e feridas. Só queria que agora que me perdi, ouvir o garoto de cabelos encaracolados me dizendo que amanhã ainda vou o achar no mesmo lugar, se eu procurar. Que vou acabar em sua cama e vamos criar mais uma vez nosso mundo particular, onde nunca fomos afastados e nossos corações nunca se quebraram. Apenas nosso próprio mundo. O mundo Larry Stylinson, como nossos amigos definiam momentaneamente, quase sempre.

E eu juro, se um carro passasse por ali agora, eu me jogaria nele sem pensar duas vezes.

N/a: HEY¡!

Então, eu sei que combinei de domingo em domingo, mas não consegui me segurar e publiquei logo. Espero que gostem, votem e comentem. Até a próxima!

E ah, a fanfic começa a fazer "sentido" à partir de agora.

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