1.

2.7K 130 57
                                    

Dois anos. Sim, dois anos.

Dois anos desde que minha vida apertada e aconchegante em Doncaster já se afastara. Longos anos em que marcas ainda estão presentes em cada pedaço meu, como se nunca fossem realmente me deixar. Nunca. Agora vivo sozinho com meu fiel melhor amigo na grande Londres que, sinceramente, nunca me acolherá do jeito que sempre fui em minha cidade natal.

Peguei os álbuns de fotos e os joguei novamente dentro da caixa. Na verdade, as fotos são as únicas coisas materiais dos dias em que fui realmente e verdadeiramente feliz, apesar dos apesares.

Fotografias definem aqueles momentos que não voltam, mas que você sempre terá conhecimento de que eles vão estar ali para serem lembrados e relembrados. São partes gravadas jogadas em sua memória. Agora me encontro olhando fixamente para as órbitas verdes vivas e selvagens que me encaravam pela foto que se encontrara moldada no maior porta retrato dentro da caixa. Nosso primeiro mês de namoro. O tão adorável e receptivo sorriso de covinhas que só ele sabe dar, brilhando em direção aos meus olhos azuis, agora molhados e nostálgicos. Eu sinto falta, não haveria motivos plausíveis para sequer negar. Sinto falta de cada pequena coisa. Sinto falta do amor da minha vida e principalmente da oportunidade de ser feliz a cada segundo que passara ao seu lado. Agora as lembranças são todas vagas e distantes, mesmo que eu tenha feito de tudo para poder ter gravado cada traço.

Por que tão difícil?

Eu queria simplesmente jogar tudo para cima e ir ao seu encontro, sem ao menos me importar com as barreiras, brigas ou conflitos. Quero de volta todas as nossas reconciliações sexuais depois de brigas desnecessárias. Quero ele de volta.

Tínhamos 16 anos e completamente jogados ao deleite do amor. Clichê? Sim, óbvio. Afinal, qual namoro não seria clichê em algum momento?

Qual a história de amor que não acaba?

- Louis? - Escuto a voz familiar e me obrigo a enxugar os cantos de meus olhos, me prepararando para receber o tão familiar olhar de pena.

- D-Desculpe. - Digo, com a voz embargada e levanto para guardar o restante das lembranças dentro da caixa, onde todo o passado pertence por dois anos.

Malik estava parado, tentando assimilar o que estava acontecendo ali.

- Não me olhe com pena, certo? Isso consegue doer mais. - Droga. Minha voz saiu mais embargada ainda e as lágrimas começaram a escorrer com mais frequência, se é possível, ao sentir os braços de Zayn envolvendo meu pequeno corpo e seus dedos começarem a acariciar meu cabelo.

- Shh... - Fora a única coisa que consegui ouvir antes de meus soluços inundarem o local.

X

- O natal está chegando, certo? Seu aniversário também, inclusive. - Zayn diz, sorrindo ao me lançar um olhar sugestivo.

- Sim?! - Graças aos céus minha voz já estava melhor e agora estávamos sentados no sofá de nosso apartamento vendo Titanic. Sim, é o nosso filme preferido em milênios. Isso é gay, mas somos gays, então está tudo em perfeita normalidade.

Ah, minha voz ainda esta normal porque não está nem na metade do filme e sinceramente, é impossível não chorar quando My Heart Will Go On começa. É impossível e, por favor, quero essa música em meu enterro. Atenciosamente, Louis Tomlinson.

- Então... - Zayn começa e eu já sei que vem alguma coisa que, provavelmente, eu não irei concordar. Lanço um olhar desconfiado em sua direção, o que o só faz abrir mais seu sorriso. - Prometa que vai pensar. Por favor, é importante, sweetie.

PhotographOnde histórias criam vida. Descubra agora