17.

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Saio da cozinha com Niall e Zayn, avisando que iria rapidamente no quarto para pegar meu celular e que depois iria encontrá-los no jardim. Ignoro suas gargalhadas quando tropeço no primeiro degrau da escada. Malditas escadas.

Chego ao meu quarto e fico algumas, infinitas, horas procurando o maldito celular, tentando não sair quebrando o quarto todo. Até porque se quebrasse tudo, ficaria ainda mais bagunçado e até eu mesmo acabaria ficando perdido. Antes de dormir, faço milhões de promessas que quando for acordar no próximo dia, serei uma ótima pessoa e arrumarei o quarto, mas toda vez que penso ou faço isso, nunca fica totalmente arrumado. De qualquer jeito, posso até arrumar impecavelmente, mas sempre vai ter aquela pessoa que pega suas coisas e faz o grande favor de que você nunca mais tenha contato visual com elas. Enquanto estou me questionando se meu celular foi parar no buraco negro da casa, não percebo quando Harry entra pela porta e a fecha.

- Podemos conversar? - O vejo parar em frente a porta e sinto meu estômago tremer. Não. Não. Não.

- Harry, é Natal e eu não quero discutir. Quero aproveitar a noite e o resto do meu aniversário em paz. - Suspiro, tentando ignorar sua presença e permanecer firme na decisão de fazê-lo seguir com sua vida.

- E-Eu ouvi sua conversa com o Zayn. - Sinto meu corpo fraquejar e sei que era para estar aliviado, mas sinto uma dor inundar meu peito.

- Quê?

- Olha, eu sei que não tinha o direito-

- Você não tem, mas é melhor que você tenha escutado, de qualquer jeito. - Confesso, sinto meus dedos tremendo e sento em minha cama. - Agora você sabe como ambos sofremos com tudo isso e até concorde que está na hora de deixar tudo para trás.

- É isso que você realmente quer? - O vejo dar um passo em minha direção e o lanço um olhar negativo, o fazendo parar.

- Tenho que querer. E você também. - Aponto em sua direção e evito contato visual. - Acabou. O que tivemos ficou no passado, não entende? Você vai casar, construir uma família e eu estarei seguindo com minha vida em Londres. Nada mudou desde que fui embora, desculpa se lhe dei esperanças de que voltaríamos a viver aquele amor adolescente. Sim, eu cheguei a achar que você era o único e o último a ter o meu amor, mas a vida é feita de opções... E você foi uma dentre milhares. E, agora, você já encontrou a sua opção definitiva, só falta a minha. Voce não está morto para mim, até porque vai ser sempre uma parte da minha vida, mas preciso encontrar as outras partes para formar um final para minha história. - Solto um soluço e deixo lágrimas escorrerem, apenas por ter conseguido falar para Harry o que tudo isso anda me fazendo pensar.

- Uma opção? Isso é o que você resume ser tudo que vivemos? Que construímos? - Ouço sua voz se quebrar e percebo que tudo está voltando novamente. - Isso tudo é o Zayn que está colocando em sua cabeça, né?

- O que? Você é doente? - Sinto a raiva me inundar e vejo sua imagem devastada diante de meus olhos molhados. - É só você que não percebe que vai casar? Porra, você vai casar, Harry. Vá para o seu noivo e me deixe em paz.

- Eu desisto de tudo por você, Lou. - O vejo chegar mais perto e ajoelhar diante de minhas pernas, me fazendo recuar e balançar a cabeça negativamente. Não posso aguentar com Styles sendo vulnerável novamente. - Não escutou? Eu desisto. Caralho, eu faço tudo por você. - Suas palavras me acertam e todo o passado me preenche novamente, a dor e o medo em sua expressão me desestabilizando. - Eu não acredito que você tenha sido apenas uma opção passageira e muito menos que Nick é a definitiva. Não quero que seja apenas uma parte de minha vida, Lou. Não me deixe novamente, por favor. Eu estou, mais uma vez, implorando à você. - Sinto seus braços apertarem minha cintura e seu rosto em meu peitoral, molhando toda minha camiseta com suas lágrimas.

- E-Está tudo se repetindo, Harry. Não somos bons um para o outro. Veja isso, por favor.

- Você não cansa de usar o mesmo discurso? Eu sei que você me faz bem e eu me recuso a deixar você me abaixador de novo. - Tento me afastar de seu aperto e de sua dor, mas só consigo soltar mais soluços.

- Você acabou de falar que desistiria de se casar com a pessoa que mais te fez feliz durante esses últimos anos, Harry. Não vou deixar que você acabe com sua felicidade por causa de sua obsessão em mim. Dói mais do que tudo, mas não vou. - Limpo meu rosto e me recuso a acreditar que o mesmo Harry vulnerável está de volta. Tento queimar todos os pensamentos de que ele ainda precisa se internar.

- Você está pensando nisso, né? - Sinto seus braços me soltarem e pelo seu tom áspero, só consigo abaixar minha cabeça e andar para longe dele. - Está pensando que eu ainda sou um doente possessivo e dependente, não é mesmo? Por que achei que teria mudado? Por que fui tão otário? Você continua sendo como todos eles... E quer saber? Você tem razão. Nicholas é o único que pode me amar do jeito que mereço e fazer com que seja feliz. Você não passa de um babaca que só aparece para me fazer sofrer e depois zombar de todo o papel ridículo que eu acabo fazendo. - O encaro e vejo seu rosto completamente retorcido em raiva, engolindo em seco e tentando não deixar que suas palavras me façam chorar mais.

- Sei que está dizendo tudo isso para demonstrar sua mágoa, mas chega. É melhor pararmos por aqui e você voltar para seu noivo. Desde que cheguei aqui, estamos discutindo, chorando, trazendo o passado de voltar, nos declarando e tudo isso é errado. Então, definitivamente vamos parar por aqui em diante. - Luto para que minha voz saia firme, mas sai tudo por meios de sussurros quebrados.

- Errado é você estar indo embora novamente e eu, mais uma vez, sendo um completo otário por você. Só quero que você saiba, Louis Tomlinson, que eu definitivamente cansei de correr atrás de você. E agora é sério. Pode ter certeza que desde o momento em que colocar meus pés para fora dessa quarto, terei o fim como entendido. Como você tanto quer, deixarei que siga em frente para encontrar a merda do amor da sua vida. - O vejo andar para perto de mim e me afasto, apenas porque sei que vou ficar ainda mais vulnerável. - Seu celular está em cima da escrivaninha, sua mãe pediu para que lhe entregasse.

Vejo Harry passar por mim e abrir a porta, dando fim ao que luto para que realmente tenha um fim. Chega de dor e tudo que me faça regredir.

Antes, tinha um pequeno pedaço de esperança de voltarmos em meu peito, mas agora está completamente vazio. Não sei se estou pronto para vê-lo formar uma família com uma outra pessoa, mas sinto que tenho que aceitar. Já não posso mais arruinar a minha própria vida, muito menos a dele. É errado e eu quero acertar agora. Uma única vez.

Vou até a escrivaninha e pego meu celular, não deixando de soltar mais algumas lágrimas e soluços ao ver o bloco de notas aberto, contendo, dentre todas as notas, uma de Harry.

N/a: Não sei o que aconteceu com os comentários do capítulo passado, mas tudo bem :-(

Até a próxima!

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