Gabriella.
— Não vai dar filho, outro dia a gente vai! – Falo pela milésima vez e Davi resmunga.
Dinho prometeu de levar a gente pra búzios hoje e Davi ficou todo animado, porém não contávamos com guerra no morro.
Abracei seu corpo pequeno ouvindo os tiroteios e fechei os olhos pedindo com que nada acontecesse com meu marido. Horas se passaram e depois que os tiros cessaram eu desci pra sala com o Davi.
— O que você acha da gente fazer a tarde dos filmes? – Pergunto me sentando e puxando ele para o meu colo.
— Só se a gente assistir o professor aloprado de novo! – Ele diz e eu ri.
— Claro, já sei até as falas! – Digo revirando os olhos e ele ri me deixando aliviada, odiava ver meu filho mal, ainda mas por promessas não cumpridas do Dinho.
Logo o mesmo apareceu subindo direto pro andar de cima, coloquei o filme e fiquei agarrada com o Davi assistindo. Dinho desceu com o notebook e se sentou na nossa frente fazendo carinho no Davi, desviei minha atenção do filme e percebi que ele conversava com alguém.
— Ta falando com quem em? – Pergunto e ele sorri me olhando.
— Com o Neguin amor, vou ter que voltar pra boca! – Ele diz se levantando.
— Pai fica, assiste com a gente! – Davi pede e Dinho se senta novamente. Só Davi tinha esse poder!
Nos três ficamos a tarde toda assistindo com o Davi, assim que o filme acabou Dinho nos deu um beijo e saiu. Bufei me levantando e percebi que Davi dormia, deixei ele dormir e quando ia para cozinha ouvi um barulho do notebook.
Abri o mesmo e vi que era uma mensagem no Facebook, abri a mesma ficando surpresa.
"@kaloira: To te esperando aqui na boca, vem logo amor!"
Fechei a mensagem e sai do Facebook, era ela, eu sabia que tinha caroço nesse angu. Eu nunca falhei, a diferença é que eu não aceitaria mais, eu já cansei!
Me levantei e liguei pra Luanny correr aqui em casa, não demorou 10 minutos ela apareceu ofegante.
— O que aconteceu cara? – Ela pergunta baixo.
— Fica com o Davi, eu vou na boca!
— O que você vai fazer lá? – Ela pergunta segurando meu braço.
— Vou acabar com essa palhaçada de uma vez! – Falo me soltando e saindo.
Subi em passos largos até a boca que Dinho ficava e assim que pisei na rua os garotos que ficavam ali na frente começaram a se mexer fechando o espaço para passar.
— Da licença, eu quero falar com meu marido! – Falo firme e não demora nem dois segundos para Batoré aparecer.
— Ai Gabi, Dinho não tá aqui não! – Ele diz todo nervoso.
— Ah não está não? Então deixa eu subir! – Falo me virando.
Passei por eles e um garoto armado ficou parado na minha frente impedindo minha passagem.
— Ah vocês não vão me deixar passar não? – Falo colocando as mãos na cintura — Então tá bom! – Falo me virando e saindo dali.
— Gabi? Espera aí, daqui a pouco o Dinho aparece! – Ouço Batoré dizer atrás de mim.
— Eu quero que ele suma com aquela piranha! – Falo entre os dentes.
— Ele não tá com ninguém não Gabi! – Ouço Neguin dizer e jogo a cabeça para trás rindo alto.
— Quanto que o Dinho tá pagando pra vocês ficarem limpando as merdas dele em? Pelo amor de Deus! – Falo nervosa.
Assim que pisei na rua de casa vi dois homens parados no portão, revirei os olhos e parei na frente deles sabendo que era coisa do Dinho.
— Que que vocês querem? – Pergunto nervosa.
— A gente veio entregar isso pro chefe! – Um deles diz levantando uma maleta grande.
— Leva isso pra boca cara, aqui não é lugar! – Ouço Neguin dizer e me viro.
— Cala a boca vocês dois. Me da isso! – Falo pegando a maleta e entrando pra dentro de casa.
Assim que entrei vi Luanny andando de um lado para o outro.
— Caraca o que tu foi fazer? – Ela pergunta e eu largo a maleta em cima do sofá.
— Eu fui tentar falar com aquele desgraçado e não me deixaram entrar, mas deixa. Cadê o Davi? – Pergunto.
— Levei ele pro quarto! – Ela diz.
Abri a maleta com um pouco de dificuldade e me afastei vendo milhares de notas de cem, a maleta tava recheada, sabia que sendo coisa do Dinho eu podia afetar ele, porém vendo toda aquela grana que ia cair na mão do idiota tive uma ideia.
— Meu Deus amiga, acho que nunca vi tanto dinheiro! – Luanny diz e eu ri.
— Você ainda tem aquele trombone? – Pergunto e ela me olha estranho.
— Não, tá com o Tomás, o que tu vai fazer? – Ela pergunta.
— Vamos descer lá na praça, vou chamar o Davi! – Falo subindo.
Já que ele fez tanta questão de me botar um chifre eu ia fazer questão de mostrar pra favela toda que a dona ou melhor, a ex dona do malote dele era eu.
Acordei o Davi e saímos de casa com a meleta. Passei na casa do Tomás para pegar o trombone e descemos pra quadra, estava tendo um pagode ali pertinho e eu subi os degraus chamando a atenção.
— Hoje é dia de pegar dinheiro! – Falo no trombone levantando a maleta, em poucos minutos as pessoas já estavam parando na minha frente.
— É dinheiro mesmo gente, pode chegar! – Tomás diz pegando o trombone da minha mão e eu abro a maleta.
— Toma filho, vai dar dinheiro pros amiguinhos! – Falo pegando um bolo de dinheiro e dando para o Davi.
— Meu Deus mãe! – Davi diz rindo e correndo ali.
Já tinha uma pequena aglomeração ali que não demorou nem 10 minutos para se tornar uma fila.
— Faz fila indiana gente, tem dinheiro pra todo mundo! – Luanny diz e eu entrego o dinheiro pra senhora.
— Deus te abençoe minha filha! – Ela diz agradecida e eu sorri.
— Vai ter que abençoar muito mesmo pq quando o Dinho descobrir que você tá distribuindo dinheiro pra favela ele vai te matar! – Tomás diz do meu lado e eu empurro ele.
Não sei quanto tempo e nem quanto de dinheiro eu já tinha distribuído porém cada um faz a merda de um jeito.
Ele faz a merda me traindo e eu dou o dinheiro dele pra favela toda!
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Gabriella dando uma de Silvio Santos haaha.
Estão gostando da história??
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Gabriella | Reticências.
Fanfiction🥇 1º lugar como Fiel 📍Rj, Complexo da Penha. Sempre haverá um novo dia, novos sorrisos, novos sonhos, novos amores, tudo se reconstrói, até mesmo as partes que achávamos que nunca seriam reintegradas, esse é o mistério da vida. Enquanto existe vid...